Bloomberg — Uma ampla variedade de gestoras de ativos precisa considerar o investimento em mercados privados se quiserem evitar que sejam eliminadas da competição, enquanto reformulam completamente suas estratégias para surfar essa “onda”, de acordo com uma nova análise da Bain & Co.
Os modelos de negócios de empresas de fundos que tradicionalmente investem em empresas listadas de mercados abertos, como fundos de ações, estão se tornando obsoletos, segundo a consultoria.
Suas margens caíram pela metade, para 8 pontos-base em 2022, em comparação com 15 pontos-base em 2007, e as taxas de administração também estão em queda, disse a Bain em relatório nesta quarta-feira (21).
Leia mais: Patria compra gestora colombiana Nexus Capital e chegará a US$ 7 bi em real estate
Como resultado, muitas dessas empresas se voltam para mercados privados, uma área que exige capacidades diferentes e um investimento significativo.
“É a maior oportunidade nos serviços financeiros para os próximos anos”, disse Markus Habbel, chefe da prática global de gestão de patrimônio e ativos da Bain, em entrevista para a Bloomberg News. “As empresas financeiras precisam agir agora, porque o mercado para essa oportunidade é agora.”
A Bain espera que os ativos sob gestão de mercado privado alcancem US$ 65 trilhões até 2032, representando 30% de todos os ativos administrados (AuM) nesse prazo. A receita de taxas para tais investimentos deve dobrar para US$ 2 trilhões ao longo de uma década, segundo o relatório.
Muitas gestoras de ativos que investiam principalmente em mercados abertos já adotaram ou buscam se expandir para classes de ativos privados: sua participação em ativos alternativos subiu para 22% em 2022, em comparação com 16% quatro anos antes, segundo a Bain.
No entanto ainda há mais trabalho a ser feito, conforme aponta o relatório, já que essas empresas competem não apenas entre si mas também com gestoras de ativos alternativos já estabelecidas, que expandem rapidamente suas ofertas para cobrir novas classes de ativos e grupos de clientes.
Leia mais: Mudamos de patamar como player dominante em LatAm, diz CEO da Vinci Partners
E essa tendência tem se intensificado recentemente.
A BlackRock, a maior empresa de investimentos do mundo, com foco em fundos mútuos e fundos de índice (ETFs), lançou fundos de mercados privados e embarcou em uma onda de aquisições, incluindo a compra por US$ 12,5 bilhões da Global Infrastructure Partners.
O Janus Henderson Group fechou um acordo na semana passada para comprar a firma de crédito privado Victory Park Capital Advisors.
E a PGIM (antes conhecida como Prudential Investment Management) disse que quer aumentar seus ativos de mercado privado em mais de 50%, para US$ 500 bilhões nos próximos cinco anos.
Até mesmo gestoras de ativos alternativos estabelecidas têm crescido em áreas da classe de ativos nas quais antes não tinham exposição, como infraestrutura e crédito privado.
Alcançar o sucesso nesse campo não será fácil para muitas empresas, que podem não ter o capital ou a capacidade de causar um impacto significativo no mercado.
Gestoras de ativos terão que repensar suas estratégias de negócios e fazer grandes investimentos para desenvolver produção em larga escala, aumentar a distribuição, reforçar a gestão de riscos e compliance, e criar produtos de nicho que lhes deem uma vantagem competitiva, disse a Bain.
As empresas também precisarão fazer mais para alcançar o crescente mercado de clientes ricos, uma tarefa que exige muito trabalho e altos custos, segundo a empresa.
“Haverá enormes diferenciações entre vencedores e perdedores”, disse Habbel. “Não se trata apenas de aumentar os ativos. As margens nos mercados privados são muito mais altas, de modo que a oportunidade é absolutamente gigantesca.”
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
BlackRock faz aquisição de US$ 12,5 bi para ampliar aposta em alternativos
Veterano de renda fixa da Western Asset tira licença em meio a investigação da SEC