Biden proibirá novas perfurações de petróleo em vasta extensão da costa dos EUA

Presidente deve ordenar a proibição de campos offshore em águas do Atlântico e do Pacífico, bem como no leste do Golfo do México, com o objetivo de proteção ambiental, disseram fonte à Bloomberg News

Plataforma offshore na Califórnia
Por Jennifer Dlouhy
04 de Janeiro, 2025 | 11:26 AM

Bloomberg — O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve ordenar a proibição de novos desenvolvimentos de projetos para exploração de petróleo e gás offshore (em alto-mar) em uma área de cerca de 2,5 milhões de quilômetros quadrados da costa do país, o que inclui descartar a venda de direitos de perfuração em águas dos oceanos Atlântico e Pacífico, bem como no leste do Golfo do México.

A medida, se confirmada, representará um esforço abrangente para proteger permanentemente as águas costeiras — e as comunidades que dependem delas — do desenvolvimento da exploração de combustíveis fósseis e do risco de vazamentos de petróleo.

PUBLICIDADE

Ao mesmo tempo, Biden manterá a porta aberta para novos arrendamentos de petróleo e gás natural nas porções central e ocidental do Golfo do México que foram perfuradas por décadas e atualmente fornecem cerca de 14% da produção do país desses combustíveis, disseram à Bloomberg News pessoas familiarizadas com o assunto que pediram para não serem identificadas porque a decisão ainda não é pública.

Leia mais: Como a eleição de Trump deve impactar a indústria do petróleo na América Latina

A decisão de Biden, que deve ser anunciada na segunda-feira (06), fortalecerá ainda mais suas credenciais climáticas, aprofundando seu histórico de promoção da causa e da energia de emissão zero. Ela se baseia em uma série de movimentos de última hora da Casa Branca para proteger terras e consagrar proteções ambientais antes que o presidente eleito Donald Trump tome posse.

PUBLICIDADE

Os porta-vozes da Casa Branca não responderam imediatamente aos pedidos de comentários feitos fora do horário comercial.

Ao contrário de outras medidas que Biden tomou para restringir o desenvolvimento de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa que impulsionam as mudanças climáticas, esta poderia ter durabilidade longa, complicando a intenção de Trump de reforçar a produção doméstica de petróleo e gás.

Isso porque a proclamação planejada por Biden está enraizada em uma disposição de 72 anos da lei federal que concede aos presidentes americanos amplo poder discricionário para retirar águas dos Estados Unidos do arrendamento de petróleo sem autorizar explicitamente revogações.

PUBLICIDADE

Presidentes de ambos os partidos — incluindo Trump — invocaram o mesmo estatuto para proteger recifes de corais, áreas de alimentação de animais marinhos e outras águas americanas, da Flórida ao Alasca.

Embora os presidentes tenham modificado decisões de antecessores para isentar áreas do arrendamento de petróleo, os tribunais nunca validaram uma reversão completa.

Democratas do Congresso e grupos ambientais pressionaram Biden para maximizar proteções permanentes contra perfuração offshore para salvaguardar comunidades costeiras vulneráveis, proteger ecossistemas marinhos de vazamentos de óleo e combater as mudanças climáticas.

PUBLICIDADE

Alguns ativistas ambientais estavam divididos sobre a melhor abordagem, preocupados que uma declaração muito ampla pudesse colocar em risco uma ferramenta legal que tem sido usada para conservar áreas marinhas especiais desde 1953.

No entanto a proclamação planejada é simultaneamente vigorosa e estratégica — protegendo indefinidamente algumas áreas que políticos republicanos e democratas têm pressionado em conjunto para manter livres de perfuração sem invadir território ativo há muito tempo no Golfo do México, que é uma base da produção de petróleo e gás dos Estados Unidos.

A declaração não afetaria a perfuração e outras atividades em arrendamentos existentes. Ela também mantém um caminho aberto para os legisladores republicanos ordenarem mais vendas de arrendamentos de petróleo do Golfo central e ocidental como uma forma de aumentar a receita que poderia compensar o custo de estender os cortes de impostos.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Por que o barril do petróleo a US$ 50 em 2025 parece mais provável que a US$ 100

Como a ameaça de Trump ao mercado de carros elétricos impulsionou as vendas nos EUA

Biden bloqueia negócio de US$ 14,1 bi para compra da US Steel pela Nippon Steel