Ex-CFO do Itaú acusado de infração já começou no Santander na Espanha

Alexsandro Broedel é processado por alegada violação do código de ética do banco e por conflito de interesses na contratação de pareceres; executivo nega e diz que entrará com ação judicial

Agência do Itaú com a nova marca apresentada no ano do seu centenário (Foto: Divulgação)
Por Cristiane Lucchesi
11 de Dezembro, 2024 | 11:01 AM

Bloomberg — O ex-diretor financeiro (CFO) do Itaú Alexsandro Broedel, acusado de ter cometido “atos ilegais” e “grave descumprimento do código de ética” no período em que trabalhou para o maior banco do Brasil, já começou a trabalhar no Santander em Madri, na Espanha.

O executivo assumiu como vice-presidente sênior em fase de transição para se tornar diretor de contabilidade do Santander global no início de 2025, após aprovações regulatórias.

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O Itaú liberou antecipadamente, em 24 de setembro, Broedel do garden leave de seis meses e deixou de pagar o executivo. Essa espécie de quarentena deveria terminar em janeiro.

Broedel, ex-professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor da CVM, agência reguladora do mercado de capitais brasileiro, negou qualquer irregularidade e prometeu ações na Justiça, segundo sua assessoria de imprensa. O Santander não quis comentar.

Leia mais: Itaú acusa ex-CFO de suposto desvio na contratação de pareceres; executivo nega

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O caso Broedel veio a público depois de uma semana que o ex-diretor de marketing (CMO) do Itaú Eduardo Tracanella foi demitido pelo banco, causando tantos rumores entre agências de publicidade que o banco apresentou oficialmente um motivo: uso indevido do cartão de crédito corporativo.

O Itaú nega qualquer relação entre os casos e afirma que são apenas uma coincidência temporal.

Segundo o banco, Broedel havia omitido dos controles internos a informação de que mantinha parceria com o sócio de uma consultoria chamada Care, fornecedora do Itaú, e também que exercia atividades externas como assessor.

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O Itaú disse que Broedel contratou 40 pareceres da Care entre 2019 e 2024, obtendo vantagem em razão de sua posição no banco, e cerca de 16 desses relatórios não foram encontrados, o que poderia indicar que o serviço não foi feito.

O Itaú disse ainda que Broedel teria recebido ilegal e indiretamente, por meio de outra empresa chamada Evam, 40% dos pagamentos feitos do Itaú à Care - um valor de cerca de R$ 4,86 ​​milhões.

O Itaú já informou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e ao Banco Central sobre o caso.

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A CVM disse que abriu uma investigação. O Itaú foi à Justiça e pede R$ 11,46 milhões de indenização.

-- A matéria foi atualizada às 11h10 para corrigir informação sobre o cargo assumido pelo executivo no Santander.

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