Solomon, do Goldman, vê ‘soft landing’ nos EUA e ambiente melhor para M&A

Em entrevista à Bloomberg TV em evento do FII em Riad, o CEO do banco de Wall Street deu um tom otimista sobre as perspectivas para negócios e apontou impacto positivo da tecnologia

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Bloomberg — O principal executivo do Goldman Sachs (GS) deu um tom otimista sobre as perspectivas para os negócios e destacou os investimentos em tecnologia como um ponto positivo da economia.

“Quando você olha para a tecnologia e para o investimento que é necessário para alimentar a inteligência artificial, isso é um vento favorável para a realização de negócios”, disse o CEO do banco, David Solomon, em uma entrevista à Bloomberg TV nesta terça-feira (29).

"Há alguns ventos contrários do ponto de vista regulatório", disse ele. "Obviamente, com uma eleição, poderemos ver uma mudança nesse contexto."

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Solomon deu a entrevista nos bastidores de evento do FII (Future Investment Initiative) em Riad, na Arábia Saudita.

O banco de Wall Street anunciou a abertura de um novo escritório no distrito financeiro da capital saudita, o que vai aprofundar a sua presença na maior economia do Oriente Médio.

"Tenho vindo a este evento e observado o progresso aqui, e o progresso tem sido significativo", disse Solomon. "Estamos posicionados para ajudar os clientes da região."

Segundo Solomon, “a economia dos Estados Unidos tem se saído muito bem e se mostrado muito resiliente”. Ele disse que “o cenário base [do banco] nos EUA é o de soft landing”, em alusão ao termo que descreve a desaceleração da inflação e da economia sem que haja uma recessão.

No início do mês, o Goldman divulgou que registrou um aumento de 45% no lucro do terceiro trimestre, impulsionado por uma inesperada alta na receita de negociação de ações e uma recuperação da divisão de banco de investimento.

Embora a eleição nos EUA possa trazer mudanças, segundo ele, “não há dúvida de que o ambiente para fusões e aquisições está melhorando”.

Ao mesmo tempo, o executivo do Goldman destacou preocupações sobre outras regiões, incluindo o Oriente Médio, onde as tensões entre Israel e Irã atingem o maior nível em décadas.

No fim de semana, Israel atacou alvos militares no Irã, em cumprimento da promessa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de retaliar um recente ataque de mísseis pela República Islâmica.

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“Estou um pouco preocupado com a situação,” comentou Solomon sobre o Oriente Médio. “Isso não é bom para a segurança e o crescimento.” Mas ele observou que a guerra “ainda não teve um impacto significativo na atividade” da região.

Solomon também alertou para riscos relacionados à regulamentação e os desdobramentos relacionados com a eleição nos EUA marcada para 5 de novembro. As pesquisas indicam uma disputa acirrada entre a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump.

“Temos uma eleição e haverá decisões políticas a serem tomadas,” disse Solomon. “Essas decisões terão impacto na trajetória de 2025 e 2026,” acrescentou, frisando que o banco está bem-posicionado para apoiar qualquer administração e seus clientes, independente do resultado.

“Estou um pouco mais preocupado com o crescimento europeu e também com a situação econômica na China, mas, no geral, o motor econômico dos EUA tem sido bastante forte,” afirmou Solomon.

Solomon está acompanhado nesta semana por diversos líderes financeiros globais, incluindo Jane Fraser, CEO do Citigroup, e Larry Fink, CEO da BlackRock, que se tornaram presenças frequentes na cúpula de Riad e devem participar novamente neste ano.

-- Com a colaboração de Gaia Lamperti e Harris Braude.

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