Bloomberg — Com uma enxurrada de promoções, o Goldman Sachs deu destaque a 17 executivos neste mês, colocando alguns deles no topo de negócios importantes e adicionando-os ao prestigioso comitê de gestão da empresa.
A mensagem pretendida: esta é a próxima geração de líderes.
No entanto apenas três são mulheres – e apenas uma em cargo com geração de receitas.
Esse não era o tipo de resultado previsto para meados da década de 2020 quando David Solomon se tornou CEO, há mais de seis anos. Ele enfatizou seu compromisso de abordar a diferença entre gêneros em Wall Street ao passar seu primeiro dia de trabalho em uma reunião de cúpula para mulheres na liderança de negócios.
Mas, desde então, a sub-representação das mulheres continua sendo um ponto sensível em sua empresa.
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No início do ano passado, Beth Hammack, que já foi considerada uma possível CFO, saiu da empresa. Mais tarde, ela assumiu o controle do Federal Reserve Bank de Cleveland e agora é considerada candidata à presidência do Fed.
Em novembro, o Goldman promoveu o maior grupo de mulheres de todos os tempos ao seu cargo mais sênior, o de sócia. Porém, como a turma mais ampla era tão grande, elas representavam uma proporção menor do grupo – apenas 27% – do que na rodada anterior, dois anos antes.
Os últimos movimentos do Goldman, anunciados na terça-feira (21), abalaram a divisão de bancos e mercados. Isso incluiu a nomeação da negociadora de tecnologia e mídia Kim Posnett como uma das três novas codiretoras globais de seus negócios de banco de investimento. A posição no topo de uma franquia tão dominante consolida seu status como uma das mulheres mais experientes de Wall Street.
O Goldman também nomeou seis homens para liderar as negociações de ações e de renda fixa, e mais dois para lidar com a cobertura de clientes em negociações. E, em uma reformulação na semana passada, nomeou dois homens para chefiar um grupo recém-formado de soluções de capital.
Essas e outras nomeações significam que, em menos de duas semanas, o Goldman quase dobrou seu comitê de gestão de 24 para 41 pessoas – um aumento que também corre o risco de diluir a voz de cada pessoa, em vez de capacitar os novos recrutas.
Agora há nove mulheres no grupo de elite, em vez de seis.
“Quase um quarto dos membros do Comitê de Gestão é composto por mulheres, e este ano tivemos a maior turma de sócias de todos os tempos”, disse a porta-voz do Goldman Sachs, Jennifer Zuccarelli, em um comunicado enviado por e-mail. “Continuaremos a nos concentrar em elevar nossos funcionários mais talentosos.”
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As duas outras mulheres que se juntam ao comitê são Kathleen Connolly, diretora global de auditoria interna, e Marie Louise Kirk, diretora administrativa da região Ásia-Pacífico. Ambas já ocupavam esses cargos, que ajudam a impulsionar as operações e a economia de eficiência em todo o banco, mas raramente abrem caminho para alcançar os cargos mais altos.
“Insinuar que existe um sistema de duas classes de mulheres sênior é ofensivo”, disse Zuccarelli.
A elevação de tantos homens ao topo dos motores de lucro do Goldman significa que a representação das mulheres no comitê diminuiu de 25% para 22%.
No restante do setor, a situação não é muito melhor.
O rival JPMorgan é o que mais se aproxima da paridade no nível sênior, onde as mulheres representam 47% de seu comitê operacional, conforme mostra seu site. No Bank of America, a equipe executiva é composta por 29% de mulheres. No Morgan Stanley, as mulheres constituem 25% do comitê operacional. E no Citigroup – o único grande banco dos Estados Unidos a ter uma CEO mulher – elas são 17% da equipe de gerência executiva.
Em empresas de gestão de ativos como a Apollo Global Management e a Blackstone (BX), com as quais o Goldman se compara cada vez mais, as proporções são ainda menores do que o padrão do setor bancário.
Em todo setor corporativo dos EUA, de forma mais ampla, as mulheres representam 29% dos cargos de diretoria executiva, em comparação com 17% em 2015, de acordo com uma pesquisa de empresas realizada em 2024 pela LeanIn.org e pela McKinsey. Isso ocorre apesar dos benefícios financeiros observados para a diversificação das empresas. As empresas de mercados desenvolvidos que lideram em diversidade superaram as retardatárias em 2% a 5% desde 2018 em uma base anual, de acordo com a Bloomberg Intelligence.
No Goldman, a escassez de mulheres no topo dos negócios geradores de receita contribuiu para seu status cada vez mais raro entre os maiores bancos dos EUA: o banco nunca teve uma mulher como CEO, presidente do conselho, presidente ou CFO.
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Esforços de diversidade
Tudo isso ecoa o que as mulheres de Wall Street vêm dizendo há anos sobre a desigualdade dentro do setor – mesmo quando os bancos se comprometeram a melhorar e procuraram aumentar a diversidade além do gênero.
Há sinais de que a linha de produção do Goldman está se diversificando lentamente. A classe mais recente de promoções para diretor administrativo, em 2023, teve a maior porcentagem de mulheres na história da empresa – 31%.
Bancos como o Goldman e o JPMorgan também enfrentam pressões vindas de outra direção. Ativistas de direita estão pressionando para que eles reduzam ou eliminem seus esforços de diversidade, informou o Wall Street Journal na quarta-feira (22).
No comando do Goldman, Solomon fez várias promessas públicas para promover as mulheres e melhorar a inclusão, dizendo ao Congresso dos EUA em abril de 2019 que uma “parte essencial” de seu mandato de CEO seria definida por esse progresso. No início de 2023, seu banco concordou em pagar US$ 215 milhões para pôr fim a uma ação coletiva de longa duração que acusava o banco de remunerar mal as mulheres.
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