Disparidade salarial entre gêneros cresce em bancos da Europa e acende alerta

Em 2023, as mulheres europeias recebiam, em média, 36% menos do que os homens em diretorias de administração de bancos, seguradoras e gestores de ativos. Em 2019, a disparidade era de 31%

Setor financeiro europeu tenta cumprir o prazo de junho de 2026 para atingir 40% de representação feminina em suas diretorias e 33% em cargos executivos e não executivos
Por Katherine Griffiths
12 de Janeiro, 2025 | 01:00 PM

Bloomberg — A diferença salarial entre os gêneros está aumentando para os membros não executivos de diretorias de administração da Europa no setor de serviços financeiros, apesar de um esforço para recrutar mais mulheres para funções seniores.

Em 2023, as mulheres receberam, em média, 36% menos do que os homens nas diretorias de bancos, seguradoras e gestores de ativos. Quatro anos antes, em 2019, a diferença era de 31% em 2019, de acordo com a análise da consultoria EY.

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A remuneração de homens e mulheres nos conselhos de administração avançou durante esse período, mas foi mais rápida para os homens, segundo o estudo.

O aumento da diferença salarial é um “sinal de alerta”, de acordo com Kate Grussing, diretora administrativa da Sapphire Partners, empresa de headhunting especializada em encontrar candidatos diversificados para ocupar cargos seniores. As razões para essa disparidade são complexas.

Entre os motivos, de acordo com Grussing, está o fato das mulheres serem colocadas com mais frequência em cargos menos importantes de membros do conselho. E ainda que os diretores do sexo masculino têm mais experiência em C-Suite do que suas contrapartes do sexo feminino quando são indicados para um cargo no conselho, de acordo com Omar Ali, Líder Global de Serviços Financeiros da EY. Os homens também têm mais probabilidade de serem escolhidos para vários cargos em comitês.

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Os conselhos de administração "precisam estar atentos às discrepâncias salariais que podem resultar, por exemplo, se as mulheres ocuparem predominantemente as funções de presidente de comitê que são consideradas mais leves", disse Grussing.

Longe da meta

A divulgação dos dados ocorre no momento em que as empresas da União Europeia correm para cumprir o prazo de junho de 2026 para atingir 40% de representação feminina em suas diretorias e 33% em cargos executivos e não executivos. A regra - estabelecida pela Comissão Europeia em 2022 - exige que as grandes empresas públicas alcancem o objetivo, com possíveis penalidades impostas àquelas que não o fizerem.

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No momento, 28% das empresas europeias de serviços financeiros analisadas pela EY não atingiram a meta.

As mulheres recebem menos quando atuam em comitês do conselho, como os de auditoria e nomeação. Quando presidem os comitês, ganham metade do que os colegas homens recebem e, na posição de membros dos comitês, 75% em comparação com que ocupa essas funções do sexo masculino.

O último European Financial Services Boardroom Monitor da EY mede dados salariais de 2023 - os mais recentes disponíveis - em quase 90 empresas na Europa, incluindo o Reino Unido.

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Tara Cemlyn-Jones, ex-banqueira de investimentos que lidera o 25x25, um grupo de defesa da liderança feminina com sede em Londres, formado para ajudar a aumentar o nível de talentos femininos no topo das empresas britânicas, disse que não há um número suficiente de mulheres sendo nomeadas para cargos executivos, o que cria uma deficiência percebida em sua experiência nas seleções para cargos não executivos mais seniores.

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A diferença salarial entre os não executivos é "decepcionante e surpreendente", quase uma década após o lançamento da revisão feita por Philip Hampton e Helen Alexander para que mais mulheres assumissem cargos de liderança nas empresas, disse Cemlyn-Jones.

Enquanto isso, nos EUA e no Canadá, a diferença entre a remuneração de homens e mulheres na diretoria diminuiu em 2023 em relação a 2019, passando de 7% para 5%, segundo a EY. As mulheres também ganharam quase tanto quanto os homens quando foram nomeadas presidentes ou membros de comitês do conselho na América do Norte.

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