Bancos de Wall St terão aumento de capital menor do que o esperado em nova regulação

Segundo fontes da Bloomberg News, autoridades concordaram em reduzir o aumento de capital de 19% para 9%; proposta está vinculada ao acordo Basileia III

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Por Katanga Johnson
10 de Setembro, 2024 | 02:10 PM

Bloomberg — Os maiores bancos dos Estados Unidos devem ter um aumento das exigências de capital de 9%, menos do que o plano original, depois que as autoridades regulatórias do sistema financeiro americano concordaram com ajustes em uma proposta de novas regras, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.

O plano original do Federal Reserve, da FDIC, a agência responsável pela estabilidade do sistema bancário americano, e da Controladoria da Moeda, uma divisão da Secretaria do Tesouro dos EUA que também supervisiona bancos, incluía um aumento de 19% no capital que os oito maiores bancos do país, incluindo Bank of America (BAC) e JPMorgan (JPM), devem reservar para proteção contra perdas inesperadas e choques financeiros.

O aumento menor tem mais chances de apaziguar os bancos, que desencadearam uma de suas campanhas de lobby mais ferozes após a apresentação da proposta no ano passado.

A revisão também pode ajudar o presidente do Fed, Jerome Powell, a atingir sua meta de atrair amplo apoio dos dirigentes do banco central americano. Powell deixou claro para os bancos que ele também quer evitar uma longa batalha judicial.

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Um representante do Fed não quis comentar.

Leia também: Como a paralisia nas reformas de Basileia III ameaça fragilizar o sistema bancário

O chefe da área de Supervisão do Fed, Michael Barr, foi encarregado de apresentar as mudanças nesta terça-feira. Espera-se que os três órgãos reguladores divulguem até 450 páginas de revisões até 19 de setembro, informou a Bloomberg na semana passada.

A reforma anunciada pela primeira vez em julho de 2023 está vinculada ao Acordo de Basileia III, o marco regulatório internacional para o sistema financeiro que o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional (CMN) também implementaram no Brasil.

O plano dos EUA para os oito maiores bancos deve ficar sujeito a um período de comentários de 60 dias, e a adoção final pode não ocorrer até “bem mais para frente no ano que vem”, disse Powell.

Os bancos quase certamente solicitarão uma extensão do prazo de 60 dias, disse Jeremy Kress, ex-advogado de política bancária do Fed que agora leciona na Universidade de Michigan. Mas esse é apenas um risco.

“Mesmo que as agências finalizassem uma regra antes do dia da posse, uma vitória de Trump poderia colocar em risco sua implementação”, disse Kress. “Um Congresso controlado pelos republicanos poderia anular a regra.”

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Não há garantia de que bancos individuais ficarão satisfeitos com a nova proposta. Algumas instituições citaram uma ampla gama de preocupações, desde como os riscos de negociação de mercado serão tratados até como as propostas interagem com os testes de estresse anuais. Mas os bancos podem ser reticentes em montar um desafio legal por conta própria.

“É altamente improvável que um banco solitário se destaque do grupo”, disse Mayra Rodriguez Valladares, consultora de risco financeiro e bancário que trabalhou no Fed de Nova York.

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