Jefferies planeja ampliar contratações e avalia abrir corretora no Brasil

Banco que abriu seu primeiro escritório no país em 2023 também considera montar uma equipe local de renda fixa para originar transações globais de títulos denominados em dólares

Sede da Jefferies em Nova York
Por Cristiane Lucchesi
31 de Julho, 2024 | 10:58 AM

Bloomberg — A Jefferies, banco de investimento dos Estados Unidos que abriu seu primeiro escritório no Brasil no ano passado, planeja mais contratações e avalia abrir uma corretora no país para dar suporte à distribuição local de ofertas de ações e dívida.

“Nossos clientes pediram para nós abrirmos um escritório no Brasil, e estamos muito felizes com a presença que construímos aqui desde abril do ano passado”, disse Alejandro Guevara, executivo responsável pelo banco no país, em entrevista à Bloomberg News.

A Jefferies está “explorando ativamente a possibilidade” de adicionar uma corretora às suas operações na maior economia da América do Sul, disse ele.

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Parte do plano é contratar mais um managing director para a equipe de banco de investimento que conta com dez pessoas no Brasil, que presta assessoria em fusões e aquisições (M&As) e serviços de mercado de capitais, incluindo coordenação em ofertas internacionais de ações e emissão de dívida para empresas brasileiras.

A Jefferies também considera montar uma equipe local de mercado de capital de renda fixa para ajudar a originar transações globais de títulos denominados em dólares.

Com 47 escritórios em 21 países, a Jefferies tem expandido sua presença global e, desde 2019, mais que dobrou o número de managing directors fora dos EUA e aumentou o total nos EUA em 58%, disse Guevara.

Em março, a Jefferies recrutou Rodrigo Lowndes, ex-executivo do Bank of America (BAC) com mais de 30 anos de experiência, como managing director no Brasil.

E, em junho, contratou quatro executivos para sua equipe de vendas de ações que anteriormente trabalharam juntos no banco de investimento canadense Canaccord, incluindo Leonardo Laport como managing director e responsável pelo negócio de ações no Brasil.

A Jefferies está se expandindo no Brasil em um ano fraco para ofertas de ações e fusões e aquisições, já que taxas de juros mais altas, juntamente com a volatilidade da moeda, têm prejudicado esses negócios.

A emissão total de ações caiu 13% até agora neste ano, para R$ 24,5 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Não houve uma única oferta pública inicial de ações (IPO) de uma empresa brasileira desde o fim de 2021.

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O Ibovespa (IBOV) cai cerca de 6% neste ano. Isso significa que a bolsa brasileira está atualmente sendo negociada com um desconto de 16 vezes, considerando a relação preço-lucro das ações, em relação ao S&P 500, disse Guevara.

“Acho que o mercado de ações brasileiro está relativamente barato”, disse Guevara, acrescentando que “quando as incertezas fiscais diminuírem, o investidor estrangeiro retornará”.

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A Jefferies já cobre cerca de 44 companhias no Brasil e 113 latino-americanas depois de comprar a empresa independente de pesquisa de ações Nau Securities no ano passado. A empresa nomeou o presidente da Nau, John Ferreira, como responsável por ações na América Latina.

A Jefferies também colabora com a unidade brasileira do Sumitomo Mitsui para oferecer crédito e produtos relacionados a seus clientes locais como parte de seu relacionamento global com o banco sediado em Tóquio. O Sumitomo aumentou sua participação acionária no banco de investimento sediado em Nova York de 4,5% para 15% no ano passado.

Guevara não quis comentar transações das quais a Jefferies participa, mas pessoas familiarizadas com o assunto disseram em fevereiro à Bloomberg News que a petroleira PetroReconcavo (RECV3) contratou o banco como assessor em uma possível fusão com empresas locais.

A Jefferies está entre os coordenadores de uma oferta pública em dinheiro, feita pela fintech de pagamento brasileira Stone, para comprar todas as suas notas de US$ 500 milhões com cupom de 3,950% e vencimento em 2028, de acordo com um documento da StoneCo.

O banco americano também assessora a chinesa Sinochem no seu plano de vender uma fatia de 40% no campo de petróleo e gás de Peregrino, na costa do Rio de Janeiro, disseram pessoas familiarizadas com o assunto na semana passada.

Guevara disse que vê o setor de infraestrutura como promissor e espera um aumento no fluxo de capital para segmentos como saneamento, estradas, ferrovias, portos e mobilidade urbana. Rodovias com pedágio, por exemplo, têm um pipeline de R$ 125 bilhões em investimentos, disse ele.

“Independentemente dos ciclos econômicos, altas taxas de juros ou preços de ações, os empresários brasileiros são verdadeiros empreendedores e estão sempre investindo e buscando inovar”, disse ele. “Eles estão comprometidos com o país.”

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