Este executivo do JPMorgan teve a unidade rebaixada. Agora é um dos candidatos a CEO

Doug Petno, co-head de banco comercial e de investimento, se juntou à seleta lista de potenciais sucessores de Jamie Dimon após mudanças na liderança do maior banco de Wall Street

Doug Petno, JPMorgan
Por Hannah Levitt
18 de Janeiro, 2025 | 06:15 AM

Bloomberg — Apenas um ano atrás, Doug Petno sofreu uma aparente humilhação em Wall Street, quando a unidade que comandava foi “rebaixada”.

Em um minuto, Petno liderava uma das quatro linhas de negócios do JPMorgan Chase, a de banco comercial. No seguinte, sua divisão foi incorporada a outra, e ele passou a se reportar a um par de executivos em ascensão posicionados para potencialmente suceder o CEO, Jamie Dimon, quando ele um dia se aposentar.

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Mas, nesta semana, a sorte de Petno mudou novamente. O executivo de voz de barítono, conhecido por sua facilidade em lidar com clientes corporativos — e um dos membros mais antigos do círculo íntimo de Dimon —, juntou-se à lista em constante evolução de potenciais futuros CEOs do gigante de Wall Street.

Dimon nomeou Petno como co-head de banco comercial e de investimento do JPMorgan na terça-feira (14). Ele assumiu o cargo deixado por Jenn Piepszak, que se tornou Chief Operating Officer (COO), mas imediatamente se auto-excluiu como sucessora de Dimon.

Isso faz de Petno, de 59 anos, o novo azarão entre três principais candidatos a CEO, uma lista que também inclui seu co-head, Troy Rohrbaugh, e Marianne Lake, que administra a unidade de consumo.

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Embora parecesse para o mundo exterior que Petno tenha sido deixado de lado no ano passado, sua estrela nunca diminuiu dentro do banco sediado em Nova York.

Era o plano de Dimon há muito tempo combinar as unidades, e ele pediu a ajuda de Petno. Mesmo depois que Petno deixou de se reportar diretamente ao CEO, ele permaneceu no comitê operacional e rapidamente conseguiu um cargo maior dentro da unidade combinada.

“Ele é ótimo com clientes e um portador da cultura da empresa — construiu um ótimo negócio no banco comercial, incluindo a parceria de banco de investimento,” disse Dimon em uma entrevista na sexta-feira (17). “Ele também tem um ótimo senso de humor — um dos melhores no OC [comitê operacional].”

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Petno dirigiu o banco comercial por mais de uma década, mais que dobrando sua receita — uma taxa de crescimento mais rápida do que a desfrutada pelo JPMorgan como um todo.

A unidade faturou US$ 6,4 bilhões em 2011, o ano antes de Petno assumir. Em 2023, o último ano como negócio separado, esse número havia aumentado para US$ 15,5 bilhões. A receita total da empresa para o mesmo período cresceu 63%.

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A sucessão

A questão da sucessão paira sobre o JPMorgan, que Dimon construiu como o maior e mais valioso banco dos Estados Unidos em suas quase duas décadas como CEO.

Houve muitas modificações na lista de prováveis candidatos ao longo dos anos, até que esses executivos seguiram em frente. No início deste mês, Dimon disse que não sabe quem o sucederá. Na última semana ele disse que seu plano base é ficar por mais alguns anos, e que os investidores conhecem a maioria dos candidatos para sucedê-lo, mas “talvez haja um ou dois que você não conhece.”

Agora Petno — junto com Rohrbaugh, que subiu na hierarquia por meio da área de trading do banco para se tornar co-head do banco comercial e de investimento no ano passado — supervisionará uma divisão que é maior que todo o Goldman Sachs.

Petno começou sua carreira no JPMorgan (JPM) há mais de 30 anos como banqueiro de investimento, e avançou nesse negócio para dirigir o grupo de recursos naturais, assessorando uma lista de clientes que incluía a Exxon Mobil.

Leia mais: No JPMorgan, trading de renda fixa é a estrela do resultado, mas Dimon faz alerta

Em 2010, Petno foi escolhido por Dimon e Todd Maclin para suceder Maclin como chefe do banco comercial. Petno mudou-se para essa divisão primeiro como Chief Operating Officer, depois assumiu as rédeas no início de 2012.

Dimon atribuiu a Petno uma iniciativa-chave de crescimento: expandir as ofertas de banco de investimento para clientes de médio porte.

Receita recorde

Na primeira carta anual de Dimon aos acionistas como CEO do JPMorgan em março de 2006, ele escreveu sobre a “conexão natural” entre o banco comercial da empresa e seu banco de investimento.

No ano anterior, o JPMorgan gerou “centenas de milhões” em receita oferecendo serviços de assessoria em ofertas de ações e emissões e consultoria para clientes do banco comercial. Dimon buscou dobrar isso em poucos anos.

Em 2011, a iniciativa alcançou uma receita recorde de US$ 1,4 bilhão. Em 2023, isso havia mais que dobrado, para US$ 3,4 bilhões. Nos anos intermediários, os concorrentes seguiram o exemplo, buscando negócios menores em todos os EUA.

Mais recentemente, Dimon confiou a Petno outra grande oportunidade: transformar o JPMorgan no banco preferido para startups, seus fundadores e seus investidores de venture capital.

Após a quebra do Silicon Valley Bank há quase dois anos, seguida pelo rival local First Republic Bank logo depois, Dimon lançou um esforço para preencher o vazio deixado por essas empresas.

O JPMorgan adquiriu o First Republic em um acordo liderado pelo governo após o resgate do banco e contratou alguns dos principais banqueiros do SVB. Mais da metade dos depósitos que deixaram o SVB durante seu colapso chegaram ao JPMorgan sem solicitação, informou a Bloomberg News em 2023.

Petno e sua equipe buscaram converter esses depositantes em clientes permanentes, para então fornecer-lhes uma variedade de serviços financeiros conforme seus negócios e seu patrimônio se expandem.

O esforço também se liga ao lado do banco de investimento: ser a empresa preferida para startups daria ao JPMorgan uma vantagem em conseguir cobiçadas ofertas públicas iniciais (IPOs).

No ano passado, um mês depois que Petno foi designado para se reportar a Rohrbaugh e Piepszak, ele recebeu uma responsabilidade muito maior que incluía também essa parte da empresa.

Petno foi nomeado co-head do banco global ao lado de Filippo Gori, supervisionando o banco comercial e corporativo, bem como o negócio de banco de investimento que inclui coordenação de operações de ações e títulos e assessoria em fusões e aquisições.

Para Petno, foi algo como um retorno ao mundo do banco de investimento em que ele cresceu.

O grupo conquistou uma vitória nesta semana quando relatou resultados do quarto trimestre que incluíam receita de assessoria superior à do rival Goldman. Foi a segunda vez em quatro trimestres que os executivos de deals do JPMorgan superaram os do Goldman pelo primeiro lugar — um feito historicamente raro.

Subordinados leais

Durante mais de uma década no topo do banco comercial, Petno construiu um grupo de subordinados diretos leais, incluindo John Simmons, que sucederá Petno como co-head do banco global.

Por outro lado, ele e Daniel Pinto, o presidente do JPMorgan que está de saída - em 2026 -, nem sempre concordavam, segundo pessoas com conhecimento do assunto ouvidas pela Bloomberg News, embora uma delas tenha atribuído essa dinâmica a uma tensão natural entre os bancos de investimento e comercial, dados seus interesses sobrepostos.

Para começar o novo ano, Petno e Gori levaram subordinados em uma viagem pelos Estados Unidos para se encontrar com clientes. Petno estava por trás do plano, que ele modelou após o tour anual de ônibus de Dimon (embora Petno e sua equipe tenham pulado o ônibus), enquanto ele buscava iniciar o que se espera ser um grande ano de banco de investimento com uma maratona de reuniões com clientes.

Petno então foi para San Francisco, onde o JPMorgan realizou sua conferência anual de saúde — e estava lá quando sua promoção foi anunciada. No dia seguinte, o JPMorgan divulgou o balanço trimestral.

A unidade que Petno está assumindo alcançou receita anual recorde tanto no geral quanto em três de suas quatro divisões: pagamentos, mercados e serviços de valores mobiliários.

A intensidade que Petno traz ao trabalho também aparece em outros aspectos de sua vida. Ele é um entusiasta do fitness que ocasionalmente participa de aulas no Barry’s Bootcamp — um cliente do JPMorgan.

-- Com a colaboração de David Scheer.

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