Bloomberg — A Affinity Partners, de Jared Kushner, levantou mais US$ 1,5 bilhão da Qatar Investment Authority e da Lunate, gestora de ativos sediada em Abu Dhabi, e estendeu o período de investimento de seu primeiro fundo até 2029.
“Tentamos preventivamente evitar quaisquer conflitos, de modo que não precisamos levantar capital nos próximos quatro anos”, disse Kushner em um episódio do podcast do cofundador da empresa de capital de risco Positive Sum, publicado na sexta-feira (20).
Kushner disse que conversou com investidores sobre a possibilidade de levantar capital adicional em fevereiro e fechou os fundos antes da eleição.
Os investidores gostaram do fato de que a empresa com sede em Miami, fundada em 2021, “foi devagar” durante seus primeiros dois anos, então adicionar mais dois ao seu horizonte de investimento foi “fácil para eles”, acrescentou.
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Os investidores da Affinity concordaram com a prorrogação e os novos compromissos “independentemente do resultado”, disse Kushner, referindo-se à eleição presidencial dos EUA, vencida por seu sogro, Donald Trump, no mês passado.
“Deixei bem claro para eles que, caso Trump fosse eleito, eles não deveriam esperar nada de mim”, disse Kushner, acrescentando que os investidores da Affinity se comprometeram inicialmente em 2021, quando o futuro político de Trump não estava claro.
Durante o primeiro mandato de Trump na Casa Branca, Kushner foi conselheiro sênior e ajudou a intermediar os Acordos de Abraão, um acordo bilateral assinado em 2020 entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, bem como entre Israel e Bahrein.
Seu pai, Charles Kushner, foi perdoado de acusações federais por Trump durante seu primeiro mandato presidencial e será nomeado como o próximo embaixador na França, disse Trump no mês passado.
No episódio do podcast desta sexta-feira, Kushner reconheceu uma carta de outubro escrita por legisladores democratas solicitando uma investigação sobre se ele estava atuando como um agente estrangeiro não registrado para a Arábia Saudita, cujo Fundo de Investimento Público (PIF, na sigla em inglês) é um investidor na Affinity.
"Minha impressão é que não se trata de esforços sérios, pois cumprimos todas as leis e regras e continuaremos a fazê-lo", disse Kushner. "Não há nada que eles tenham levantado que nos preocupe."
Ele disse que a Affinity administra um negócio legítimo e é regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a SEC.
Depois que a SEC realizou seu primeiro exame da Affinity, a empresa de investimentos recebeu uma carta chamada “sem ação” da agência, disse ele, o que significa que a SEC não encontrou problemas durante o exame.
Histórico
Os US$ 1,5 bilhão adicionais do QIA e da Lunate, dois investidores existentes, elevam os ativos sob gestão da Affinity para US$ 4,6 bilhões. A Affinity comprometeu-se a investir mais de US$ 2 bilhões desse total e fez algumas apostas que atualmente são, no papel, lucrativas.
A Affinity concordou em investir na empresa de consultoria tecnológica QXO em julho, a US$ 9,14 por ação, um preço que desde então subiu para US$ 16,12 no fechamento de quinta-feira.
As ações da Phoenix Financial, sediada em Tel Aviv, subiram cerca de 34% desde que a Affinity concordou em investir no início deste ano.
Além disso, a avaliação da startup de tecnologia de fitness EGym, que em julho de 2023 marcou o primeiro investimento europeu da Affinity, ultrapassou US$ 1 bilhão em setembro.
A Affinity também investiu na Zamp (ZAMP3), que opera as redes Burger King e Popeyes no Brasil, e na plataforma de classificados Dubizzle Group, com sede em Dubai.
Kushner disse que a Affinity tem um forte pipeline de negócios e investirá de acordo com seus valores e seguirá todas as leis e regras nos próximos anos, inclusive durante o próximo mandato presidencial de Trump, que começa em janeiro.
O PIF, da Arábia Saudita, o QIA, do Qatar, e o Lunate, de Abu Dhabi, que administram cerca de US$ 105 bilhões em ativos, são os três maiores parceiros limitados da Affinity, disse Kushner no podcast.
Terry Gou, o fundador da Foxconn, também é um investidor da empresa, assim como o próprio Kushner.
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