Para sobreviver e crescer, gestoras devem se voltar a mercados privados, diz Bain

Margens de gestoras caíram pela metade em 15 anos, enquanto taxas de administração estão em queda também, apontou consultoria; melhores oportunidades estão em ativos alternativos

Movimento de entrada em mercados privados já tem sido adotado por algumas gestoras brasileiras (Foto: Victor Moriyama/Bloomberg)
Por Loukia Gyftopoulou
23 de Agosto, 2024 | 05:41 PM

Bloomberg — Uma ampla variedade de gestoras de ativos precisa considerar o investimento em mercados privados se quiserem evitar que sejam eliminadas da competição, enquanto reformulam completamente suas estratégias para surfar essa “onda”, de acordo com uma nova análise da Bain & Co.

Os modelos de negócios de empresas de fundos que tradicionalmente investem em empresas listadas de mercados abertos, como fundos de ações, estão se tornando obsoletos, segundo a consultoria.

Suas margens caíram pela metade, para 8 pontos-base em 2022, em comparação com 15 pontos-base em 2007, e as taxas de administração também estão em queda, disse a Bain em relatório nesta quarta-feira (21).

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Como resultado, muitas dessas empresas se voltam para mercados privados, uma área que exige capacidades diferentes e um investimento significativo.

“É a maior oportunidade nos serviços financeiros para os próximos anos”, disse Markus Habbel, chefe da prática global de gestão de patrimônio e ativos da Bain, em entrevista para a Bloomberg News. “As empresas financeiras precisam agir agora, porque o mercado para essa oportunidade é agora.”

A Bain espera que os ativos sob gestão de mercado privado alcancem US$ 65 trilhões até 2032, representando 30% de todos os ativos administrados (AuM) nesse prazo. A receita de taxas para tais investimentos deve dobrar para US$ 2 trilhões ao longo de uma década, segundo o relatório.

Mercado de ativos alternativos deve superar o patamar de US$ 60 trilhões no mundo em AuM até 2032, segundo a Bain

Muitas gestoras de ativos que investiam principalmente em mercados abertos já adotaram ou buscam se expandir para classes de ativos privados: sua participação em ativos alternativos subiu para 22% em 2022, em comparação com 16% quatro anos antes, segundo a Bain.

No entanto ainda há mais trabalho a ser feito, conforme aponta o relatório, já que essas empresas competem não apenas entre si mas também com gestoras de ativos alternativos já estabelecidas, que expandem rapidamente suas ofertas para cobrir novas classes de ativos e grupos de clientes.

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E essa tendência tem se intensificado recentemente.

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A BlackRock, a maior empresa de investimentos do mundo, com foco em fundos mútuos e fundos de índice (ETFs), lançou fundos de mercados privados e embarcou em uma onda de aquisições, incluindo a compra por US$ 12,5 bilhões da Global Infrastructure Partners.

O Janus Henderson Group fechou um acordo na semana passada para comprar a firma de crédito privado Victory Park Capital Advisors.

E a PGIM (antes conhecida como Prudential Investment Management) disse que quer aumentar seus ativos de mercado privado em mais de 50%, para US$ 500 bilhões nos próximos cinco anos.

Até mesmo gestoras de ativos alternativos estabelecidas têm crescido em áreas da classe de ativos nas quais antes não tinham exposição, como infraestrutura e crédito privado.

Alcançar o sucesso nesse campo não será fácil para muitas empresas, que podem não ter o capital ou a capacidade de causar um impacto significativo no mercado.

Gestoras de ativos terão que repensar suas estratégias de negócios e fazer grandes investimentos para desenvolver produção em larga escala, aumentar a distribuição, reforçar a gestão de riscos e compliance, e criar produtos de nicho que lhes deem uma vantagem competitiva, disse a Bain.

As empresas também precisarão fazer mais para alcançar o crescente mercado de clientes ricos, uma tarefa que exige muito trabalho e altos custos, segundo a empresa.

“Haverá enormes diferenciações entre vencedores e perdedores”, disse Habbel. “Não se trata apenas de aumentar os ativos. As margens nos mercados privados são muito mais altas, de modo que a oportunidade é absolutamente gigantesca.”

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