Duelo de titãs: Paul Singer monta posição no SoftBank e faz pressão sobre Son

Elliott Management, do bilionário investidor ativista, volta a se tornar acionista relevante do grupo japonês e pressiona por um programa de recompra de ações de US$ 15 bilhões

Paul Singer
Por Aya Wagatsuma - Min Jeong Lee
05 de Junho, 2024 | 09:25 AM

Bloomberg — A Elliott Management, de Paul Singer, montou uma participação considerável no SoftBank e passou a pressionar a empresa de investimentos japonesa a lançar um programa de recompra de US$ 15 bilhões, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.

O investidor ativista americano acumulou uma participação no valor de mais de US$ 2 bilhões e tem conversado com executivos da SoftBank nos últimos meses, disseram as pessoas.

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A Elliott argumenta que uma recompra de ações dessa magnitude ajudaria o fundador Masayoshi Son a sinalizar ao mercado sua confiança no SoftBank. As ações subiram 4,6% em Tóquio nesta quarta (5).

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É a segunda vez que a empresa de Paul Singer tem como alvo o SoftBank, que está entre os maiores e mais influentes investidores em tecnologia do mundo. A Elliott acumulou uma participação de cerca de US$ 3 bilhões em 2020 - e depois o SoftBank aumentou drasticamente seu ritmo de recompras. Mais tarde, a Elliott vendeu grande parte de sua participação na empresa com sede em Tóquio.

Masayoshi Son, fundador e CEO do SoftBank, um dos grandes investidores em empresas de tecnologia no mundo (Foto: Toru Hanai/Bloomberg)dfd

Representantes do SoftBank e da Elliott não quiseram comentar. O Financial Times noticiou anteriormente nesta quarta o investimento da Elliott no grupo japonês.

O movimento da Elliott - o mais recente de uma série de negócios japoneses para a empresa - ocorre em meio a um ressurgimento do interesse de investidores ativistas no país. Isso também ocorre no momento em que o SoftBank se prepara para se tornar mais agressivo novamente em investimentos em IA e outros campos, após uma alta no valor de ativos importantes, incluindo a empresa de chips Arm Holdings.

A ascensão da Arm e o impulso que ela representa ao valor dos ativos líquidos da holding, por outro lado, propiciam à SoftBank menos motivos para realizar recompras, disse Marvin Lo, analista da Bloomberg Intelligence. Os investidores podem estar mais inclinados a se concentrar na estratégia de longo prazo do SoftBank, em vez de nos retornos de curto prazo, disse ele.

“O SoftBank não realizou recompras de ações quando a empresa estava em um modo de defesa. As chances de fazer isso agora podem ser pequenas, dado que Masayoshi Son está pronto para uma estratégia all-in em IA”, disse ele sobre ativos em Inteligência Artificial.

As ações da SoftBank haviam atingido ¥ 9.000 por ação antes da notícia da Elliott, muito acima da faixa de ¥ 5.000 a ¥ 7.000 dos últimos dois anos.

A Elliott mira o SoftBank em parte devido a uma grande diferença entre o valor de mercado da empresa e o valor líquido de seus ativos - algo que o próprio Son tem repetidamente apontado para argumentar que as ações da empresa estão subvalorizadas.

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O gestor sênior de portfólio baseado em Londres Nabeel Bhanji, que tem sido fundamental na orientação dos investimentos da Elliott em Tóquio, administra a posição da empresa.

“O número principal de US$ 15 bilhões em recompras atrairá muitos compradores”, disse Andrew Jackson, chefe de estratégia de ações do Japão na Ortus Advisors. “Eles claramente estão falando sério, de modo que isso tem o potencial de ganhar força.”

Mas Son pretende partir para a ofensiva novamente após anos de erros no Vision Fund, o fundo de investimento que ele criou para apostar bilhões de dólares em startups.

O fundo tem vendido e reduzido constantemente os ativos de seu portfólio, à medida que Son volta seu foco para a IA e os semicondutores.

A SoftBank acumulava uma reserva de caixa de ¥ 6,2 trilhões (cerca de US$ 40 bilhões) no fim de março. Sua relação empréstimo/valor caiu para 8,4%, perto de uma baixa recorde e muito aquém da meta da empresa de 25%. Essa é uma das métricas favoritas de Son para determinar se a empresa está equilibrando de forma adequada os riscos e as oportunidades.

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A empresa tem planos para boa parte desse capital. Son busca até US$ 100 bilhões para financiar um empreendimento de chips para competir com a Nvidia e fornecer semicondutores essenciais para a IA, informou a Bloomberg News em fevereiro.

A empresa japonesa também está em negociações para adquirir a startup britânica de semicondutores Graphcore, informou a Bloomberg News.

"A empresa tem espaço para investir até US$ 30 bilhões, desde que mantenha sua relação empréstimo/valor abaixo de 30%", disse Lo.

- Com a colaboração de Winnie Hsu, Dinesh Nair e Momoka Yokoyama.

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