Bloomberg — Emissores de fundos negociados em bolsa, os ETFs, têm encontrado maneiras cada vez mais criativas — e potencialmente mais arriscadas — de atrair investidores para a febre das criptomoedas.
Documentos que cobrem uma variedade de ofertas inovadoras foram protocolados na Securities and Exchange Commission dos EUA (SEC), equivalente à CVM brasileira, no final de 2024.
Entre os produtos propostos está um ETF da ProShares que denominaria o retorno do S&P 500 em bitcoin. Fundos planejados pela Strive Asset Management e REX Shares ofereceriam exposição a títulos conversíveis emitidos por empresas para comprar bitcoin.
Já a Volatility Shares, uma empresa dedicada a ETFs, planeja tirar do papel fundos inversos e alavancados da Solana, juntamente com um veículo que rastrearia o sexto maior token digital por meio de contratos futuros.
“Essa é a evolução contínua dos lançamentos para incorporar estratégias de criptomoedas aos ETFs. Veremos muitos deles em 2025″, disse Athanasios Psarofagis, da Bloomberg Intelligence.
“É a tendência do momento — os emissores adoram agir quando o tema está ‘quente’. Veremos tudo sobre criptomoedas”, acrescentou ele.
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Os registros na SEC, se aprovados pela nova direção, trariam mais de uma dezena de novos fundos centrados em criptomoedas em 2025, apenas um ano após o início dos primeiros ETFs de bitcoin à vista dos Estados Unidos.
O ano de 2024 foi marcante para o setor de criptomoedas, que viu o bitcoin — o maior ativo digital do mundo em valor de mercado — aumentar mais de 120% em preço para ultrapassar o patamar de US$ 100.000.
O ganho foi impulsionado, em parte, pelo apoio do presidente eleito Donald Trump ao setor. Muitos analistas do mercado apostam que uma postura regulatória mais flexível de seu governo poderia ajudar o segmento das criptomoedas a crescer ainda mais.
O entusiasmo com sua eleição ajudou a impulsionar as entradas líquidas (ingressos menos resgates) anuais para o maior ETF de bitcoin — um fundo da BlackRock — para acima de US$ 37 bilhões no ano, o terceiro maior volume entre todos os fundos, mostraram dados compilados pela Bloomberg.
O fã do bitcoin e cofundador da MicroStrategy, Michael Saylor, também aproveitou a alta nos preços das criptomoedas para redobrar sua tática de comprar o token para as reservas da empresa.
A MicroStrategy tem usado uma combinação de novas ações e vendas de títulos conversíveis para ajudar a financiar as aquisições — e outras empresas possuem planos semelhantes.
De acordo com um dos documentos registrados na SEC, o REX ETF pretende investir a maior parte de seus ativos em títulos conversíveis emitidos por empresas que detêm bitcoin.
Enquanto isso, a Strive propõe lançar um fundo que investe em derivativos, como swaps e opções, para obter exposição a títulos conversíveis emitidos pela MicroStrategy ou outras empresas com estratégias de investimento semelhantes, conforme a documentação protocolada na semana passada.
“É raro que uma nova classe de ativos surja para as massas investidoras, e é isso que as criptomoedas são agora — e Wall Street é sempre ótima em criar oferta quando há demanda”, disse Todd Sohn, estrategista de ETFs na Strategas.
“Essa é a evolução do espectro de ETFs de criptomoedas: baseados em futuros, à vista, temáticos e agora conversíveis, ambos hiper específicos para a MicroStrategy e qualquer outro que se envolva em uma capacidade similar”, acrescentou Sohn.
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