JPMorgan capta US$ 60 bilhões em gestão de fortunas na América Latina

Em entrevista à Bloomberg News, Edinardo Figueiredo, CEO do JPMorgan Private Bank para LatAm, revelou a captação em quatro anos e afirmou que esse movimento deve continuar

Vista da av. Faria Lima, em São Paulo
Por Cristiane Lucchesi
21 de Fevereiro, 2025 | 02:10 PM

Bloomberg — O private bank do JPMorgan capturou US$ 60 bilhões em recursos sob gestão de clientes latino-americanos ricos nos últimos quatro anos em meio à busca de mais investimentos offshore, principalmente de mexicanos.

A alta forte nas bolsas dos Estados Unidos também ajudou a aumentar o total de fortunas sob gestão para clientes da região em um período mais curto, de US$ 180 bilhões em abril de 2023 para US$ 220 bilhões, de acordo com Edinardo Figueiredo, CEO para América Latina e grupo de famílias globais do JPMorgan Private Bank. Os clientes mexicanos respondem por US$ 85 bilhões do total.

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“Nós crescemos bastante e esperamos que esse movimento continue”, disse Figueiredo em entrevista à Bloomberg News.

Mas o executivo acrescentou que este ano deve ser “morno”, devido ao crescimento econômico mais lento na região e à falta de “eventos de liquidez” — transações que liberam dinheiro para investimentos, como a venda de participações de acionistas controladores em uma oferta pública inicial.

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O JPMorgan, que vendeu todos os seus negócios de private banking onshore na América Latina recentemente, agora se concentra em clientes com mais de US$ 5 milhões para investir fora da região.

O banco tem escritórios em Miami, Nova York, Houston e Genebra. O escritório de Miami cresceu mais do que os outros e agora é o maior e representa 56% da receita da região, disse Figueiredo.

Com 550 funcionários, o private bank para América Latina planeja contratar mais 40 pessoas em 2025.

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“No ano passado, tivemos o México crescendo bastante, com clientes de lá usando os Estados Unidos cada vez mais como uma plataforma de diversificação”, disse Alexandre Zanuto, chefe de investimento e assessoria para o Brasil no JPMorgan Private Bank.

Por outro lado, a riqueza sob gestão dos brasileiros, “que tradicionalmente tendem a pensar mais localmente”, aumentou muito menos, pois alguns até reduziram seus investimentos em dólar para comprar títulos isentos de impostos no mercado doméstico, disse ele.

Os executivos do JPMorgan esperavam que as reformas que entraram em vigor no ano passado, que aumentaram a carga tributária sobre fundos exclusivos para brasileiros ricos, persuadiriam esses clientes a diversificar mais, beneficiando os investimentos offshore.

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Mas isso não aconteceu, “pelo menos inicialmente”, disse Zanuto.

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O banco estima que os mexicanos ricos têm cerca de 80% de seus investimentos no exterior, enquanto para os brasileiros esse número é inferior a 30%, o que cria muitas oportunidades de diversificação. Os chilenos também investem a maior parte de suas fortunas em mercados locais, de acordo com o JPMorgan.

“No ano passado, os Estados Unidos foram o lugar onde os investidores globais olharam para poder investir, com o S&P 500 quebrando vários recordes”, disse Figueiredo. “E o banco espera que esse bom momento no mercado de ações americano continue neste ano.”

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