Bloomberg — A mais nova tendência em investimentos alternativos é tentar se parecer com a holding de Warren Buffett, a Berkshire Hathaway.
Os CEOs da KKR & Co., da Brookfield Asset Management e da Pershing Square Capital Management divulgaram aspectos do modelo de investimento da Berkshire, que se concentra em receber dinheiro por meio de participações em seguros e usá-lo para comprar e manter empresas a longo prazo.
Essa estratégia levou a uma série de várias décadas de retornos superiores aos do mercado e ajudou a transformar Buffett em um nome conhecido e respeitado globalmente.
Joe Bae, co-CEO da KKR, citou várias vezes a Berkshire como a inspiração por trás da decisão da empresa com sede em Nova York de criar sua unidade Strategic Holdings para manter apostas de longo prazo, ideia que ele reiterou na quarta-feira (6) na conferência Bloomberg Invest, em Nova York.
“O que estamos tentando construir na Strategic Holdings é, de certa forma, uma mini-Berkshire Hathaway”, disse Bae.
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O CEO da Brookfield Asset, Bruce Flatt, disse que seu negócio de seguros pode, em última instância, ser o proprietário do restante de suas operações, em um movimento que também imitaria a Berkshire.
No ano passado, o proeminente gestor de fundos hedge, Bill Ackman, invocou o modelo da Berkshire quando estava em road show para promover o IPO (oferta pública inicial) da Pershing Square USA.
Bae, da KKR, disse que a empresa pretende expandir sua unidade de Participações Estratégicas para além de seu portfólio atual de 18 investimentos em private equity, para infraestrutura e ativos reais.
Embora seja uma fração dos negócios da KKR atualmente, a Strategic Holdings é uma parte fundamental do plano da empresa de mais do que quadruplicar os lucros por ação nos próximos 10 anos.
Os gestores de ativos alternativos começaram a comprar e a construir companhias de seguros que podem gerar uma fonte constante de capital para os investimentos privados que estruturam.
A Apollo Global Management., a KKR e a Brookfield têm empresas de seguro de vida em seus balanços patrimoniais, enquanto empresas como a Blackstone têm buscado parcerias de gestão de investimentos.
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O “ingrediente especial” da Brookfield no negócio de seguros é que a controladora Brookfield Corp. possui cerca de US$ 150 bilhões em capital, disse Flatt. A empresa investiu quase US$ 20 bilhões no patrimônio da unidade de seguros, a Brookfield Wealth Solutions, e espera continuar a desenvolvê-la nos próximos dez anos.
Os mercados privados também foram um tema de destaque das discussões da Bloomberg Invest.
Anne-Marie Fink, do conselho de investimentos do estado de Wisconsin, disse que gosta de ativos privados no longo prazo, enquanto Steven Meier, CIO dos sistemas de aposentadoria da cidade de Nova York, disse que está aumentando sua exposição a investimentos alternativos de 25% para 35%.
Mas a CIO do Soros Fund Management, Dawn Fitzpatrick, adotou uma visão contrária, dizendo que acha que os investidores dos mercados privados estão em um "mundo de dor" devido aos baixos retornos e à falta de liquidez.

Impactos das tarifas comerciais
Outros temas tiveram destaque no evento de dois dias da Bloomberg Invest, com os mercados oscilando depois que o presidente Donald Trump impôs taxas de 25% sobre a maioria das importações canadenses e mexicanas e aumentou a taxa sobre a China para 20%.
Posteriormente, ele voltou a conceder um prazo de cerca de um mês de isenção para Canadá e México.
Os palestrantes ofereceram visões nitidamente opostas sobre o impacto potencial das tarifas e a duração da guerra comercial, além de discutirem o potencial da Inteligência Artificial (IA), os méritos do mercado privado em relação ao público e os melhores lugares para investir no momento.
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Na quarta-feira, Trump disse que isentaria as montadoras de automóveis - leia-se GM, Stellantis e Ford - por um mês. Muitos participantes do painel disseram que a incerteza em torno das tarifas poderia pesar sobre os mercados e fazer com que os consumidores ficassem mais cautelosos.
Tom Wagner, da Knighthead Capital, disse acreditar que qualquer impacto será de curta duração. O ex-secretário do Tesouro dos EUA no primeiro governo Trump, Steve Mnuchin, por sua vez, disse que gosta da ideia de uma tarifa geral de 10% sobre produtos importados.
A crítica mais contundente, por outro lado, veio de Robert Rubin, que foi secretário do Tesouro de Bill Clinton. Ele disse que o que Trump está fazendo corre o risco de minar a estrutura econômica global estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, que foi construída em torno da redução das barreiras comerciais para melhorar os meios de subsistência das pessoas.
"Passamos todos esses anos desde a Segunda Guerra Mundial desenvolvendo alianças e aliados, apoiados por todos os tipos de compromissos", disse Rubin. Tudo isso foi "em prol de nossos interesses econômicos e geopolíticos, e acho que estamos colocando tudo isso em risco".
-- Com a colaboração de Layan Odeh e Siddharth Philip.
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