Bloomberg — Donald Trump não é alguém que segue convenções, e ele adotou uma abordagem nitidamente “trumpiana” para escolher pessoas a cargos-chave em seu novo governo.
Ele encarregou amigos e aliados de ajudá-lo a avaliar candidatos em potencial, mesmo quando esses próprios aliados estão competindo por nomeações. Ele escolheu pessoas com potenciais conflitos de interesse. E ele abraça a riqueza extrema — muitas vezes vista com suspeita na política — como uma virtude.
Como resultado, a pessoa mais rica a se tornar presidente dos EUA nomeou pelo menos sete bilionários e vários multimilionários para cargos poderosos em sua administração.
Leia também: Trump diz que não tem planos de substituir Powell no Federal Reserve
Esses cargos vão desde secretário adjunto de Defesa (o magnata de private equity Stephen Feinberg) a administrador da NASA (o fundador de fintech e astronauta Jared Isaacman) até embaixador no Reino Unido (o banqueiro de investimentos Warren Stephens). E, claro, ele colocou a pessoa mais rica do mundo, Elon Musk, no comando de seu esforço de corte de custos do governo, junto com o investidor bilionário Vivek Ramaswamy.
O Bloomberg Billionaires Index calculou o patrimônio líquido de 12 dos nomeados mais ricos de Trump, muitos deles pela primeira vez. Juntos, eles somam quase US$ 400 bilhões.
Leia também: Trump nomeia investidor do Vale do Silício como ‘czar’ das criptomoedas e de IA
Elon Musk
Cargo: Diretor do Departamento de Eficiência Governamental
Patrimônio líquido: US$ 376,2 bilhões
Principais fontes de riqueza: Tesla, SpaceX, xAI
A fortuna de Musk disparou desde a eleição, já que investidores apostam que seus laços próximos com a administração o beneficiarão, assim como suas empresas.
O chamado “primeiro amigo” de Trump surgiu na cena política durante a eleição, aparecendo em comícios e doando quase US$ 240 milhões ao America PAC, que ele criou para apoiar o então candidato republicano.
Um possível revés para Musk ocorreu na semana passada, quando um juiz novamente anulou seu pacote de opções de ações da Tesla por considerá-lo excessivo. O conselho da empresa disse que vai recorrer da decisão, mas mesmo sem essas opções, ele ainda seria a pessoa mais rica do mundo.
Leia também: De progressista a conservador: como o apoio de Musk a Trump mudou a imagem da Tesla
Stephen Feinberg
Cargo: Secretário Adjunto de Defesa
Patrimônio líquido: US$ 8 bilhões
Principal fonte de riqueza: Cerberus Capital Management
Feinberg cofundou a firma de private equity em 1992 com US$ 10 milhões em capital e ajudou a expandi-la para cerca de US$ 65 bilhões em ativos sob gestão.
Um de seus investimentos mais famosos foi na Chrysler em 2007, que ele alcançou em troca de um empréstimo emergencial do governo como parte do resgate da indústria automotiva durante a crise financeira.
A Cerberus também fundiu a Safeway com a Albertsons para criar a segunda maior rede de supermercados do país em 2015.
Leia também: A favor de criptos e contra penas duras: a escolha de Trump para liderar a SEC
Warren Stephens
Cargo: Embaixador no Reino Unido
Patrimônio líquido: US$ 5,1 bilhões
Principal fonte de riqueza: Stephens
Stephens é diretor executivo da Stephens., uma empresa de serviços financeiros sediada em Little Rock, Arkansas, fundada por seu tio em 1933.
A empresa garantiu a oferta pública inicial do Walmart em 1970 e manteve participações significativas em empresas de mídia, energia e eletrodomésticos.
Stephens é dono do Alotian Club, um dos campos de golfe mais bem avaliados do país. Ele também fez contribuições políticas de pelo menos US$ 75 milhões desde 2004, incluindo mais de US$ 2 milhões para a campanha de Trump em 2024, segundo dados da Comissão Eleitoral Federal.
Leia também: Trump escolhe ex-assessor da Casa Branca para o Conselho Econômico Nacional
Howard Lutnick
Cargo: Secretário de Comércio
Patrimônio líquido: US$ 2,2 bilhões
Principais fontes de riqueza: Cantor Fitzgerald, BGC, Newmark
A maior parte da fortuna de Lutnick vem de sua participação na Cantor Fitzgerald, uma firma de serviços financeiros que ele lidera desde 1991, e suas subsidiárias.
Lutnick ficou famoso por reconstruir a Cantor após 658 de seus funcionários serem mortos nos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center. Ele também possui ações nas empresas de capital aberto BGC e Newmark.
Ele afirmou que renunciará às suas empresas e se desfará de suas participações se for confirmado como secretário de Comércio.
Leia também: Trump escolhe veterano de Wall St para atuar como ‘czar das tarifas comerciais’
Jared Isaacman
Cargo: Administrador da NASA
Patrimônio líquido: US$ 2,2 bilhões
Principal fonte de riqueza: Shift4 Payments
A fintech processa pagamentos para uma variedade de restaurantes, resorts, hotéis, cassinos e estádios. A provedora de internet via satélite Starlink, de Musk, também é cliente.
A Shift4 forneceu US$ 27,5 milhões em financiamento para a SpaceX, onde Isaacman fez história junto com a engenheira Sarah Gillis ao realizar a primeira caminhada espacial comercial do mundo.
Leia também: Manter o silêncio não vai proteger os CEOs americanos das ações do governo Trump
Vivek Ramaswamy
Cargo: Codiretor do Departamento de Eficiência Governamental
Patrimônio líquido: US$ 1,1 bilhão
Principais fontes de riqueza: QVT Financial, Roivant Sciences
Ramaswamy começou como analista de biotecnologia na QVT Financial em 2007. Em 2014, fundou a Roivant, uma empresa farmacêutica que licencia medicamentos. A Roivant se tornou pública em 2021, avaliada em US$ 7,3 bilhões.
Leia também: Republicanos garantem maioria na Câmara e ampliam poder de Trump
Frank Bisignano
Cargo: Diretor da Administração de Seguridade Social
Patrimônio líquido: US$ 1 bilhão
Principal fonte de riqueza: Fiserv
Bisignano é CEO da Fiserv e possui cerca de US$ 625 milhões em ações da empresa.
Como CEO da First Data, ele foi um dos executivos mais bem pagos dos EUA, ganhando cerca de US$ 350 milhões entre 2005 e 2023.
Multimilionários em outros cargos:
- Linda McMahon: Secretária da Educação (US$ 850 milhões)
- Scott Bessent: Secretário do Tesouro (US$ 500 milhões)
- Doug Burgum: Secretário do Interior (US$ 410 milhões)
- Mehmet Oz: Administrador dos Centros de Medicare e Medicaid (US$ 330 milhões)
- Chris Wright: Secretário de Energia (US$ 170 milhões)
Veja mais em Bloomberg.com