Opinión - Bloomberg

Como o Departamento de Eficiência, liderado por Musk, pode ter um impacto positivo

Reduzir a burocracia e adotar regras mais eficazes pode vir a ser um empreendimento válido se Donald Trump e o empresário escolherem as áreas corretas de atuação

Elon Musk e Donald Trump
Tempo de leitura: 4 minutos

Bloomberg Opinion — O recém-anunciado Departamento de Eficiência Governamental, conhecido pelo acrônimo DOGE (em referência à memecoin dogecoin) e chefiado pelo bilionário Elon Musk e pelo empresário Vivek Ramaswamy, é uma evidência de que o governo do presidente Donald Trump tentará, pelo menos, desregulamentar a economia dos Estados Unidos. Apesar de todos os memes, este pode vir a ser um empreendimento válido, merecedor de apoio bipartidário – desde que as pessoas moderem suas expectativas.

A primeira coisa a perceber é que não é possível eliminar todas as leis, regulamentos, comitês ou agências que deveriam ser encerrados. O sistema foi criado de tal forma que se livrar de qualquer coisa é uma tarefa legal difícil. Não é fácil demitir um grande número de burocratas e, de qualquer forma, o salário deles é uma pequena parte do orçamento federal. Quando se trata de reduzir a burocracia, é provável que haja mais perdas do que vitórias.

Portanto, é importante definir prioridades. Uma delas é que é mais fácil manter novos setores da economia livres de regulamentação do que desregulamentar os setores existentes. Os EUA não devem impor restrições onerosas ao desenvolvimento da inteligência artificial (IA), por exemplo. Com tantos projetos de lei em nível estadual pendentes, o governo federal deve ter como objetivo a preempção e uma mão regulatória leve, pelo menos inicialmente.

O governo não tem um bom histórico, para dizer o mínimo, de lidar com grandes problemas antes que eles surjam. Com o tempo, a IA pode precisar de mais regulamentação, principalmente em algumas áreas que envolvem a segurança do país. Enquanto isso, a IA oferece o potencial de aumentar a produtividade dos EUA em muitos outros setores, de software a assistência médica.

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A criptomoeda é outro novo setor da economia e, nesse caso, a meta de eficiência pode exigir mais envolvimento do governo em vez de menos. A Securities and Exchange Commission (órgão análogo à Comissão de Valores Mobiliários) e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities devem dar maior clareza regulatória e previsibilidade às criptomoedas, que atualmente têm um status legal pouco claro.

Isso manteria os EUA na vanguarda da inovação financeira e se mostraria popular entre os milhões de eleitores que possuem criptoativos. Esse é um caso em que a “desregulamentação” consiste em escrever novas leis e definições legais.

Leia mais: Trump promete reduzir a regulação. Mas ele deveria fazer isso com diligência

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Outra maneira de tornar o governo mais eficiente seria adotar o movimento YIMBY, que visa facilitar a construção de mais moradias, em parte, reduzindo a regulamentação governamental. O nome vem do acrônimo para “Yes, in my back yard” (Sim, no meu quintal).

Isso não só ajudará a economia, mas a adoção do YIMBY também permitiria que Trump fosse bipartidário, já que muitas das ideias do movimento são populares entre os democratas.

Ele poderia até mesmo expandir a definição do YIMBY para incluir mais liberdade para construir energia nuclear, solar e eólica. Isso impulsionará a energia verde, atrairá eleitores moderados e ajudará a sustentar a revolução da IA.

Outra prioridade deve ser a desregulamentação dos testes médicos. Os Estados Unidos estão agora em uma era de ouro de descobertas médicas, com vacinas de mRNA, vacinas contra a malária, medicamentos para perda de peso à base de GLP-1 e novos tratamentos contra o câncer, todos muito promissores. A IA pode trazer ainda mais avanços.

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Infelizmente, o sistema de testes clínicos dos EUA continua sendo um grande obstáculo para transformar toda essa ciência em medicina. Há regulamentações relativas a protocolos hospitalares, ao projeto dos testes, às exigências da Food and Drug Administration (FDA), o órgão de vigilância sanitária, aos procedimentos das universidades e dos conselhos de revisão institucional e ao manuseio de dados, entre outras barreiras. Os Estados Unidos podem ter procedimentos de aprovação melhores e mais rápidos sem diminuir seus padrões.

De todas as tarefas descritas, essa é de longe a mais difícil, pois envolve mudanças em muitos tipos diferentes de instituições. No entanto, ela tem um dos maiores retornos possíveis, pois mais tratamentos poderiam ser desenvolvidos e disponibilizados se o processo de ensaios clínicos não fosse tão oneroso.

A reforma dos ensaios clínicos também deve atrair americanos mais velhos, que são mais ativos eleitoralmente e são os que mais pensam sobre seus cuidados médicos. O objetivo deve ser um país no qual a maioria das pessoas viva até os 90 anos.

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Muitos republicanos estão muito entusiasmados com o DOGE. Mas sua estrutura de governança é indefinida e não foi testada. Ele não tem uma sede natural ou um eleitorado duradouro. Não pode se envolver em muitas negociações de favores. Sua capacidade de manter a atenção e a lealdade de Trump pode ser limitada. E não está claro se a desregulamentação é uma prioridade para muitos eleitores.

Em outras palavras: o DOGE e Trump terão que escolher quais coisas tornarão mais eficientes. No governo, assim como na economia, há uma troca entre equidade e eficiência.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Tyler Cowen é colunista da Bloomberg Opinion, professor de economia da George Mason University e escreve para o blog Marginal Revolution.

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