Pátria aposta em fundo de reflorestamento com foco na Mata Atlântica

Em entrevista à Bloomberg News, José Augusto Teixeira, presidente do Pátria no Brasil, diz que novo fundo vai plantar árvores nativas e espécies exóticas de madeira

Campos de agricultura em São Paulo
Por Cristiane Lucchesi
17 de Setembro, 2024 | 02:26 PM

Bloomberg — O Pátria Investimentos (PAX), uma das maiores gestoras de investimentos alternativos da América Latina, lançou seu primeiro fundo de reflorestamento à medida que busca expandir sua oferta de produtos.

O fundo comprará terras em paisagens degradadas e restaurará florestas naturais plantando árvores nativas, como ipê e jacarandá, e também exóticas com madeira de preço alto, como mogno africano, disse José Augusto Teixeira, presidente do Pátria no Brasil, à Bloomberg News.

Além disso, o fundo vai procurar desenvolver “ecossistemas agrícolas simbióticos”, como cacau e café, disse ele.

A meta é levantar US$ 100 milhões e retornar dinheiro aos investidores em 15 anos com rendimentos de até 12% ao ano, em dólar.

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“Nosso fundo se diferencia de alguns outros porque não se concentrará na compra de terras em áreas remotas, como na região amazônica, e também não plantará florestas comerciais de eucalipto ou pinheiros”, disse ele.

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A ideia é reduzir riscos priorizando investimentos na região da Mata Atlântica, que é mais degradada e mais próxima das maiores cidades do país, onde a infraestrutura de transporte e logística é melhor e onde a propriedade da terra é mais claramente definida, disse Teixeira.

A Mata Atlântica também é a única protegida por lei no Brasil, disse Beatriz Lutz, gestora do fundo.

A empresa Pachama, sediada em São Francisco, na Califórnia, ajudará os gestores a avaliar a adequação da terra para aquisição, a monitorar e proteger florestas usando satélites e inteligência artificial e a vender créditos de carbono, uma importante fonte de retorno para os investidores do fundo.

Outros ganhos devem vir da venda de produtos agrícolas e de madeira exótica, ao mesmo tempo em que o fundo vai buscar o desenvolvimento comunitário inclusivo.

Os sócios do Pátria e clientes pessoas físicas de alto poder aquisitivo já entraram como investidores, disse Teixeira. Bancos de desenvolvimento e organismos multilaterais também devem investir.

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O Pátria, com cerca de US$ 43 bilhões sob gestão, está fazendo inúmeras aquisições desde sua oferta pública inicial de ações em janeiro de 2021 na Nasdaq.

A gestora anunciou em outubro a compra da unidade de private equity da Abrdn, sediada na Europa, por um valor de até £ 100 milhões.

Em julho, anunciou que concluiu a aquisição da empresa colombiana de gestão de ativos imobiliários Nexus Capital, e em maio recebeu as aprovações para integrar fundos imobiliários que comprou do Credit Suisse no Brasil. As ações do Pátria caem cerca de 28% este ano.

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