Tempestades e enchentes: o que é a DANA, fenômeno que causou desastre na Espanha

Também conhecido como ‘gota fria’, fenômeno climático causou uma tragédia na Península Ibérica, e autoridades buscam maneiras de ajudar os cidadãos afetados

Así luce la comunidad de Valencia en España debido al fenómeno DANA.
30 de Outubro, 2024 | 04:34 PM

Bloomberg Línea — A Depressão Isolada em Níveis Altos (DANA), também conhecida como “gota fria”, voltou a afetar o clima na Espanha, prejudicando gravemente a comunidade de Valência e Castilla-La Mancha, entre outras regiões.

A tempestade na noite de terça-feira (29), uma das mais fortes registradas nos últimos 100 anos na região, deixou 62 mortos e causou inundações, segundo a Bloomberg News.

O fenômeno, que nem sempre causa chuvas torrenciais, faz parte do comportamento atmosférico que caracteriza os meses de outono na Península Ibérica e nas Ilhas Baleares.

Em entrevista à estação de rádio COPE, o meteorologista Samuel Biener, da Meteored, explicou que “a DANA ou gota fria não é sinônimo direto de tempestade; ela se refere a uma massa de ar frio em altitude, separada do jato polar, que pode causar chuva se interagir com outras condições”.

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É mais provável que o fenômeno ocorra no outono, quando o contraste entre o calor do Mar Mediterrâneo e as primeiras massas de ar frio que chegam do norte é maior.

Biener destacou que, “ao sobrevoar um mar mais quente do que o normal, a DANA adquire mais energia. Isso dá origem a sistemas nos quais o ar quente e úmido sobe rapidamente, formando nuvens de grande desenvolvimento vertical e tempestades potencialmente muito intensas”.

Os fenômenos tendem a ser estacionários, o que significa que podem persistir na mesma área por muito tempo, aumentando o risco de inundações e acúmulo de água.

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De acordo com especialistas, as DANAs são difíceis de prever e seus efeitos dependem, em grande parte, de fatores locais, como geografia e intensidade do vento.

Em lugares como o sudeste da Espanha, onde o relevo interage com os fluxos de ar, esse fenômeno pode causar chuvas torrenciais em questão de horas. O risco é alto nas áreas voltadas para o mar, que recebem os ventos carregados de umidade.

Embora esse fenômeno possa ser destrutivo, ele nem sempre significa chuvas fortes. Biener enfatizou que “a DANA é apenas uma condição meteorológica de instabilidade em altitude e pode passar despercebida se não houver fatores adicionais, como um Mediterrâneo quente e ventos úmidos, que ativem o processo de convecção”.

A Agência Estatal de Meteorologia da Espanha (Aemet) recomenda o uso do termo DANA para se referir a esse fenômeno, em vez de “gota fria”, um conceito que vem da escola alemã que o batizou de kaltlufttropfen.

Acontece que uma gota fria é um conceito coloquial que se refere a “qualquer situação meteorológica” que traz ou pode trazer consigo chuvas fortes, com efeitos desastrosos, de preferência no outono e na região do Mediterrâneo.

Uma DANA, por outro lado, passa por um processo de ondulação, separação, ruptura e isolamento e tem uma circulação intensa, enquanto a gota fria se baseia no núcleo de temperatura fria da depressão fechada.

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