Bloomberg — O UBS voltou a lucrar depois de dois trimestres de prejuízo, com ambos os braços de gestão de patrimônio (wealth management) e investment banking contribuindo para um resultado acima do esperado em meio à integração do Credit Suisse.
O banco com sede em Zurique informou que o lucro líquido do primeiro trimestre foi de US$ 1,8 bilhão, em comparação com estimativas de analistas de US$ 598 milhões - ou seja, três vezes o valor.
A unidade-chave de wealth management teve entrada líquida de ativos melhor do que o esperado, no valor de US$ 27 bilhões, enquanto a área de investment banking relatou um desempenho positivo nos Estados Unidos que ajudou a obter o primeiro lucro desde a aquisição do ex-rival suíço.
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As ações do UBS chegaram a subir mais de 8% após a divulgação do balanço trimestral na manhã desta terça-feira (7) em Zurique.
Com o banco visando a conclusão da fusão legal com o Credit Suisse até 31 de maio, um conjunto sólido de resultados vai apoiar o CEO do UBS, Sergio Ermotti, enquanto ele lida com uma perspectiva regulatória mais restrita.
O governo suíço propôs no mês passado um aumento nos níveis de capital que o UBS é obrigado a manter, podendo chegar a US$ 20 bilhões.
Dado que a implementação das novas regras provavelmente ocorrerá somente em 2026, no mínimo, Ermotti sinalizou que o UBS pretende devolver cerca de US$ 2 bilhões aos investidores nos próximos dois anos.
“Também estamos vendo bom impulso com os clientes, com entrada de recursos em todos os nossos negócios, e nosso capital está forte, nos permitindo continuar a seguir com nossos planos de devolução de capital”, disse Ermotti em uma entrevista à Bloomberg TV nesta terça-feira (7).
Um grande impulso para o desempenho veio de uma reavaliação contínua dos ativos e passivos que o UBS adquiriu como parte da aquisição do Credit Suisse no ano passado.
O banco também registrou um ganho de US$ 272 milhões na unidade dedicada ao encerramento das atividades do Credit Suisse, relacionado à venda de ativos para a Apollo Global Management.
Excluindo esses efeitos, “as principais divisões da operação apresentaram apenas um desempenho levemente superior”, escreveram analistas do KBW, incluindo Thomas Hallett, em uma nota. “Dito isso, não prevemos grandes quedas nos lucros do grupo, algo que foi tema principal nos trimestres anteriores.”
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Em suas projeções, o UBS sinalizou que a mudança no ambiente de taxas de juros dos bancos centrais está começando a afetar os ganhos com empréstimos. Neste contexto, o banco espera que a receita de juros líquidos diminua na gestão de patrimônio e nos bancos de varejo e corporativos.
Sobre a integração, o UBS informou que obteve cerca de US$ 1 bilhão em economias de custos no primeiro trimestre e que planeja atingir outros US$ 1,5 bilhão até o final de 2024.
A receita na unidade de gestão de patrimônio subiu para US$ 6,1 bilhões no trimestre, ante US$ 5,6 bilhões ao fim de dezembro. Segundo o banco, as Américas, a Suíça e a região da Ásia-Pacífico impulsionaram o resultado.
O banco de investimento do UBS registrou lucro antes de impostos de cerca de US$ 555 milhões, em comparação com a estimativa de analistas de US$ 398 milhões.
Já a receita na unidade do banco de investimento que abriga serviços de consultoria, bem como os mercados de capitais de dívida e ações, aumentou 52% em relação ao ano anterior. Na gestão de ativos, o lucro antes de impostos ficou em US$ 111 milhões, abaixo das estimativas.
Aperto na regulação
O Conselho Federal Suíço deseja que os bancos sistemicamente importantes retenham significativamente mais capital para suas unidades no exterior, a fim de se proteger contra riscos futuros.
O UBS enfrenta um impacto de capital de cerca de US$ 20 bilhões se as reformas entrarem em vigor. As propostas visam tornar o setor bancário do país mais seguro e tratar de uma vulnerabilidade que ajudou a acelerar o colapso do Credit Suisse no ano passado.
Executivos do UBS se manifestaram contra a necessidade de mais capital. O presidente do UBS, Colm Kelleher, disse no mês passado que a proposta é o “remédio errado” para o fracasso do Credit Suisse, acrescentando que o banco está “gravemente preocupado” com algumas discussões em torno de buffers adicionais.
O banco informou que sua taxa CET1, uma medida de força de capital, era de 14,8% no final do trimestre. Na entrevista, Ermotti disse que é muito cedo para discutir em detalhes o impacto das novas regras.
- Com a colaboração de Macarena Muñoz, Paula Doenecke e Allegra Catelli.
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