Bloomberg — O movimento de valorização do dólar contra o real visto no final do ano passado está completo, avalia o gestor do fundo Komodo, da Itaú Asset, Ryan Takemoto.
Segundo ele, do ponto de vista técnico, o mercado agora está neutro agora em relação à moeda brasileira. “Os nossos indicadores de posicionamento, bem como o sentimento anedótico dos investidores, se tornaram mais negativos, o que acreditamos que, na margem, reforça o apelo de possuir uma posição neutra”, disse Takemoto.
O dólar disparou 13% nos últimos três meses de 2024 e bateu recorde histórico intradiário a R$ 6,3156, em 18 de dezembro, em função da frustração do mercado financeiro com as medidas de contenção de despesas apresentadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — e que ainda sofreram desidratação no Congresso. O real figurou entre as divisas de pior desempenho no ano.
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O fundo liderado por Takemoto, que detém R$ 2,7 bilhões em ativos sob gestão, não tem nenhuma alocação de risco relacionada aos ativos locais. O foco está principalmente nos mercados de juros de outros países emergentes.
Para o gestor, que tem passagem pela BlueCrest, o comportamento do mercado brasileiro é “atípico”, dado a dinâmica recente da curva de juros e o atual nível de prêmio de risco embutido nos mercados locais.
A forma com que os ativos domésticos operam no momento “é tão desconectada do resto do mundo que, por ora, nossa estrutura não é a mais apropriada para este mercado”, afirmou Takemoto.
Embora avalie que as preocupações fiscais continuem sendo uma questão global, a situação do Brasil “parece se destacar”, disse o gestor.
Além disso, o real, que poderia ser um “excelente candidato” para alocação em um mundo de volatilidade decrescente, parece ter fatores específicos que se sobrepõem às métricas de mais tradicionais de precificação, disse Takemoto.
Apostas
O Komodo tem as maiores exposições em juros no México e Polônia. O fundo possui ainda visões favoráveis com Egito e Nigéria, países em que também detém posições.
A curva de juros americana está “justa”, enquanto as taxas europeias aparentam estar baixas, mas com “significativos riscos de queda”, disse o gestor.
Em um mundo de altos déficits fiscais, como na Europa, nos EUA e em muitos países da América Latina, ele afirmou que África do Sul e República Tcheca apresentam um lado positivo.
O Komodo foi lançado em setembro de 2024 e integra a estrutura do multimesas da Itaú Asset.
O multimesas da gestora está estruturado com 15 ‘pods’, como são conhecidas as células de gestão dessa estrutura, e detém aproximadamente R$ 80 bilhões sob gestão.
-- Reportagem da Bloomberg atualizada para incluir informações sobre multimesas da Itaú Asset no último parágrafo. Versão anterior foi corrigida para dizer que o fundo Komodo integra a estrutura multimesas e não a família de fundos Global Dinâmico da Itaú Asset.
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