Bloomberg — Mesmo com as Maldivas nas proximidades, Seychelles tem se esforçado para se tornar o destino de férias mais exclusivo do Oceano Índico.
Localizado na costa leste da África e acessível por voos diretos da Europa e do Oriente Médio, o arquipélago de 115 ilhas das Seychelles é considerado um destino remoto para muitos dos viajantes mais abastados do mundo: está a cerca de 13.600 quilômetros de Nova York e a aproximadamente 8.160 quilômetros de Londres.
Para aqueles que fazem a longa viagem, as recompensas são amplas. Os resorts em ilhas privadas, praias de areia branca, mergulho e formações rochosas curiosas (tanto acima quanto abaixo da água) são todos de classe mundial sem estarem superlotados.
Para o governo, essas atrações também são uma oportunidade incomparável. O turismo já é a maior fonte de emprego e de moeda estrangeira em todo o país.
Ao focar sua indústria do turismo em menos visitantes, mas em turistas que gastam mais — como muitos outros destinos populares ao redor do mundo estão fazendo agora —, o objetivo é aumentar a demanda por emprego e a entrada de capital estrangeiro de forma sustentável.
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Em uma entrevista à Bloomberg, durante uma conferência regional nas ilhas Maurício no início de maio, o ministro das Relações Exteriores e do Turismo, Sylvestre Radegonde, disse que gostaria de ver um teto de cerca de 450.000 a 500.000 turistas por ano a médio e longo prazo.
Os números, ele explica, refletem suas opiniões pessoais e não uma política oficial, e ainda deixam espaço para o crescimento do turismo a partir de seu estágio atual: em 2023, o país recebeu 350.879 visitantes, 6% a mais do que em 2022.
As ambições das Seychelles são mais claramente visíveis no pipeline de construção hotéis. Por um lado, o governo impôs uma moratória nas licenças para novos empreendimentos; o pouco que está sendo aprovado foca no segmento de altíssimo padrão.
Um exemplo é o recém-inaugurado Waldorf Astoria Seychelles Platte Island, construído a um custo superior a US$ 200 milhões e que recebeu seus primeiros visitantes. Ele é acessível apenas por avião particular.
De seus 50 chalés à beira-mar, com serviço de mordomo, os hóspedes podem avistar baleias jubarte ao longe; muitos quartos têm janelas do chão a teto que se abrem para piscinas privativas e chuveiros ao ar livre.
Até o final do ano, a LVMH abrirá no país a sexta unidade do resort Cheval Blanc no mundo, ao longo das praias intocadas da costa sudoeste de Mahé. Seus 52 chalés com vista para a selva e o oceano terão acesso a um simulador de surfe e um spa Guerlain, entre outros privilégios.
“Nas Seychelles, miramos na qualidade sobre a quantidade. Essa é a política que adotamos. Essa é a política que continuará daqui em diante”, diz Radegonde.
Os novos empreendimentos incluem também dois hotéis Four Seasons, um Kempinski, um Six Senses e um Raffles já em operação no país. Em vários deles, os quartos custam mais de US$ 1.700 por noite, mas os novos hotéis terão preços ainda mais elevados.
O novo Waldorf Astoria começa com diárias em torno de US$ 2.200; o Cheval Blanc deve custar cerca de US$ 3.000 por noite — valor que um visitante de Seychelles costuma gastar em média em sete dias.
“Todos esses hotéis nos ajudarão a continuar atraindo visitantes de alto padrão”, diz Radegonde. “Nem todos podem vir para as Seychelles. É preciso merecer.”
Ao enfatizar a qualidade em vez da quantidade, as Seychelles estão seguindo um manual estabelecido por vários outros destinos populares, desde o Havaí até as ilhas espanholas.
O ministro ressalta que o foco em resorts ultra-luxuosos não deixará para trás os muitos estabelecimentos familiares das ilhas, que atualmente compõem a maioria da oferta hoteleira das Seychelles.
O plano é ajudar essas empresas locais a elevarem seus padrões, diversificarem as ofertas e aumentarem a receita.
Uma maneira de fazer isso, diz ele, é ajudando-os a explorar experiências culturais, com a oferta de aulas de culinária e dança, visitas a mercados de artesanato e workshops destacando as tradições artísticas das ilhas.
Em última análise, limitar os quartos de hotel e os visitantes entrantes deve refinar a qualidade de ambos em conjunto. Ele diz que será a melhor maneira de “manter as Seychelles como são”.
“As pessoas viajam para as Seychelles por causa do meio ambiente, da limpeza, da cultura”, explica Radegonde. “Ainda hoje, você pode se encontrar em uma praia, na ilha principal, sozinho.”
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