Sergio Rial se junta à Crescera Capital em novo desafio após a Americanas

Ex-CEO de Santander e Americanas se torna sócio de gestora e revela planos de contribuir com investidas do portfólio; ‘acredito muito nas pequenas e médias empresas’, disse à Bloomberg Línea

Executivo comandou o Santander Brasil no ciclo de expansão do crédito com taxa Selic de 2% ao ano, antes de aceitar o cargo de CEO da Americanas
19 de Maio, 2024 | 12:52 PM

Bloomberg Línea — O executivo Sergio Rial passou a integrar o time de sócios da gestora Crescera Capital (ex-Bozano), que tem R$ 4,3 bilhões sob gestão, em que pretende contribuir com o lançamento de novos fundos, ao lado do sócio Sérgio Eraldo, ex-Bozano e fundador da Legend Capital, segundo postagem em seu perfil no LinkedIn na noite de sábado (18).

Em comentário enviado à Bloomberg Línea, Rial confirmou as informações publicadas na rede social e falou mais de sua missão diante do novo desafio.

“Acredito muito nas pequenas e médias empresas, não obstante a importância e o valor das grandes corporações, e espero colocar minha experiência junto com a dos meus sócios, à disposição de várias ajudando cada companhia a executar seus planos”, disse.

O novo passo de Rial, que comandou o Santander Brasil (SANB11) entre janeiro de 2016 a dezembro de 2021, ocorre cerca de 16 meses após o executivo renunciar ao cargo de CEO da Americanas (AMER3), em 11 janeiro de 2023, e expor um rombo bilionário na contabilidade do grupo varejista.

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Investidas em varejo, educação, saúde e tech

A Crescera atua no mercado desde 2008 como gestora independente de private equity e venture capital com cerca de R$ 4,3 bilhões sob gestão, segundo seu site. A empresa foi fundada com a união da BR Investimentos (do ex-ministro Paulo Guedes), da Mercatto e da Trapezus. Em 2019, depois da saída de Guedes, passou a usar o nome Crescera.

Entre as empresas investidas listadas no portfólio da gestora, estão Tembici, Vitru Educação, Grupo Zelo, Semantix, Plural Care, 77Sol, Bom Consórcio, Salus Participações, entre outras.

“Tenho grande satisfação de poder aportar experiência onde posso. Por isso, acredito nas gestoras que, mais do que provedoras de capital, se interessam em fazer parte da construção da história de tanta gente valente”, escreveu Rial.

“Me juntei recentemente à Crescera juntamente com meu amigo e agora sócio Sérgio Eraldo (ex-Bozano e fundador da Legend), para juntamente com sócios atuais de muita experiência e valor, podermos ajudar a longevidade dos negócios de médio porte, grande motor gerador de empregos, juntamente com as pequenas empresas e microempreendedores”, acrescentou.

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Em sua postagem, Rial discorreu sobre os dilemas enfrentados pelo mundo dos negócios no Brasil em um contexto de aperto monetário e riscos de mudança de cenário macroeconômico.

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“Em uma economia com juros de dois dígitos e spreads ainda maiores, o ângulo equity é desafiado a cada decisão de negócio. E equity nada mais é que o combustível de quem sonhou e de quem compartiu do mesmo sonho. Tem que ser tratado com todo o cuidado, já que o percurso poderá ser mais longo do que se imaginava. Aliás, sempre é”, afirmou o executivo.

Cuidados com alavancagem

Rial também alertou sobre o risco da alavancagem elevado e da necessidade de as companhias terem flexibilidade para se adaptar a diferentes contextos.

“Cada R$ 1 adicional de dívida, por conta de crescimento legítimo, pode acarretar em um futuro difícil. Em qualquer modelo de negócio, não podemos planejar um único cenário econômico e sim preparar o modelo de negócio para qualquer cenário. No caso da dívida, o pagamento independe do que aconteça. Ela tem data marcada”, observou Rial.

Ele faz referência ao aumento das despesas financeiras de companhias brasileiras nos últimos três anos, quando a taxa Selic saiu do piso histórico de 2% ao ano (em março de 2021) para o pico de 13,75% (agosto de 2022 a agosto de 2023), antes de iniciar um ciclo de cortes — hoje está em 10,50%.

Nesse período, diversas empresas, principalmente do varejo, mais sensível à política monetária, entraram em processos de renegociação de dívidas ou recuperação judicial.

“Como se na vida de negócios pudéssemos escolher entre crescer receita e cortar custos. Como se na vida um sonho pudesse ser encapsulado em uma planilha. A magia do sucesso ou do fracasso transcende ao power point”, escreveu o executivo.

Na Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a Crescera é listada como participante de dois grupos de trabalho — um sobre FIP (Fundos de Investimento em Participações) voltado para o varejo e outro sobre a resolução do Banco Central de nº 229, sobre cálculo de requerimento de capital para exposições ao risco de crédito.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.