Bancos de Wall St devem fechar 200 mil vagas com avanço da IA, aponta instituto

Pesquisa da Bloomberg Intelligence com 93 diretores de tecnologia do setor indica que executivos esperam uma redução de 3% da força de trabalho nos próximos três a cinco anos

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Bloomberg — Bancos globais de Wall Street vão cortar cerca de 200.000 empregos nos próximos três a cinco anos, à medida que a inteligência artificial assume tarefas atualmente realizadas por trabalhadores humanos, de acordo com a Bloomberg Intelligence (BI).

Diretores de tecnologia e informação entrevistados pela BI indicaram que, em média, esperam uma redução líquida de 3% em suas forças de trabalho, conforme um relatório publicado nesta quinta-feira (9).

Backoffice, middle office e operações provavelmente estarão em maior risco, de acordo com Tomasz Noetzel, analista sênior da BI que escreveu o relatório.

Serviços ao cliente podem ser impactados com bots (robôs virtuais) gerenciando funções com clientes, enquanto atividades como “conheça seu cliente” (know-your-customer) também são vulneráveis.

“Qualquer trabalho que envolva tarefas rotineiras e repetitivas está em risco”, disse ele. “Mas a IA não irá eliminá-los completamente, mas levará à transformação da força de trabalho.”

Quase um quarto dos 93 entrevistados prevê uma queda mais acentuada, entre 5% e 10% do total de funcionários. O grupo analisado pela BI inclui Citigroup, JPMorgan e Goldman Sachs.

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As descobertas apontam para mudanças de longo-alcance no setor, contribuindo para o aumento dos lucros.

Em 2027, os bancos poderiam ver seus lucros antes de impostos entre 12% e 17% maiores do que seriam sem essas mudanças — adicionando até US$ 180 bilhões ao seu resultado final combinado — conforme a IA estimula um aumento na produtividade, segundo a BI.

Oito em cada dez entrevistados esperam que a IA generativa aumente a produtividade e a geração de receita em pelo menos 5% nos próximos três a cinco anos.

Os bancos, que passaram anos modernizando seus sistemas de TI para acelerar processos e reduzir custos após a crise financeira, têm aderido à nova geração de ferramentas de IA que podem melhorar ainda mais a produtividade.

O Citi (C) afirmou em um relatório de junho que a IA provavelmente deslocará mais empregos no setor bancário do que em qualquer outro. Cerca de 54% dos empregos no setor bancário têm um alto potencial de automação, disse o Citi na época.

Ainda assim, muitas empresas enfatizam que a mudança resultará na transformação das funções por meio da tecnologia, em vez de substituí-las completamente.

Teresa Heitsenrether, responsável pelos esforços de IA do JPMorgan (JPM), disse em novembro que a adoção da IA generativa pelo banco, até o momento, estava aumentando os empregos.

Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, disse à Bloomberg TV em 2023 que a IA provavelmente trará melhorias dramáticas na qualidade de vida dos trabalhadores, mesmo que elimine algumas posições.

“Seus filhos viverão até os 100 anos e não terão câncer por causa da tecnologia,” disse Dimon na época. “E, literalmente, eles provavelmente trabalharão três dias e meio por semana”, destacou o CEO.

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