BlackRock, maior gestora do mundo, reduz risco em portfólios diante de novo cenário

Empresa tem reduzido apostas em algumas ações dos EUA de olho em uma ‘nova fase’, marcada pelo ciclo de cortes de juros pelo Fed e pela eleição americana

Blackrock
Por Katie Greifeld
07 de Setembro, 2024 | 11:05 AM

Bloomberg — A maior gestora de ativos do mundo tem reduzido algumas apostas, à medida que os mercados entram em uma “nova fase” de turbulência antes do ciclo de corte de juros do Federal Reserve e da eleição presidencial dos Estados Unidos.

Embora o cenário ainda seja de alta dos mercados, a BlackRock (BLK) diminuiu o posicionamento em ações dos EUA e em ações orientadas para o crescimento em favor de papéis de valor e da renda fixa, de acordo com um relatório da perspectiva de investimento da empresa vista pela Bloomberg.

Como resultado do reposicionamento, bilhões de dólares fluíram entre os fundos negociados em bolsa correspondentes da BlackRock na quinta-feira (5), quando a empresa ajustou seus portfólios modelo, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

“Embora os lucros corporativos continuem a avançar, o nível de surpresas e as revisões de estimativas sugerem uma possível suavização das vantagens alimentadas pelo crescimento dos lucros dos últimos 18 meses”, escreveu Michael Gates, gestor líder do modelo de portfólio Target Allocation ETF, da BlackRock.

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“Passamos de um período marcado por fatores relativamente claros e estáveis para uma nova fase, que inclui uma flexibilização do Fed e uma possível volatilidade sazonal e relacionada às eleições.”

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A reformulação da BlackRock ocorre em um momento crítico para os ativos de risco.

Os índices de referência das ações foram abalados nas últimas semanas em meio a uma temporada de balanços em que os investidores questionaram a alta impulsionada pela inteligência artificial, o que levou as ações de gigantes da tecnologia a patamares altíssimos.

Enquanto isso, o Fed está no limiar de um ciclo de flexibilização, apenas dois meses antes da eleição presidencial dos EUA, para a qual as pesquisas mostram um embate entre os dois candidatos.

Nesse cenário, a BlackRock parece estar realizando lucros depois de ter se inclinado para ações de crescimento no início deste ano.

Embora os criadores de modelos da BlackRock ainda favoreçam a manutenção de mais ações do que títulos, o último ajuste reduziu o tamanho desse excesso de peso para 1% ante 4%.

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No lado das ações, cerca de US$ 2,7 bilhões entraram no iShares MSCI EAFE Value ETF (ticker EFV) de US$ 18 bilhões na quinta-feira - a maior soma em um dia desde a criação do fundo em 2005.

Um recorde de US$ 1 bilhão saiu do iShares Currency Hedged MSCI EAFE ETF (HEFA), de US$ 5,6 bilhões, enquanto o iShares S&P 500 Growth ETF (IVW), de US$ 50 bilhões, perdeu cerca de US$ 771 milhões.

Enquanto isso, na área de renda fixa, o iShares Core Total USD Bond Market ETF (IUSB), de US$ 33 bilhões, teve uma entrada recorde de US$ 2,3 bilhões.

O BlackRock Flexible Income ETF (BINC), de Rick Rieder, com US$ 5 bilhões, absorveu quase US$ 1 bilhão em seu maior fluxo de entrada em um único dia até o momento.

As carteiras modelo - que reúnem fundos em estratégias prontas para serem vendidas aos consultores - aumentaram de tamanho nos últimos anos.

A Broadridge Financial Solutions estima que os ativos de modelos atingiram US$ 5,1 trilhões no final de 2023 e podem chegar a US$ 11 trilhões até 2028.

Somente a BlackRock comanda cerca de US$ 131 bilhões em ativos-modelo.

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