Bloomberg — A CVC Capital Partners retomou os planos para uma oferta pública inicial (IPO, em inglês) em Amsterdã, buscando arrecadar pelo menos € 1,25 bilhão (US$ 1,3 bilhão) com seus investidores em uma listagem que pode abre caminho para outras empresas de private equity abrirem capital.
A empresa pretende levantar € 250 milhões vendendo novas ações, enquanto os detentores existentes também planejam vender ações, disse a empresa em comunicado na segunda-feira (15). Nenhum dos executivos ativos da empresa está vendendo no IPO, de acordo com o comunicado.
A CVC vem trabalhando em uma listagem desde pelo menos 2022. Tentativas anteriores foram abaladas pela volatilidade do mercado. Enquanto um aumento nos IPOs europeus eleva as chances de uma oferta bem-sucedida agora, o anúncio ocorre após o ataque de míssil do Irã a Israel, o que levanta preocupações sobre uma escalada nas hostilidades no Oriente Médio.
“Esta é uma decisão muito estrutural de longo prazo para o negócio e esperamos que o IPO ocorra nas próximas semanas, obviamente sujeito às condições do mercado, e estamos monitorando de perto os eventos no Oriente Médio”, disse Rob Lucas, CEO da CVC, em entrevista.
“Estamos analisando isso há muito tempo, claramente, e fomos muito cautelosos em relação à forma como abordamos a oferta”, disse ele. O sentimento dos investidores nos últimos meses tem sido “tão positivo e tão forte” que deu à CVC a confiança para avançar, acrescentou.
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A CVC, uma das empresas de private equity mais conhecidas da Europa, gerencia cerca de € 186 bilhões em ativos e possui participações em empresas, incluindo a fabricante de relógios suíça Breitling e a marca de chás Lipton, de acordo com seu site.
Em 2019, a CVC se tornou sócia da Cosan (CSAN3) na Moove, que fabrica os lubrificantes com a marca Mobil.
A empresa tem como alvo um valuation de cerca de € 13 bilhões a € 15 bilhões, informou a Bloomberg News no domingo, citando pessoas familiarizadas com o assunto.
Uma listagem da CVC, que foi avaliada em cerca de US$ 15 bilhões quando vendeu uma participação minoritária para a Blue Owl Capital em 2021, testará o sentimento dos investidores em relação às gestoras de ativos alternativos em um momento-chave para a indústria.
Também marcará um renascimento para listagens em Amsterdã, que perdeu sua posição como um dos locais mais movimentados da Europa para IPOs após um ano excepcional em 2021.
As empresas de private equity têm visto espaço limitado para realizar saídas dos seus investimentos nos últimos anos, com o peso da inflação, das taxas de juros altas e da volatilidade elevada. Uma desaceleração nos retornos também tornou mais difícil para as empresas de private equity levantar novos fundos.
Ainda assim, a CVC teve mais sucesso do que seus pares nesse sentido. Ela levantou € 26 bilhões no ano passado para o maior fundo de private equity já levantado e vem diversificando seus negócios em novas áreas, incluindo infraestrutura ou portfólios existentes de participações em fundos de private equity.
“A captação do Fundo IX em tempo recorde no momento mais difícil do mercado e criar o maior fundo de private equity já levantado realmente sustentou enormemente o sentimento que existe lá fora no momento”, disse Lucas.
Os acionistas que estão vendendo no IPO incluem o fundo soberano de Cingapura GIC, Kuwait Investment Authority, um fundo soberano administrado pela Autoridade Monetária de Hong Kong e certos acionistas de gestão. A Blue Owl planeja investir até 10% da oferta, de acordo com o comunicado, aumentando sua participação.
A CVC planeja usar os recursos do IPO para impulsionar o crescimento, incluindo a ampliação da próxima geração de seus fundos, buscar aquisições e financiar parte do preço de sua aquisição de uma participação majoritária na DIF Capital Partners, anunciada em setembro.
A oferta também pode incentivar outras gestoras de ativos privados a irem a público. A General Atlantic, a empresa de investimentos cujas apostas incluíram o Facebook e a Airbnb, entrou com um registro confidencial para um IPO, enquanto a empresa de crédito privado HPS Investment Partners fez o mesmo há mais de um ano, informou a Bloomberg News.
Embora o apetite dos investidores por listagens esteja melhorando, a recuperação na Europa tem sido desigual. A Galderma Group, uma empresa de cuidados com a pele apoiada pela rival de private equity da CVC, EQT, subiu 20% acima de seu preço de oferta, e o grupo espanhol de beleza e fragrância Puig Brands disse em 8 de abril que seguiria em frente com um IPO.
A Douglas, varejista de perfumes alemã apoiada pela CVC, teve uma estreia na bolsa mais decepcionante, no entanto, tendo caído 24% desde sua listagem em março. E a Bergé y Compañía, da Espanha, cancelou em 5 de abril os planos de lançar sua unidade Astara.
Os ganhos no mercado de ações para pares europeus listados, como Bridgepoint Group, Partners Group Holding e EQT, também estão impulsionando o sentimento em torno de uma listagem da CVC.
-- Com informações da Bloomberg Línea
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