Bloomberg — A Bradesco Asset Management (BRAM), terceira maior gestora de fundos do Brasil, dobrou sua equipe de crédito privado nos últimos dois anos, dado que a expansão do mercado de dívida corporativa local tem ajudado a indústria a enfrentar a queda na demanda por outros tipos de investimentos.
“Os fundos de ações e multimercado estão sofrendo; só quem está nadando de braçada é o crédito”, disse Bruno Funchal, CEO da gestora, em entrevista à Bloomberg News. Ainda assim, segundo ele, mudanças na política monetária nos Estados Unidos e no Brasil podem reverter a tendência.
A Bradesco Asset, braço de gestão de fundos do Bradesco, teve captação líquida de R$ 45 bilhões neste ano até julho, e os produtos de crédito corresponderam a cerca de 90% desse total, de acordo com Funchal. Isso já é o triplo do valor de todo o ano passado, disse ele.
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Com as taxas de juros em níveis mais altos por mais tempo do que muitos analistas previram, muitos investidores estão transferindo dinheiro para fundos de crédito no Brasil.
As empresas emitiram R$ 263,9 bilhões em dívida local até agora neste ano, quase o dobro do valor no mesmo período do ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A indústria de fundos de crédito privado registrou captação líquida de R$ 163,5 bilhões durante os primeiros seis meses deste ano, de acordo com a SulAmerica Investimentos. Mudanças nas regras tributárias têm ajudado a alimentar a tendência.
A gestora de fundos do Bradesco estava preparada para essa onda. Funchal disse que a equipe de crédito se expandiu de dez pessoas em 2022 para vinte, supervisionando R$ 300 bilhões investidos.
Novos fundos de crédito foram lançados, incluindo um high yield e um Fiagro, que investe em créditos do agronegócio. Os planos incluem novos fundos de crédito e quantitativos, bem como um fundo imobiliário.
“Em geral, os novos produtos são mais estruturados, ilíquidos e negociados em bolsa”, disse Funchal.
No início deste mês, o Bradesco contratou Gabriel Trebilcock, um dos sócios fundadores da gestora Ace Capital, para chefiar a venda e a negociação no mercado secundário de crédito local na sua tesouraria, um negócio que o banco pretende dobrar tamanho em dois anos.
Com R$ 850 bilhões sob gestão, a Bradesco Asset Management tem cerca de 240 funcionários e uma meta de atingir R$ 1 trilhão até o fim de 2025, disse Funchal.
“Acredito que passamos de R$ 900 bilhões neste ano”, disse ele.
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Funchal, que foi secretário do Tesouro Nacional, disse que uma redução nas incertezas fiscais e monetárias domésticas poderia ajudar fundos mais arriscados, como os multimercados e os de ações, a ter um melhor desempenho no segundo semestre deste ano.
Ele citou, por exemplo, o encaminhamento do Orçamento de 2025 ao Congresso como uma fonte de diminuição da percepção de risco.
Além disso, um esperado corte de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA, neste ano “pode destravar investimentos de risco”, disse ele.
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