Bloomberg — Há cerca de três décadas, um grupo de dealmakers do Citigroup (C), incluindo Donald Mackenzie, Steven Koltes e Rolly van Rappard, deixou o gigante de Wall Street para seguir seus próprios caminhos.
Essa decisão provou ser muito lucrativa tempos depois, com o trio agora entre os maiores beneficiários da oferta pública inicial (IPO) da CVC Capital Partners nesta semana.
Os três sócios fundadores compõem a maior parte da fortuna de cerca de US$ 4,4 bilhões que figuras sêniores da CVC Capital detêm por meio de participações divulgadas na empresa de private equity, depois que começou a ser negociada a 17,34 euros (US$ 18,60) por ação na sexta-feira (26), de acordo com o índice de bilionários da Bloomberg.
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Mackenzie também embolsou pelo menos US$ 175 milhões ao vender ações por meio da listagem na Euronext Amsterdam, o que elevou o seu patrimônio líquido acima de US$ 1 bilhão e consolidou seu status como um dos maiores magnatas do private equity da Europa.
Um representante da CVC Capital, que precificou a ação em seu IPO em 14 euros, preferiu não comentar.
Além de permitir que os sócios fundadores resgatem parte de sua riqueza na empresa, com liquidez em bolsa, a oferta da CVC Capital também alimenta esperanças de uma recuperação no mercado de IPOs da Europa, embora uma retomada completa nas listagens não seja totalmente esperada até o próximo ano.
Koltes, 68 anos, também vendeu uma participação de pelo menos US$ 40 milhões por meio do IPO, reduzindo ainda mais seus vínculos com a empresa após se afastar de cargos ativos em 2022 para se dedicar a outros interesses. Estes incluem investimentos em empresas de inteligência artificial (IA), estilo de vida ao ar livre e alimentos sustentáveis.
Mackenzie, 67 anos, anunciou também neste ano que não estará mais envolvido nas operações diárias da CVC Capital.
Van Rappard permanecerá como único presidente do conselho após o IPO, após ter compartilhado o título com seus colegas sócios fundadores.
O executivo de 63 anos, que não vendeu nenhuma ação, será o maior acionista individual da CVC Capital com uma fatia de 6,7%, avaliada em cerca de US$ 1,3 bilhão, com base no preço de abertura das negociações na sexta.
Outros principais acionistas divulgados incluem o CEO Rob Lucas, 61 anos, que detém uma participação avaliada em US$ 659 milhões, e o managing partner Javier de Jaime Guijarro, 59 anos, cujas participações valem US$ 646 milhões.
Carreira no Citi
A CVC Capital Partners traça suas origens até uma unidade de venture capital do Citigroup com sede em Londres, que se desmembrou do gigante de Wall Street em 1993 por meio de uma operação de compra para se tornar um negócio independente.
No decorrer dos anos, se transformou de uma empresa com apenas um grupo pequeno de profissionais em uma das maiores casas de private equity da Europa, com renome ao longo do caminho por causa de sua cultura determinada.
Negócios de alto perfil incluíram desde a compra de participações na fabricante suíça de relógios Breitling até a competição de rúgbi Six Nations. Mas foi sua compra em 2006 da Fórmula 1 que consolidou a reputação da CVC Capital com os investidores.
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Na época em que a empresa vendeu o negócio para a Liberty Media, do bilionário americano John Malone, pouco mais de uma década depois, a CVC Capital entregou um retorno de 500% aos investidores, no que foi um dos melhores negócios já registrados e um momento crucial para a empresa, enquanto expandia sua marca globalmente.
O sócio-fundador da CVC Michael Smith, hoje com 71 anos, já havia se aposentado juntamente com alguns de seus outros colegas e entregou o cargo de presidente do conselho para Mackenzie, Koltes e van Rappard.
O trio tem ajudado a conduzir a empresa em direção a uma listagem pública desde pelo menos 2022, com tentativas anteriores antes da estreia deste mês prejudicadas pela volatilidade dos mercados.
Enquanto isso, a CVC Capital enfrentou um ambiente desafiador de captação de recursos para construir um fundo principal de 26 bilhões euros no ano passado, mais que o dobro do tamanho de seu produto principal uma década antes.
Alguns dos acionistas mais ricos da CVC já estabeleceram empresas para gerir sua riqueza.
Van Rappard tem um family office sediado em Luxemburgo, o Steflot, que possui mais de US$ 200 milhões em ativos líquidos e controla uma participação na empresa de software grega Entersoft, mostram documentos.
Koltes supervisiona seus investimentos pessoais por meio da Kaltroco, um family office com sede no Reino Unido, o Jersey, com mais de duas dezenas de empresas em seu portfólio, incluindo o aplicativo de observação de pássaros Birda e a empresa de alimentos naturais The Rainforest.
Em novembro, a Kaltroco também adquiriu uma participação minoritária no Dave Cantin Group por um valor não divulgado. A empresa com sede em Nova York assessora grupos de varejo automotivo e seus proprietários.
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