No UBS, lucro é quase o dobro do previsto, mas geopolítica e juros turvam o cenário

Banco avança em sinergias da absorção do Credit Suisse e na direção de meta de redução de custos, mas CEO Sergio Ermotti chama a atenção para riscos derivados, por exemplo, de eleição nos EUA

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Bloomberg — O UBS Group registrou um lucro do terceiro trimestre que foi quase o dobro do esperado pelo mercado, reforçando a evidência de que a integração com o Credit Suisse está no caminho certo.

As ações do banco com sede em Zurique subiram brevemente para o nível mais alto desde maio de 2008. O lucro líquido foi de US$ 1,4 bilhão, ajudado por trading e pelo progresso no controle dos custos.

Embora o banco tenha apresentado resultados acima das expectativas em quase todos os setores, alertou que os riscos geopolíticos, as eleições presidenciais de 5 de novembro nos EUA e a queda das taxas de juros globais tornariam o último trimestre do ano difícil de prever. As perspectivas macroeconômicas para o resto do mundo também “permanecem nebulosas”, disse o banco.

“No momento, os mercados estão precificando uma vitória de Trump”, disse o CEO Sergio Ermotti em uma entrevista com Francine Lacqua, da Bloomberg Television. “Se Kamala Harris vencer, algumas das negociações que estão em andamento para Trump provavelmente terão de ser reconsideradas e, portanto, criarão rotações no mercado.”

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Os clientes que mudarem seus portfólios poderão, em ambos os casos, ajudar o banco, em que os operadores de ações registraram um aumento na receita que o ajudou a obter seu terceiro trimestre consecutivo de lucro.

O maior banco da Suíça - e um dos maiores da Europa - atualmente trabalha em partes complexas da integração do Credit Suisse, incluindo a migração de mais de cem petabytes de dados de clientes.

O UBS enfrenta uma grande incerteza sobre seus futuros níveis de capital, devido a uma revisão política suíça da crise, e pode acabar vendo sua exigência aumentar em até US$ 25 bilhões.

A falta de qualquer orientação adicional de Ermotti em uma call com analistas sobre esse assunto é uma das razões pelas quais os investidores se tornaram mais cautelosos em relação às ações, de acordo com Andreas Venditti, analista da Vontobel em Zurique.

O banco disse que optou por eliminar gradualmente um benefício regulatório relacionado à aquisição do Credit Suisse, o que levou a uma queda de 60 pontos base em seu principal índice de capital, CET1, para 14,3%.

A medida não afetou os planos de concluir cerca de US$ 1 bilhão em recompras de ações até o fim do ano, embora os planos de retorno de capital após 2025 estejam sujeitos à revisão da regulamentação suíça.

O parlamento suíço deverá divulgar sua investigação sobre a crise do Credit Suisse antes do final do ano, o que servirá de base para a elaboração de novos decretos e legislação que regem o capital.

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Além das exigências de capital mais elevadas, o UBS também deve agora reformular seus planos de emergência e de resolução, em decorrência de seu maior tamanho e complexidade, disse o órgão regulador Finma no início deste mês.

“As incertezas sobre as implicações do relatório Too-Big-To-Fail permanecem, mas o momentum para os lucros e a execução das sinergias da fusão oferecem um suporte”, escreveram os analistas da RBC Capital Markets, incluindo Anke Reingen, em uma nota a clientes.

O UBS disse que fez mais progressos na transferência de antigos clientes do Credit Suisse para seus próprios sistemas em outubro, o que ajudou a cortar custos.

O banco está agora a mais da metade do caminho de sua meta geral de economia de custos, de cerca de US$ 13 bilhões até 2026, disse oCFO Todd Tuckner em uma reunião com analistas.

Como bancos centrais em todo o mundo - exceto o Brasil, na contramão - iniciaram um ciclo de cortes nas taxas de juros, o UBS advertiu que a receita de juros deverá cair no quarto trimestre, enquanto os custos sofrerão um “aumento sazonal”, disse.

As taxas de juros mais baixas também estimulariam a demanda dos clientes por mudanças no portfólio e investimentos alternativos, disse Tuckner.

O que diz a Bloomberg Intelligence

“A execução das aquisições do UBS está no caminho certo, com 52% das economias de custos brutos almejadas sendo alcançadas, uma perda non-core menor do que a esperada no terceiro trimestre e cortes de ativos antes da meta para o final do ano.

A receita mostra o efeito da robustez das ações, com ganhos comerciais ajustados de 27% em relação ao ano anterior, superando a maioria dos pares em ações e liderando em sua unidade menor de FICC.

Os fluxos patrimoniais de US$ 24,7 bilhões estão em linha, com amplos influxos regionais e US$ 7,3 bilhões na Ásia que mostram um sólido impulso, apoiando a franquia principal.”

- Alison Williams, analista sênior do setor financeiro, e Ravi Chelluri, analista associado sênior, ambos da BIoomberg Intelligence.

--Com a assistência de Macarena Muñoz.

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