Oferta pela 7-Eleven reforça apelo de empresas de consumo em onda global de M&A

Negócio que envolve rede de lojas de conveniência acontece uma semana depois de compra da Kellanova pela Mars por US$ 38 bi, e banqueiros esperam aumento de deals com queda do juro

A 7-Eleven convenience store, operated by Seven & i Holdings Co., in Tokyo, Japan on Thursday Jan. 18, 2024. Over the years, 7-Eleven evolved into a franchise that’s become part of the fabric of life in the island nation, offering affordable food, beverages and daily goods, as well as municipal and delivery services. Photographer: Noriko Hayashi/Bloomberg
Por Crystal Tse - Ben Scent
19 de Agosto, 2024 | 01:37 PM

Bloomberg — Negócios no setor de consumo estão mantendo os banqueiros ocupados durante os meses normalmente calmos do verão no hemisfério norte, o que sinaliza uma confiança crescente no mundo corporativo que pode ajudar a estender o renascimento dos deals nos próximos meses.

A Seven & i Holdings Co., controladora da 7-Eleven, subiu de valor na Bolsa de Tóquio nesta segunda-feira (19) depois de dizer que recebeu uma proposta de aquisição do proprietário da Circle K, o que elevou o valor de mercado da operadora japonesa de lojas de conveniência para cerca de US$ 38,5 bilhões.

O anúncio foi feito uma semana depois que a gigante de chocolates e doces Mars, de capital fechado, concordou em comprar a Kellanova, fabricante das batatas fritas Pringles, por cerca de US$ 36 bilhões, no maior negócio do ano.

Leia mais: M&A dos snacks: Mars acerta compra da Kellanova, ex-Kellogg, por US$ 36 bi

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Ambos os alvos atraem interesse após a pressão de investidores ativistas.

O mês passado já foi o julho mais movimentado em termos de fusões e aquisições em três anos, liderado pela compra de US$ 4,7 bilhões da fornecedora de peças Spirit AeroSystems pela Boeing e pela aquisição de US$ 8 bilhões em ativos de ar condicionado pela Bosch.

Mais de US$ 725 bilhões em negócios foram anunciados globalmente desde o início de junho, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“Tem sido um verão particularmente movimentado - especialmente em comparação com os últimos dois anos - e investidores podem sentir uma maior energia que retorna às negociações”, disse Elina Tetelbaum, sócia corporativa da Wachtell Lipton Rosen & Katz.

"Com os mercados e os investidores prevendo um corte na taxa de juros do Federal Reserve em setembro, acho que esse impulso positivo provavelmente continuará a se acelerar até o final do ano e até 2025."

Volume de M&As nos meses de verão no hemisfério norte caminham para maior resultado em três anos

Vários dos principais bancos globais - do JPMorgan Chase e do Citigroup até o Wells Fargo - relataram uma recuperação no trabalho de investment banking durante suas divulgações recentes de resultados trimestrais, uma vez que seus negócios tradicionais de empréstimos estão sob pressão.

O gigante canadense da previdência Omers disse na semana passada que montou seu maior fundo em décadas e está se preparando para uma retomada dos negócios à medida que as taxas de juros caem.

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O CEO do Morgan Stanley, Ted Pick, afirmou em julho que está “bastante otimista” quanto às perspectivas de uma recuperação das fusões e aquisições.

No setor de tecnologia, a Advanced Micro Devices (ADM) anunciou sua própria grande aquisição nesta segunda, ao concordar em comprar a fabricante de servidores ZT Systems por US$ 4,9 bilhões para reforçar os esforços da fabricante de chips para competir com a Nvidia (NVDA).

Leia mais: Mobly compra controle da Tok&Stok e cria líder em móveis com R$ 1,6 bi em receita

Mais negócios podem estar por vir: Edgar Bronfman Jr., herdeiro de uma fortuna de bebidas alcoólicas, está próximo de fazer uma oferta pela Paramount Global em um desafio de última hora à oferta acordada pela Skydance Media, segundo informou a Bloomberg News na semana passada.

As empresas de private equity também têm se mantido ocupadas. A Lone Star Funds adquiriu um negócio no ramo de incêndios de US$ 3 bilhões da Carrier Global na semana passada, enquanto a EQT vai adquirir o site imobiliário asiático PropertyGuru Group em um negócio de US$ 1,1 bilhão.

O Carlyle Group concordou no início deste mês em comprar a unidade de cuidados renais da Baxter International por US$ 3,8 bilhões, enquanto a CVC Capital Partners e a Nordic Capital estão se unindo para comprar a plataforma de investimentos britânica Hargreaves Lansdown por quase US$ 7 bilhões.

No Brasil, o Carlyle concordou, por meio da SPX Capital, que opera seus negócios de private equity no país, em um acordo para entrar como sócia minoritária da Mobly (MBLY3) na aquisição da Tok&Stokm, em um negócio que cria o maior player do mercado doméstico de móveis & decoração.

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