Bloomberg — Uma onda de meganegócios está impulsionando uma recuperação no mercado de fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês), trazendo algum alívio para profissionais de investment banking após dois anos de atividade contida.
Os valores globais dos negócios estão cerca de 21% acima em relação ao ano anterior, ultrapassando os US$ 660 bilhões à medida que o primeiro trimestre se aproxima do fim, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Isso se deve em grande parte a transações como a proposta de aquisição de US$ 35 bilhões da Discover Financial Services pela emissora de cartões de crédito Capital One Financial e o acordo da Synopsys, designer de chips, para comprar o desenvolvedor de software Ansys por uma quantia quase idêntica.
A alta nos mercados de ações e o fim dos aumentos agressivos nas taxas de juros pelos bancos centrais se combinaram para dar aos compradores a confiança e o capital para perseguir seus alvos.
No total, foram anunciados 10 negócios com valores de US$ 10 bilhões ou mais este ano – o dobro do número apurado no mesmo período de 2023. Mas levará um tempo antes que os negociadores possam realmente começar a comemorar.
Os cortes nas taxas de juros não vieram tão rapidamente quanto alguns esperavam e a rigorosa análise dos reguladores antitruste continua mantendo alguns compradores à margem, dizem os assessores.
Os bancos também estão digerindo os efeitos de anos consecutivos de queda nos valores das fusões e aquisições, que fizeram com que os bônus desaparecessem e ainda estão levando a cortes de empregos em Wall Street.
“É um começo melhor do que o do ano passado, mas ainda não é bem o banquete que as pessoas esperavam”, disse Tom Miles, chefe de M&A das Américas do Morgan Stanley, que ajudou a aconselhar a Discover no deal com a Capital One.
“Não vimos tantos negócios, mesmo em comparação com o ano passado, mas pareceu melhor porque os valores foram maiores.”

Regionalmente, os negociadores nos EUA lideraram nos primeiros meses de 2024.
Além dos negócios da Capital One-Discover e Synopsys-Ansys, a Diamondback Energy concordou em comprar a Endeavor Energy Resources, outra empresa de perfuração da Bacia do Permiano, por US$ 26 bilhões; a Hewlett Packard Enterprise disse que adquiriria a Juniper Networks por US$ 14 bilhões; e a BlackRock fechou um acordo de US$ 12,5 bilhões para adquirir a Global Infrastructure Partners.
“É um sinal saudável quando os negócios realmente grandes podem acontecer, porque isso requer um pouco mais de confiança do que os mais táticos”, disse Brian Haufrect, co-diretor de M&A das Américas do Goldman Sachs (GS), que ajudou a assessorar a Endeavor e a Juniper em seus negócios.
“Depois de dois anos consecutivos de queda, isso deveria ser oficialmente o início do próximo mercado de alta.”
As empresas de private equity, cujos negócios frenéticos ajudaram a alimentar o último boom de fusões e aquisições em 2021, também estão começando a retornar à frente, sinal de que os bancos começaram a ver com maior apreço financiar aquisições maiores.
Em fevereiro, um consórcio liderado pela Stone Point Capital e Clayton Dubilier & Rice adquiriu uma participação majoritária nos negócios de corretagem de seguros da Truist Financial, avaliando o ativo em US$ 15,5 bilhões.

Mais recentemente, a KKR & Co. concordou com a aquisição multibilionária de um negócio de software da Broadcom e do produtor alemão de energia renovável Encavis.
“O private equity precisa voltar para que o mercado de fusões e aquisições volte”, disse Vanessa Dager, chefe de consultoria para a América do Norte do BNP Paribas.
Ela disse que “preocupações com o valuation e a capacidade de outros investidores se posicionarem e pagarem o preço certo” ainda estão impedindo as empresas de private equity de tentar vender grandes empresas em seus portfólios.
Embora sinais de recuperação tenham chegado mais cedo do que alguns previram no final do ano passado, haverá desafios para nutri-la ao longo de 2024.
A incerteza sobre o início e o ritmo dos cortes de juros pelos bancos centrais, investigações antitruste, guerras em curso na Europa e no Oriente Médio e próximas eleições ao redor do mundo — incluindo nos EUA — estão mantendo os dealmakers em alerta.
“As pessoas estão muito focadas nas eleições, mas, para a maioria das fusões e aquisições, isso não está as impedindo por enquanto”, disse Dager, da BNP Paribas. “Se for um negócio grande e visível, as pessoas podem adiar à medida que nos aproximamos de novembro.”
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