O ex-banqueiro de Wall St que lidera o plano global desta gigante de Abu Dhabi

Klaus Froehlich, ex-Morgan Stanley, conta em entrevista à Bloomberg News o racional da estratégia de M&A da Adnoc, que foi uma das candidatas a comprar o controle da Braskem

Adnoc
Por Dinesh Nair - Eyk Henning
01 de Junho, 2024 | 05:53 AM

Bloomberg — A Abu Dhabi National Oil Co. (Adnoc), a gigante estatal do petróleo que sustenta a economia em expansão dos Emirados Árabes Unidos, tornou-se um dos negociadores mais ativos em operações de fusões e aquisições (M&As) do setor de energia, na tentativa de se tornar global.

Mas, nos últimos meses, a paralisia dos negócios, incluindo a desistência de uma oferta pela Braskem (BRKM5), levou a especulações de que a Adnoc havia perdido o ímpeto. Não é bem assim, segundo Klaus Froehlich, ex-banqueiro que passou 17 anos no Morgan Stanley e que lidera a maioria dos planos de expansão internacional da Adnoc.

Embora a empresa sempre seja disciplinada, ela está “a todo vapor” com sua expansão e busca um “pipeline de negócios saudável”, disse Froehlich, diretor de investimentos da Adnoc, à Bloomberg News em uma rara entrevista.

“A Adnoc tem executado o seu plano e criado um portfólio de negócios em verticais importantes de gás, GNL [gás natural liquefeito], produtos químicos e renováveis e, pouco a pouco, o quebra-cabeça está se encaixando”, disse ele no início de maio.

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Antes de assumir a estratégia de investimentos na Adnoc, Froehlich trabalhou também três anos como CFO do Saudi Binladin Group e teve passagens também pelo BNP Paribas e pelo Deutsche Bank.

O CEO da Adnoc, Sultan Al Jaber, transformou a maior empresa produtora de petróleo do país nos últimos anos.

Ele levantou bilhões de dólares para a companhia ao vender ações de algumas de suas principais unidades e conseguiu que investidores internacionais, como a Brookfield Asset Management e a KKR, investissem na infraestrutura da empresa. Al Jaber também é o principal arquiteto por trás do plano de expansão internacional da Adnoc.

A gigante do setor de energia anunciou uma série de aquisições como parte de um plano de investimento de US$ 150 bilhões até 2027 para expandir sua presença no país e ampliar seu alcance internacional.

O mês de maio foi marcado por uma enxurrada de negócios. A Adnoc comprou uma participação no projeto de exportação de GNL da NextDecade, no Texas, sua primeira aquisição nos Estados Unidos, que também lhe dá um contrato de fornecimento de 20 anos.

A empresa também concordou em comprar uma participação de 10% em um projeto de gás natural em Moçambique. Separadamente, a Adnoc vendeu ações no valor de US$ 935 milhões em uma oferta secundária de sua unidade de perfuração, aumentando o free float da empresa (ações em circulação no mercado) para mais de 16% do capital.

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"Acreditamos muito no gás e em seu futuro como combustível de transição. Para otimizar nosso negócio de GNL hoje e ser um fornecedor confiável para nossos clientes, precisamos ter posições em nível global", disse Froehlich.

Nos últimos meses, por outro lado, a Adnoc se afastou de uma possível aquisição no Brasil, após desistir da aquisição da fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem (BRKM5), e suspendeu um acordo em Israel. As conversas sobre transações com a Covestro, da Alemanha, ou com a OMV, da Áustria, também parecem ter sido interrompidas.

“Entramos em cada negócio com a expectativa de que possamos realizá-lo, mas não será comprometendo nossos padrões de valor e disciplina”, disse Froehlich.

As ambições internacionais da Adnoc estão estreitamente alinhadas com sua estratégia de expansão doméstica, em que aumenta a capacidade de GNL no projeto Ruwais, de acordo com Froehlich.

Negócios com produtos químicos

No setor de produtos químicos, a Adnoc teve - ou ainda tem - as negociações para comprar a alemã Covestro e, em uma transação separada, fundir sua empresa petroquímica nacional Borouge com a rival Borealis, que é controlada pela empresa austríaca de petróleo e gás OMV.

Froehlich não quis comentar sobre o status atual das negociações com a Covestro, mas disse que a empresa era “uma ótima plataforma com uma equipe de gestão fantástica”.

A Adnoc acredita “firmemente no futuro do setor de produtos químicos - derivados de hidrocarbonetos, mas também, cada vez mais, de matérias-primas circulares e biomassa”, disse ele.

Com sede em Leverkusen, no oeste da Alemanha, a Covestro trabalha em formas sustentáveis de materiais e usa matérias-primas recicladas e energia renovável em sua produção.

Sobre a OMV, na qual a Adnoc adquiriu uma participação de 25% do Mubadala, também de Abu Dhabi, Froehlich disse que a campeã austríaca de petróleo e gás é um “grande investimento em uma empresa pouco valorizada”. A Adnoc vê valor de longo prazo na parceria que, segundo Froehlich, é “muito importante para nós”.

Questionado sobre uma fusão entre a Borouge, empresa petroquímica da Adnoc, e a Borealis, unidade de poliolefinas da OMV, Froehlich enfatizou que ambas as partes precisam estar alinhadas e considerá-la benéfica. “A OMV e a Adnoc podem fazer muitas coisas juntas”, disse ele.

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