Bloomberg — Após se divorciar de Jeff Bezos em 2019, MacKenzie Scott revolucionou a filantropia dos bilionários, fazendo grandes doações a pequenas instituições de caridade a um ritmo acelerado com sua fortuna de US$ 36 bilhões.
Agora, o mundo da filantropia espera outra mudança significativa de Melinda French Gates, que está armada com US$ 12,5 bilhões para aplicar em seu próprio trabalho de caridade, independente da Fundação Bill & Melinda Gates.
French Gates receberá essa vasta quantia diretamente de seu ex-marido, Bill Gates, cofundador da Microsoft (MSFT), após deixar a Fundação Gates no próximo mês. Ainda não está claro quando ou em que forma ela receberá esses bilhões, e os representantes de French Gates se recusaram a dar detalhes.
Mas isso não diminuiu as especulações.
“Estou animada”, disse Latanya Mapp, CEO da Rockefeller Philanthropy Advisors. “Ela é uma boa amiga de MacKenzie, então tudo o que podemos esperar é mais desse tipo de pensamento, como confiar em nossos parceiros. Sabemos como pouco vai para organizações de base de mulheres.”
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French Gates, de 59 anos, passou mais de duas décadas ajudando a construir a Fundação Gates — que mudará de nome após a saída dela em junho — em uma das maiores e mais influentes instituições de caridade do mundo.
Somente em 2024, o orçamento da fundação é de US$ 8,6 bilhões, distribuindo dinheiro para suas 42 estratégias de programas, incluindo saúde global e questões de gênero, que é a principal causa de French Gates.
Mapp disse que suspeita que French Gates só permaneceu na Fundação Gates por três anos após o divórcio do casal em 2021 porque queria expandir o programa de gênero. Logo após anunciar o divórcio, os Gates disseram que estavam comprometendo US$ 2,1 bilhões para promover a igualdade de gênero.
French Gates ajudou a construir “infraestrutura real e um lugar para gênero lá”, disse Mapp. “Não acho que essa foi uma decisão do tipo ‘acordei este fim de semana e decidi sair’.”
Pivotal Ventures
Em 2015, French Gates iniciou uma empresa chamada Pivotal Ventures, que usa subsídios e capital de risco para focar no empoderamento das mulheres, incluindo a inserção de mais mulheres em empregos na área de tecnologia e cargos políticos. A Pivotal se comprometeu a investir US$ 1 bilhão para “expandir o poder e a influência das mulheres” nos EUA, segundo seu site.
Alguns acreditam que French Gates deve adotar uma postura mais política após a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubar a decisão do caso Roe v. Wade, que liberava o aborto. Em nota no X (antigo Twitter) anunciando sua saída, ela escreveu: “Este é um momento crítico para mulheres e meninas nos EUA e ao redor do mundo — e aqueles que lutam para proteger e avançar a igualdade precisam urgentemente de apoio.”
Ben Soskis, pesquisador sênior no Urban Institute, disse que French Gates possivelmente quer focar sua energia na Pivotal devido à sua forma. Uma empresa “tem mais liberdade para fazer doações políticas e realizar investimentos lucrativos do que uma fundação,” disse Soskis, que recebeu financiamento da Gates Foundation.
Em 2022, French Gates iniciou um braço chamado Pivotal Philanthropies Foundation com US$ 626 milhões em ativos. Um porta-voz da Pivotal disse que o formato de fundação “dá [a French Gates] a capacidade de apoiar mais organizações alinhadas com a missão da Pivotal de avançar o progresso social.”
Para contextualizar a escala do novo poder de French Gates, sua fundação — se começasse do zero com US$ 12,5 bilhões — seria a sexta maior dos EUA, segundo Elizabeth Dale, professora associada de assuntos públicos e liderança no setor sem fins lucrativos na Seattle University.
A Pivotal concedeu US$ 8,8 milhões em subsídios em 2022, incluindo US$ 500.000 para a Me Too International para “fortalecer a capacidade de um movimento global e liderado por sobreviventes contra a violência sexual” e US$ 75.000 para a Neo Philanthropy para “aumentar a conscientização pública sobre mulheres de cor transformando a democracia.”
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As maiores doações foram de US$ 2 milhões — uma quantia pequena em comparação com as dezenas de milhões de dólares que Scott às vezes doa de uma só vez.
Um dos grupos que recebeu US$ 2 milhões foi o Allied Media Projects, para apoiar o Projeto de Descolonização da Riqueza, “um programa de educação em equidade racial.”
Modelo MacKenzie
Edgar Villanueva, CEO do Projeto de Descolonização da Riqueza, disse que a forma como a Pivotal realiza suas doações é mais próxima do modelo de MacKenzie Scott.
Enquanto Scott tende a surpreender as ONGs com grandes cheques e poucos requisitos de relatórios ou restrições de gastos, a Fundação Gates é conhecida por ser mais burocrática, ele disse.
“Gates pode ser muito rígida e exigir muito dos beneficiários em termos de relatórios e dados,” disse Villanueva. “A Pivotal tem sido mais um modelo de co-investidora, apostando nas comunidades e não exigindo tanto em termos de relatórios.”
French Gates e Scott, de 54 anos, já trabalharam juntas antes. Em 2020, elas se uniram no desafio “Equality Can’t Wait”, que solicitou propostas de organizações sobre como gastar US$ 10 milhões para acelerar o empoderamento das mulheres.
A dupla, juntamente com outros parceiros, está agora financiando os US$ 45 milhões iniciais para a construção de um plano de melhoria de parques em Seattle.
Scott, que não respondeu a um pedido de comentário, tem uma fortuna de US$ 38,5 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. French Gates tem um patrimônio líquido de US$ 13,4 bilhões.
Mapp disse que espera que as mulheres colaborem mais e está ansiosa para ver como se desenrolará esta nova fase de doações independentes de French Gates.
“Ela pode ser mais ousada, mais vocal e mais desinibida porque não está presa à burocracia,” disse Mapp. “Esperamos vê-la trabalhando mais com a MacKenzie.”
Villanueva concorda. “Vejo ela se unindo mais com MacKenzie Scott,” disse ele. “Sou um grande fã da forma como a MacKenzie faz suas doações.”
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