Na China, setores financeiro e imobiliário perdem empregos pela primeira vez

Segundo dados do governo divulgados nesta quinta (26), as empresas do setor financeiro tiveram queda de 32% no número de vagas em 2023 em relação aos cinco anos anteriores

Queda desafia tendência de crescimento dos empregos no setor de serviços na China ao longo dos anos
Por Bloomberg News
26 de Dezembro, 2024 | 10:59 AM

Bloomberg — As empresas dos setores financeiro e de real estate da China viram suas forças de trabalho diminuírem nos últimos anos pela primeira vez, refletindo os danos causados pelo colapso do mercado imobiliário e por investigações regulatórias.

O setor financeiro tinha 12,4 milhões de funcionários no final de 2023, uma queda de 32% em relação aos cinco anos anteriores, de acordo com os dados do censo econômico divulgados nesta quinta-feira (26).

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O número de pessoas que trabalham para incorporadoras caiu 27%, para 2,7 milhões de pessoas.

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A queda desafia a tendência de crescimento dos empregos no setor de serviços na China ao longo dos anos.

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As empresas financeiras foram atingidas por uma repressão cada vez maior do governo contra a corrupção, por cortes profundos nos salários e pela redução do número de deals.

O mercado imobiliário sofreu a pior queda da história moderna da China, levando as incorporadoras à inadimplência.

O mercado de trabalho tem sido um dos principais motivos que impedem as pessoas de gastar mais.

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A campanha da China para controlar o setor imobiliário endividado teve consequências drásticas. A partir do segundo semestre de 2021, o país experimentou um rápido declínio nos preços dos imóveis e nas vendas de casas.

Muitas incorporadoras sofreram com a falta de liquidez e a deterioração dos balanços patrimoniais, incluindo a Country Garden Holdings que já foi a maior empresa imobiliária do país.

Em março, o ministro da Habitação, Ni Hong, prometeu que as empresas imobiliárias gravemente insolventes e incapazes de operar deveriam ir à falência ou se reestruturar.

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No passado, o governo chinês preferia as incorporadoras financeiramente sólidas às insolventes ao decidir sua elegibilidade para receber apoio do governo.

Este ano, em vez disso, ele se concentrou em injetar liquidez em projetos residenciais para que os projetos fossem concluídos.

A força de trabalho do setor imobiliário como um todo cresceu 14% durante o período, de acordo com o censo, graças ao aumento no número de empregos de administração de imóveis e em agências de vendas.

O número de trabalhadores em empresas de construção caiu 12%, para 51 milhões de pessoas.

Separadamente, a China também revisou o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, aumentando-o em 2,7%, ou 3,4 trilhões de yuans, com base nos resultados do censo, disse Kang Yi, chefe do National Bureau of Statistics, em uma reunião.

-- Com a colaboração de Emma Dong.

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