Itaú Asset eleva a aposta em emergentes de olho em estímulos da China

Rodrigo Koch, gestor de ações da asset do Itaú, diz em entrevista à Bloomberg News que há um cenário global positivo para emergentes, embora o Brasil seja menos beneficiado

Agencia do Itaú Unibanco
Por Barbara Nascimento
07 de Outubro, 2024 | 04:35 PM

Bloomberg — Em meio a um desempenho das ações locais limitado pelo ciclo de alta de juros do Banco Central, uma das principais famílias de fundos da Itaú Asset, a segunda maior gestora do país, montou uma posição focada em outras bolsas emergentes para se aproveitar do anúncio de estímulos pelo governo chinês.

Com R$ 22 bilhões sob gestão, os fundos Optimus da asset se posicionaram em um ETF de bolsas de mercados emergentes tão logo a China sinalizou uma mudança na direção das políticas monetária e fiscal para estimular a economia, diz Rodrigo Koch, gestor de ações, em entrevista à Bloomberg News. O movimento ocorreu tanto para os fundos multimercado quanto para os Long Bias.

Para ele, há um claro cenário global positivo para emergentes, com o anúncio chinês ocorrendo simultaneamente ao início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve.

O Brasil, no entanto, tem tido dificuldade de tirar proveito dos bons ventos externos depois de dar início a um novo ciclo de alta da Selic, na contramão do resto do mundo.

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A política mais apertada do Banco Central aumenta o custo de capital das empresas e afeta o resultado financeiro das companhias. “Sem dúvida é um vetor que pesa bastante”, diz ele.

Koch afirma que também ampliou aposta no cobre e, nas ações locais, incrementou as posições em papel e celulose para “surfar” China.

O país asiático cortou as taxas de juros, diminuiu o depósito compulsório dos bancos e anunciou um programa específico para injetar liquidez no mercado de ações no fim de setembro.

Posição defensiva

Localmente, os fundos seguem com maior alocação no setor de utilities que, junto com papel e celulose e financeiro, são setorialmente as grandes posições compradas em ações brasileiras.

O setor de óleo e gás, por outro lado, deixou de ter relevância para os fundos e está próxima de neutra por uma visão mais cautelosa com a commodity. “Não é mais um setor direcionalmente relevante”, segundo o gestor.

Koch não vê gatilhos claros no curto prazo para a bolsa brasileira e aposta em setores “defensivos” — que tem desempenho e pagam dividendos independentemente do desempenho da atividade doméstica — e em empresas com “balanço robusto, que não vão se prejudicar com o aumento da Selic”.

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“Estamos num ambiente em que tem que separar o joio do trigo. A gente até acha que a bolsa está barata, mas isso não quer dizer que vai subir. Comprar bolsa indiscriminadamente não é estratégia que estamos adotando”, completa.

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