Pacotes turísticos têm retomada nas vendas com maior demanda de novas gerações

Modalidade, antes considerada um nicho ultrapassado, tem visto uma maior procura para as férias de verão na Europa; previsão é de crescimento de 11% em 2024

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Bloomberg — Voos, hotel, transportes e comida em poucos cliques: os pacotes de viagem, antes um tipo de venda dominante no setor de turismo, voltaram a se tornar uma das modalidades mais procuradas para as férias do próximo verão no Hemisfério Norte em toda a Europa.

Anteriormente considerado um nicho ultrapassado que atraía principalmente os baby boomers (nascidos entre 1945 e 1964), o pacote de viagem tem passado por uma improvável retomada nas vendas depois de quase desaparecer durante a pandemia.

A demanda por pacotes com tudo incluso está aumentando à medida que os viajantes mais jovens se interessam por opções de férias cada vez mais sofisticadas e acessíveis, sem complicações.

Prevê-se que o crescimento ultrapasse 11% globalmente este ano. O mercado da Europa Ocidental deve aproximar dos níveis pré-pandemia, de acordo com a Euromonitor International, uma empresa de pesquisa de mercado. O mercado-chave do Reino Unido já está no mesmo patamar de 2019, e a Alemanha não está muito atrás.

“Todos achávamos que essa modalidade de viagem estava morta, por causa da internet que permitia que as pessoas montassem seus próprios pacotes”, disse o CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, este mês. “Mas, com todas essas interrupções causadas pela covid-19, as pessoas agora adoram ter tudo garantido em uma única opção.”

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As companhias aéreas agora veem um grande lucro em uma área de seus negócios que consideravam de pouco valor.

A companhia aérea britânica de baixo custo EasyJet prevê um crescimento de 35% no número de passageiros nas férias deste ano, enquanto a Jet2 e a TUI relatam um aumento do interesse em pacotes turísticos. O segmento tornou-se cada vez mais importante para o crescimento da Lufthansa, disse Spohr.

A TUI e outras empresas evoluíram suas ofertas para atender a um público mais jovem e ligado à internet. As opções são mais variadas, com experiências que vão além da tradicional viagem de sol e praia, disse Caroline Bremner, chefe sênior de pesquisa de viagens da Euromonitor.

Por exemplo, o EasyJet Holidays oferece aos hóspedes. po uma opção adicional de 162 libras (US$ 206), um passeio guiado pelo Parque Nacional Thingvellir, na Islândia, onde as placas tectônicas da América e da Eurásia se encontram, seguido de uma visita a uma cratera vulcânica e um mergulho na Lagoa Azul. A TUI recentemente adicionou um passeio de 11 noites no Quênia, no qual é possível avistar elefantes e hipopótamos.

As empresas de viagens também estão criando pacotes direcionados a famílias com uma variedade de interesses. Ao mesmo tempo, opções amigáveis para os clientes, como pagamentos parcelados, comodidades para crianças e planos de alimentação com tudo incluído, representam uma “aposta segura” para os consumidores com os orçamentos apertados por causa de preços em alta, disse Bremner. “Eles oferecem uma opção de bom custo-benefício, na qual os custos são fixos antecipadamente.”

Globalmente, a receita de pacotes de turismo deve atingir US$ 280 bilhões este ano, ou 86% dos níveis de 2019, segundo a Euromonitor.

Enquanto o mercado de aviação em geral atingiu o patamar pré-covid no ano passado, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo, os pacotes turísticos estão se recuperando de uma queda mais acentuada: mais de dois terços da receita desapareceram durante o ponto mais baixo de 2020.

O segmento ganhou popularidade pela primeira vez na década de 1960, quando os turistas procuravam uma maneira acessível de fazer turismo ou ir à praia. Viajar para o exterior se tornou mais acessível com aeronaves modernas de corredor único, como o Boeing 737, e a oferta de viagens de lazer para a Espanha por operadores turísticos na Europa.

O mercado desacelerou nos anos 90, quando os viajantes começaram a usar a web para reservar seus próprios voos e acomodações. A forte competição levou ao colapso de nomes fortes do setor de pacotes turísticos, como a Thomas Cook, pouco antes da pandemia.

Retomada de viagens

Agora, as companhias aéreas se veem em desvantagem se não aderirem. A Ryanair reduziu suas projeções de lucro depois que as agências de viagens online pararam de vender seus voos devido a uma disputa de longo prazo. Desde então, a companhia aérea de baixo custo irlandesa firmou parcerias com a TUI e outras empresas para listar seus voos.

Na Europa, os britânicos e alemães lideram as viagens anuais para as praias ensolaradas da Espanha, Grécia e Portugal.

O Reino Unido é a maior fonte europeia de turistas que viajam para o exterior e o segundo maior país de origem de turistas no mundo depois dos Estados Unidos. No ano passado, o mercado britânico alcançou 99% dos níveis de 2019 e deve crescer 11% este ano, segundo projeções da Euromonitor. A Alemanha deve atingir cerca de 91% de seu tamanho antes da pandemia.

Outros países aproveitam a oportunidade. A Itália pode ter um crescimento de 26% este ano e a Croácia deve crescer quase 16% ao ano até 2028, segundo a Euromonitor.

A TUI disse que recentemente tem visto uma maior demanda da França, enquanto a unidade de baixo custo da Lufthansa, a Eurowings, informou que a República Tcheca está se tornando um mercado cada vez mais importante.

Embora mais pessoas mais jovens estejam buscando a modalidade pela primeira vez, os pacotes turísticos ainda são principalmente do domínio de consumidores mais velhos, atraídos pela simplicidade de lidar com um único fornecedor, disse Jennie Bryans, analista sênior de viagens da Mintel.

No entanto, a perspectiva de crescimento futuro é forte, afirmou Paul Charles, CEO da consultoria de viagens The PC Agency. Os operadores turísticos montaram pacotes de melhor qualidade do que no passado e seu marketing melhorou, afirmou ele.

Após a quebra da Thomas Cook, a EasyJet viu a oportunidade de desenvolver um negócio de pacotes turísticos que oferecesse maior valor e flexibilidade, disse o CEO Johan Lundgren em uma entrevista. Agora, ele disse, “não vejo limites para isso.”

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