Bloomberg — O mundo está se afastando muito lentamente dos combustíveis fósseis para evitar mudanças climáticas severas, aumentando os riscos de que a eventual transição para a energia limpa seja “desordenada”, alertou a BP.
O consumo de combustíveis fósseis bateu recordes no ano passado, liderado pelo aumento da demanda de petróleo, disse a empresa em seu relatório anual Energy Outlook nesta quarta-feira (10).
Os países permanecem em uma fase de “ampliação no uso de energia” – aumentando seu consumo tanto de energia de baixo carbono quanto de combustíveis fósseis – e precisam passar para uma fase de “substituição”, disse a empresa.
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Se essa tendência continuar até o início da década de 2040, o mundo pode ter esgotado o chamado “orçamento de carbono”, que limitaria os aumentos de temperatura a 2ºC acima dos níveis pré-industriais, alertou a BP.
“Quanto mais tempo levar para o mundo passar para uma transição energética rápida e sustentada, maior será o risco de um ajuste desordenado”, disse Spencer Dale, economista-chefe da empresa. De acordo com o relatório, esse caminho poderia acarretar custos econômicos e sociais de grandes proporções.
A própria BP voltou a se concentrar em seu negócio tradicional de petróleo e gás no ano passado, um ajuste de seu plano anterior de mudar rapidamente para as energias renováveis sob o comando do ex-diretor executivo Bernard Looney.
Essa estratégia foi impedida pela oposição de alguns acionistas ativistas e por um aperto energético precipitado pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
O investimento em energia de baixo carbono aumentou 50% desde 2019, atingindo cerca de US$ 1,9 trilhão no ano passado, o que ajudou a geração de energia eólica e solar a quase dobrar durante o período, de acordo com o relatório.
No entanto, esse progresso não foi suficiente para atender à crescente demanda de energia, mesmo com o arrefecimento da taxa de crescimento.
As melhorias na eficiência têm sido "decepcionantes", com a quantidade de energia usada por unidade de atividade econômica diminuindo apenas 1% nos últimos quatro anos. A demanda global de petróleo deve continuar crescendo até o final da década e depois entrar em declínio, de acordo com o relatório.
A demanda global de petróleo atingiu níveis recordes de mais de 100 milhões de barris por dia em 2023, uma vez que as viagens e o transporte continuaram a se recuperar de sua queda durante a pandemia de covid e as economias emergentes aumentaram seu consumo de matérias-primas petroquímicas.
Mantida a trajetória atual, o consumo ficará próximo a esse nível até 2035 e, em seguida, começará a diminuir graças à adoção de veículos elétricos e à melhoria da eficiência de combustível, chegando a 75 milhões por dia em 2050.
Para atingir a meta climática global de emissões de zero carbono, o uso de petróleo teria de cair 70% até 2050, para cerca de 30 milhões de barris por dia, projetou a BP.
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