Legacy e Ace têm ganhos em setembro com aposta em juros mais altos no Brasil

Fundos multimercado registraram avanço no mês com estratégia que lucra com o aumento das taxas no país; Legacy e Ace tiveram o mês de maior retorno do ano

Vista de São Paulo: fundos citaram posições em taxas locais mais altas e globais mais baixas entre as suas maiores contribuições positivas no mês
Por Felipe Saturnino
15 de Outubro, 2024 | 02:43 PM

Bloomberg — Os fundos multimercado avançaram em setembro com apostas em juros mais elevados no Brasil, ao mesmo tempo em que acentuaram a perspectiva negativa sobre a política fiscal do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Gestoras como Legacy Capital, Kapitalo Investimentos e Ace Capital exibiram ganhos fortes das suas estratégias multimercado, com retornos de 3,7%, 2,1% e 2,0%, respectivamente, no mês passado.

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Os fundos citaram posições em taxas locais mais altas e globais mais baixas entre as suas maiores contribuições positivas no mês. Legacy e Ace tiveram o mês de maior retorno do ano.

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Desde setembro, as taxas de juros futuros de médio e longo prazo, como contratos de DI para janeiro de 2027, 2029 e 2031, avançaram ao menos 40 pontos-base.

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Nos EUA, depois que fecharam mês passado em queda, taxas voltaram a subir em outubro, com o mercado de trabalho ainda forte, o que levou operadores a reduzirem chances de um ciclo de cortes maior pelo Fed.

Juros futuros disparam no ano com piora de risco fiscal | Taxas do DI avançam até 3pp na ponta longa da curva

É apenas a terceira vez que as gestoras batem o CDI no ano. O índice da Anbima que capta o desempenho de uma cesta de fundos multimercado IHFA, retornou 1,1% em setembro e alcança 3,6% de ganho no ano até setembro. Já o CDI avançou 0,8% no mês passado e acumula alta de 8% em 2024 no mesmo período.

O foco doméstico dos gestores permanece na situação fiscal, em especial no cenário para o endividamento do governo diante de incertezas sobre a sustentabilidade do arcabouço.

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A Kapitalo disse ver “com preocupação” a limitação do debate fiscal centrado nas metas e que a abordagem suscita questionamento sobre a capacidade de estabilização da trajetória da dívida.

“O ambiente externo tem melhorado para o país, mas as fragilidades da política econômica local estão se tornando cada vez mais evidentes”, escreveu a Legacy.

Já a Ibiuna afirmou que não vê o Brasil bem posicionado para se beneficiar da mudança de postura pelo Fed ou mesmo estímulos na economia chinesa, dadas as “potenciais ondas de aversão a risco sobre os preços financeiros locais” derivadas dos riscos fiscais.

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Veja o que as gestoras disseram em suas cartas mensais:

Ace Capital

Fundo está com posição que lucra com inflação na parte curta da curva de juros e que se beneficia de juros mais elevados. Está com aposta otimista no real, com visão de que a moeda será beneficiada pelo diferencial de juros e do impacto de um potencial pacote de estímulo chinês.

  • Ace Capital FIC FIM +2,0%
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Adam Capital

A Adam Capital detém posições que ganham com a alta de juros no Brasil e também está com aposta que se beneficia da desvalorização do real. A expansão fiscal significativa no Brasil está elevando a demanda agregada e pressionando a inflação, o que também dificulta o controle inflacionário apenas via política monetária.

  • Adam Macro II FIC +0,85%
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Bahia Asset Management

Gestora manteve posição que se beneficia de posições tomadas — que ganham com a alta — em juros nominais no Brasil. Na mesa de câmbio, tem posições compradas — que ganham com a valorização — no real brasileiro contra o peso colombiano, o peso chileno e o euro.

  • Bahia AM Marau FIC +1,5%
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Genoa Capital

As projeções de inflação do Banco Central para o horizonte relevante em 3,5%, somadas ao balanço de riscos assimétrico, sugerem um ciclo total em torno de 300 pontos, do ponto de vista de hoje do modelo. Fundo disse que está posicionado no real e nos juros nominais, sem especificar.

  • Genoa Capital Radar FIC FIM +1,5%
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Ibiuna Investimentos

Fundo avalia que fragilidades domésticas apontam para um impacto mais danoso de potenciais ondas de aversão a risco sobre os preços financeiros locais. Detém posições que ganham com juros e inflação implícita maiores no Brasil. Segue com posição que ganha com desvalorização do real e do peso mexicano.

  • Ibiuna Hedge STH FIC +0,52%
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JGP Asset Management

Mercado deu pouco peso para leituras mais moderadas de inflação, avaliando que são melhoras pontuais, dado que a economia está aquecida. Houve uma piora de percepção em relação à política fiscal, sendo mal vistas as iniciativas do governo para contornar as restrições de gastos impostas pelo arcabouço.

  • JGP Strategy FIC +1,2%
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Kapitalo Investimentos

Kapitalo disse que há questionamentos sobre a capacidade do arcabouço fiscal estabilizar a trajetória da dívida pública. Fundo reduziu posições compradas e de valor relativo em ações brasileiras e posições compradas em bolsas globais.

  • Kapitalo Kappa FIN +2,1%
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Legacy Capital

Gestora diz que busca manter portfólio que se beneficie de juros mais elevados por um período prolongado, dado a força da economia e o aumento da inflação. Fundo pretende continuar com posição que ganha com depreciação do dólar em relação a uma cesta de moedas.

  • Legacy Capital FIC +3,7%
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Verde Asset

Verde disse que zerou a posição comprada em dólar contra o real e que, na renda fixa doméstica, a única posição relevante é a de compra de inflação implícita longa.

  • Verde FIC FIM +1,7%
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Vinland Capital

Mantém risco baixo no mercado de juros de Brasil em estruturas de opções para continuidade do ciclo de alta de juros. Fundo adicionou posição vendida — que ganha com a desvalorização da bolsa local — em Ibovespa e zerou a compra de bolsa chinesa.

  • Vinland Macro Plus FIC FIM +1,8%

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