Crise da energia solar na China: excesso de oferta leva a espiral de quebras

Fabricantes entram em processo de reestruturação ou pedem falência diante de preços de mercado que estão abaixo dos custos de produção por causa da ampla oferta

Por

Bloomberg — Um número crescente de fabricantes chineses de equipamentos solares tem entrado em processo de reestruturação ou quebra, em um quadro de aumento do excesso de oferta e consequente guerra de preços, que causa enormes perdas financeiras e ameaça a sobrevivência de muitas empresas menores.

Uma subsidiária da Zhejiang Akcome New Energy Technology foi a mais recente a pedir o equivalente à falência na China, quando foi ordenada por um tribunal a realizar um processo de reorganização depois que um credor disse que o fabricante “não era capaz de pagar dívidas” e “claramente não tinha solvência”, de acordo com um registro da empresa controladora na segunda-feira (29).

O setor de energia solar da China, líder mundial, enfrentando uma onda de quebras e consolidação de empresas, já que a capacidade excessiva leva os preços para abaixo dos custos de produção.

Leia mais: Solfácil capta R$ 750 mi em CRI para financiar 20 mil projetos de energia solar

Nesta terça-feira (30), o Partido Comunista Chinês (PCC) prometeu suavizar o processo que permita a saída de mercado de equipamentos de produção ultrapassados e de baixa qualidade e evitar a concorrência desleal.

A China “deve fortalecer o mecanismo de mercado que permite que o superior vença e o inferior seja eliminado”, disse o PCC em uma declaração online.

Embora as grandes empresas, como a Longi Green Energy Technology, tenham até agora sobrevivido a bilhões de yuans em perdas, impondo paradas de produção e prmovendo demissões, empresas menores têm menos maneiras de preencher as rombos financeiros.

A quebra da Zhejiang Akcome Photoelectric Technology ocorre depois que outro fabricante menor, a Gansu Golden Solar, entrou em um processo de pré-reorganização no início de julho.

A Akcome vem registrando prejuízos líquidos todos os anos desde 2019 e, no mês passado, teve que suspender a produção de módulos solares e células em quatro de suas subsidiárias, incluindo o braço que agora foi forçado à falência, de acordo com seus registros de ações.

Leia mais: O que o setor de painel solar e o mercado podem aprender com o avanço da Nvidia

A Bolsa de Valores de Shenzhen encerrou a listagem da Akcome no mês passado, depois que suas ações foram negociadas abaixo de 1 yuan (US$ 0,14) por 20 dias consecutivos.

Na semana passada, um grupo do setor solicitou ao governo que implementasse medidas para facilitar uma consolidação mais rápida, incluindo não enviar ajuda financeira a empresas que estão prestes a falir. O grupo também incentivou as grandes empresas a comprarem fábricas menores.

Veja mais em bloomberg.com

©2024 Bloomberg L.P.