Armor reforça visão negativa para ativos do Brasil e abre aposta contra o real

Gestora de Alfredo Menezes diz em carta mensal que posição foi reforçada pela decisão dividida da última reunião do Copom e cita preocupações com ‘intervenções’ do governo

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Bloomberg — A Armor Capital, de Alfredo Menezes, reforçou o que descreveu como “pessimismo” com o Brasil e disse que abriu uma aposta contra a moeda brasileira, em meio à piora na percepção de risco sobre os ativos locais.

“O mês descreveu nosso viés”, disse a Armor em sua carta mensal de gestão. “Estamos otimistas em relação à bolsa americana, impulsionados pelo desempenho robusto de empresas de inteligência artificial, enquanto mantemos uma visão pessimista do cenário brasileiro.”

A visão negativa foi reforçada pela decisão dividida da última reunião do Copom, em que parte dos diretores votou por um corte maior da Selic, o que ampliou a cautela com a troca de comando do Banco Central prevista para o fim deste ano, com a saída de Roberto Campos Neto. A gestora também citou “preocupações com o intervencionismo do governo atual” para justificar a leitura.

“Esses fatores foram cruciais para a performance positiva observada no mês”, disse a gestora na carta. O fundo Armor Axe FIC teve ganho de 2,58% em maio, contra 0,83% do CDI.

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Posição contra o real

A Armor disse que, dado o aumento do prêmio de risco sobre os ativos locais e os consecutivos dados desfavoráveis de fluxo cambial, optou por montar uma posição vendida em real contra dólar - o que indica uma aposta que se beneficia com a desvalorização da moeda brasileira.

O dólar fechou os primeiros cinco meses do ano em alta e chegou ao patamar de R$ 5,38 na manhã desta segunda-feira (10) com novos ruídos fiscais.

Os fundos brasileiros ainda mantêm uma exposição vendida de US$ 3,6 bilhões no dólar, o que indica que ainda veem a possibilidade de que o câmbio melhore - com a apreciação do real. Essa posição, entretanto, já foi maior, tendo chegado à casa de US$ 17 bilhões no começo do ano.

A gestora segue com posição comprada em peso mexicano, que ganha com a valorização da moeda daquele país. Também manteve posições em títulos externos de bancos brasileiros, créditos bancários locais e títulos de médio prazo indexados à inflação, segundo a carta.

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