Bloomberg — O banco suíço Julius Baer contratou Stefan Bollinger para ser seu próximo CEO, uma escolha relativamente desconhecida para liderar a gestora de fortunas suíça, que ainda tenta resolver o escândalo imobiliário da Signa do ano passado.
Bollinger virá do Goldman Sachs (GS), no qual atua como codiretor de gestão de wealth para a Europa, Oriente Médio e África, com sede em Londres, disse o Julius Baer em um comunicado nesta terça-feira (23).
O executivo começará a exercer a função até 1º de fevereiro de 2025, disse o banco.
Leia também: Banco suíço quer abrir escritório em Portugal para atender estrangeiros ricos
A nomeação de Bollinger, de 50 anos, ajuda o presidente do conselho do Baer, Romeo Lacher, a definir um novo rumo após as revelações de novembro de que o banco havia acumulado uma exposição de US$ 700 milhões na Signa, ex-império de real estate de Rene Benko.
Depois de sofrer um corte acentuado nos lucros para 2023, o CEO anterior, Philipp Rickenbacher, deixou o cargo em fevereiro, com o CEO adjunto Nic Dreckmann dirigindo o banco desde então.
As ações sobem quase 11% no acumulado do ano, embora ainda não tenham se recuperado totalmente após a queda acentuada no fim do ano passado. O Baer tem cerca de 470 bilhões de francos suíços (US$ 528 bilhões) em ativos sob gestão.
A nova liderança do Baer dá continuidade ao reinício das finanças suíças após o colapso do Credit Suisse e sua subsequente aquisição pelo UBS no ano passado.
Um órgão regulador financeiro, a Finma, está na vanguarda dos esforços para colocar o setor em uma base mais sólida, em um momento em que os gestores de patrimônio enfrentam uma concorrência mais acirrada para administrar o dinheiro dos super-ricos globais de outros centros, como Hong Kong ou Dubai.
Experiência global
Bollinger, que é suíço, deixará o Goldman Sachs após duas décadas no banco de Wall Street, onde também foi sócio por 14 anos. Antes disso, trabalhou no JPMorgan e iniciou sua carreira no Zuercher Kantonalbank.
Sua nomeação traz ao banco um executivo experiente com carreira global, sendo que Bollinger já ocupou cargos em Hong Kong e Nova York. Baer disse que sua unidade no Goldman Sachs mais do que dobrou os ativos sob gestão nos últimos cinco anos.
Tradicionalmente, Baer tem se concentrado exclusivamente na gestão de patrimônio e, na última década, expandiu-se para a Ásia e o Oriente Médio depois de comprar os negócios de wealth do Merrill Lynch fora dos EUA e do Japão em 2013.
A escolha de Bollinger como CEO significa que o banco suíço optou por um candidato sem experiência na diretoria executiva de um grande banco de capital aberto.
“Dada a lacuna de liderança no Baer, uma clareza ligeiramente maior é útil”, disse Nicholas Hermann, analista do Citigroup em Londres, em uma nota. “Esperamos uma reação limitada do preço das ações, já que Bollinger provavelmente não será bem conhecido pelo mercado e parece improvável que haja uma atualização estratégica por 10 a 12 meses.”
O mandato de Rickenbacher foi inicialmente apresentado como um retorno à estabilidade depois de um escândalo sobre controles frouxos de lavagem de dinheiro sob o comando do ex-CEO, Boris Collardi.
O caso Benko, que veio à tona no final do ano passado, expôs a fragilidade dos controles de risco até o topo do banco.
As equipes que gerenciavam o risco de crédito se reportavam à mesma pessoa que os banqueiros responsáveis pelos empréstimos a clientes privados, como Benko, deixando um conflito de interesses no centro do banco. Desde então, o Julius Baer reformulou essas linhas de reporte e fechou a unidade de dívida privada responsável pelas perdas.
Veja mais em bloomberg.com