Root Capital mira mercado de dívida inadimplente com recuperações judiciais em alta

Em entrevista à Bloomberg News, o sócio Rafael Fritsch avalia que este é um dos melhores momentos para comprar dívidas de empresas com dificuldades financeiras

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Por Cristiane Lucchesi
07 de Outubro, 2024 | 05:09 PM

Bloomberg — A Root Capital, gestora com sede no Rio de Janeiro especializada em crédito, decidiu lançar um fundo para comprar dívidas inadimplentes em momento de recorde no número de pedidos de recuperação judicial no Brasil.

“Continuamos a ter estresse no mercado de crédito no Brasil, as empresas continuam a quebrar, o setor do agronegócio está horroroso, e as taxas de juros que as pessoas pensavam que iriam começar a cair agora estão subindo novamente”, disse Rafael Fritsch, sócio da Root Capital, em entrevista à Bloomberg News.

“Isso coloca mais pressão sobre as empresas, gerando necessidade de liquidez imediata.”

O plano da gestora é levantar cerca de R$ 500 milhões de investidores locais brasileiros neste ano e lançar o fundo no próximo ano para investidores estrangeiros, com os quais a meta é conseguir pelo menos US$ 100 milhões a mais, disse ele.

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O fundo, Situações Especiais IV, investirá em dívidas corporativas inadimplentes e em ações judiciais de empresas e contra governos no Brasil, inclusive de estados e cidades.

O fundo pretende comprar ativos em um período de dois anos e terá um prazo médio de retorno de recursos ao investidor de cerca de quatro anos, disse Fritsch.

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Dos EUA à Europa e à Austrália, as taxas de juros começam a cair, enquanto no Brasil um novo ciclo de aperto monetário teve início há um mês com taxas que já eram elevadas pelos padrões globais.

As empresas brasileiras estão enfrentando dificuldades e os pedidos de recuperação judicial estão em níveis recordes, de acordo com o provedor de dados de crédito Serasa Experian.

O número de pedidos de recuperações até agosto chegou a 1.480, 72% a mais que no mesmo período do ano passado.

“Este é um dos melhores momentos para comprar dívida problemática no Brasil”, disse Fritsch.

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Os fundos de crédito privado que levantaram recursos este ano são, na sua maioria, de curto prazo, devolvendo o dinheiro aos investidores no mesmo dia após o pedido de resgate ou no máximo 10 dias depois.

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Esses fundos compram principalmente dívida de empresas de baixo risco que pagam prêmios de crédito reduzidos.

“Esses fundos de elevada liquidez não podem comprar ativos ilíquidos, então há pouco capital disponível para um número crescente de ativos estressados”, disse ele.

O objetivo é gerar rentabilidade de 12% a 15% mais a taxa de juros interbancária DI, disse Fritsch. O DI atual está em torno de 11%.

O fundo será vendido para investidores institucionais e de varejo, e o investimento mínimo é de R$ 25 mil.

A Root Capital teve captação líquida de cerca de R$ 1,32 bilhão este ano e tem cerca de R$ 4 bilhões em ativos sob gestão em todos os tipos de fundos de crédito privado, incluindo alguns que investem em debêntures de infraestrutura, títulos de baixo risco, de alto rendimento e dívida inadimplente.

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