Bloomberg Opinion — Menos de 15 meses após a mais recente crise bancária do mundo, os órgãos reguladores dos Estados Unidos e da Europa já se preparam para reverter as reformas destinadas a reduzir o risco de novos desastres financeiros. Trata-se de um erro grave.
A questão é onde os bancos obtêm seu dinheiro. A maior parte é emprestada de depositantes e outros credores. Se o pagamento dos empréstimos não for efetuado em dia, pode ocorrer uma crise mais ampla.
O restante, conhecido como patrimônio líquido ou capital, vem de acionistas que estão prontos para absorver as perdas. Quanto mais acionistas, maior será a capacidade dos bancos de inspirar confiança e continuar como credores mesmo nos piores momentos.
O problema é que os executivos preferem empregar o mínimo de capital próprio e o máximo de dívida possível, pois isso maximiza os subsídios do governo e aumenta as medidas de lucratividade durante os tempos de bonança.
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Após a crise das hipotecas subprime de 2008, os órgãos reguladores de todo o mundo reconheceram que o capital estava lamentavelmente em falta. Por meio do Comitê de Supervisão Bancária de Basileia, eles concordaram em impor novos padrões conhecidos como Basileia III.
Os níveis de capital aumentaram significativamente, atingindo um pico de cerca de 7% dos ativos entre os maiores bancos americanos – embora isso ainda fosse menos da metade do que a pesquisa e a experiência sugerem que seria necessário para enfrentar uma crise grave. A Europa ficou para trás, mal ultrapassando 5% dos ativos (de acordo com a medida mais comparável).
Tanto a Europa quanto os EUA entraram agora no último estágio das reformas do padrão Basileia III. Seu objetivo principal é tornar mais rígidos os requisitos para os índices de capital “baseados em risco”, que buscam levar em conta o risco dos ativos de um banco, mas que se mostraram vulneráveis à manipulação.
A União Europeia concordou, em sua maior parte, com uma versão diluída – contrária à orientação de economistas e reguladores – que entrará em vigor em janeiro de 2025.
Em 2023, os órgãos reguladores dos EUA apresentaram uma proposta um pouco mais ambiciosa, que poderia ter aumentado os índices de patrimônio líquido em relação aos ativos dos maiores bancos em cerca de um ponto percentual.
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Infelizmente, esse esforço foi paralisado, graças, em parte, a falhas de projeto e ao lobby agressivo dos bancos. Em resposta, algumas autoridades da Europa – desde burocratas de Bruxelas até o presidente francês Emmanuel Macron – sugerem que a UE deve adiar ou flexibilizar suas regras se os EUA não agirem, com o argumento de que isso colocará seus próprios bancos em desvantagem.
Esses argumentos não são convincentes. Bancos frágeis não são uma vantagem competitiva, como ficou claro com o recente colapso do Credit Suisse e os problemas em outras partes da Europa.
As instituições financeiras europeias ainda têm menos patrimônio líquido do que as americanas, que são pouco capitalizadas. Nos níveis atuais, qualquer aumento traria um benefício econômico líquido. Quanto mais os bancos tiverem, menores deverão ser seus custos de financiamento de capital e dívida.
O objetivo das reformas do padrão Basileia era que o mundo avançasse simultaneamente em direção a um sistema financeiro global mais forte. Tanto a UE quanto os EUA devem reconhecer que suas decisões têm consequências que ultrapassam suas fronteiras.
O Conselho Editorial publica as opiniões dos editores sobre uma série de assuntos de interesse global.
— Editores: Mark Whitehouse, Timothy Lavin.
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