Para onde vai o dólar? Cenário de fim de guerra na Ucrânia é fato novo no mercado

Iniciativa de Donald Trump para encerrar a guerra que se aproxima de três anos deve alimentar apetite por ativos de risco, o que tende a favorecer moedas de economias emergentes

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Bloomberg — O dólar se enfraqueceu em relação à maioria das principais moedas nesta semana diante de perspectivas de um fim da guerra na Ucrânia, o que impulsiona o apetite por ativos mais arriscados.

O euro e as moedas do Leste Europeu estavam entre as que lideraram o rali contra o dólar na quinta-feira (13), enquanto as ações europeias subiram.

O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordou em um telefonema com seu colega russo, Vladimir Putin, em iniciar negociações para encerrar a guerra, uma mudança em relação à política anterior dos EUA sob o comando de Joe Biden.

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O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, também apresentou um acordo de parceria econômica ao presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy durante uma visita a Kiev.

“Esperanças de uma trégua Rússia-Ucrânia alimentam vibrações positivas após a conversa de Trump com Putin”, disse Rodrigo Catril, estrategista sênior de câmbio do National Australia Bank, em Sydney. “Uma trégua Rússia-Ucrânia oferece o potencial para uma ruptura para cima” no euro, afirmou ele.

O euro subiu até 0,6% para US$ 1,0440, a caminho do terceiro dia de ganhos na quinta — a sua mais longa sequência de alta neste ano. No mercado de opções, o sentimento de curto prazo mudou de negativo para neutro, com os operadores apostando principalmente em novos ganhos.

Os hedge funds têm desfeito a exposição otimista no dólar versus a moeda comum europeia, de acordo com operadores baseados na Europa e familiarizados com as transações, que pediram anonimato por não estarem autorizados a falar publicamente.

Um indicador do dólar caiu até 0,3% antes de reduzir a queda. O euro tem sido pressionado recentemente pelo Banco Central Europeu, que segue com cortes nas taxas de juros, enquanto o Federal Reserve faz uma pausa.

Embora a diferença entre as taxas europeias e americanas no curto prazo possa não funcionar a favor do euro, há mais espaço para os rendimentos dos títulos de longo prazo convergirem, escreveram em uma nota estrategistas do Morgan Stanley, incluindo David Adams.

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Mesmo uma convergência parcial nos rendimentos dos títulos de 10 anos poderia ajudar a empurrar o euro para a meta do banco americano de US$ 1,08, acrescentaram os estrategistas.

A mudança no sentimento do investidor também impulsionou ganhos em moedas asiáticas, com o yuan offshore subindo até 0,4% em relação ao dólar, alcançando o maior nível em uma semana.

O movimento do dólar “foi desencadeado pela compra de euros e, em seguida, paradas acionadas em outras posições compradas em dólar dos EUA — com o dólar-yuan offshore, por exemplo, que caiu abaixo de 7,30”, disse Alvin Tan, chefe de estratégia de câmbio para a Ásia na RBC Capital Markets, em Singapura.

“Há também um elemento de risco na mudança”, acrescentou Tan.

-- Com a colaboração de Betty Hou.

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