Bloomberg — No primeiro aniversário da histórica aquisição do Credit Suisse por seu antigo rival UBS está se tornando claro o quão vantajoso o negócio tem sido para o banco.
A compra impulsionou o valor de mercado do UBS para mais de US$ 100 bilhões, o maior nível em quase 16 anos, e consolidou seu papel de liderança na gestão de patrimônio global.
O efeito mais óbvio para o banco suíço é um crescimento em escala que teria exigido muitos anos de trabalho árduo na construção de relacionamentos com os clientes se fosse alcançado organicamente.
Da noite para o dia, o total de recursos dos clientes administrados por sua unidade de wealth saltou para US$ 3,4 trilhões na época.
Isso o aproximou do Morgan Stanley (MS), que possui cerca de US$ 5 trilhões em sua divisão de wealth management, mesmo que o UBS seja maior na maioria dos lugares fora dos Estados Unidos.
O forte impulso no preço das ações do UBS não era algo certo no domingo, um ano atrás, quando a aquisição de emergência intermediada pelo governo suíço foi anunciada.
As ações do banco sediado em Zurique inicialmente despencaram até 16% no dia seguinte, em meio à incerteza sobre o que o negócio significaria para o UBS, levando sua avaliação a ficar abaixo de US$ 60 bilhões.
O nervosismo não durou muito tempo, pois os investidores analisaram o preço de barganha, a presença de uma garantia governamental e o aumento imediato em escala do book de clientes do Credit Suisse. Alguns observadores chamaram de acordo do século.
Nos 12 meses desde então, a liderança do UBS devolveu a garantia, separou grande parte dos ativos do Credit Suisse que não desejava e começou a tarefa de descobrir como a fusão pode aumentar suas ambições.
Isso porque, com a escala ampliada pelo acordo com o Credit Suisse, surge o desejo por ainda mais.
O banco agora busca aumentar para mais de US$ 5 trilhões os ativos investidos em sua unidade de gestão de patrimônio até o final de 2028, o que equivale a uma expansão de cerca de US$ 1,2 trilhão em relação ao nível atual.
O cerne do UBS é o negócio de gestão de fortunas dos ricos ao redor do mundo, com o volume gerenciado superando em muito seus pares regionais.
As Américas representam cerca da metade desse valor, enquanto a Suíça, Ásia e a região EMEA, que inclui Europa e África, compartilham aproximadamente igualmente o restante.
Essa divisão ajuda a explicar o foco atual do banco suíço em um lugar onde ele é grande, mas ainda permanece subdimensionado em comparação com a concorrência doméstica.
O CEO Sergio Ermotti sinalizou que alcançar os rivais de Wall Street em seu território será uma parte fundamental de sua estratégia nos próximos anos.
A mais recente tentativa do UBS de “reduzir a diferença” em relação ao Morgan Stanley e seus pares, como Ermotti disse na semana passada, ocorre após um esforço para aumentar a presença nos EUA que fracassou, em um acordo de US$ 1,4 bilhão para comprar o robo advisor Wealthfront.
Esse plano foi abandonado quando Ermotti retornou para liderar a UBS no ano passado.
O valuation do UBS medido pelo índice Preço sobre o Valor Patrimonial por Ação (P/VPA) ainda está substancialmente abaixo do de seu rival.
“Temos uma base de custos de uma companhia muito maior nos EUA, mas ainda não temos as capacidades que nos permitem aproveitar ao máximo nossa presença global”, disse Ermotti. “Precisamos ter uma presença melhor nos EUA.”
Desta vez, a estratégia depende do uso do investment banking recém-ampliado para oferecer mais produtos e serviços globais aos clientes dos EUA.
O UBS não esconde que ainda há muito trabalho pela frente na integração do Credit Suisse. Tanto Ermotti quanto o presidente Colm Kelleher alertaram que 2024 será um ano mais difícil em termos de controle dos custos.
Um dos maiores desafios será desligar os sistemas de TI do concorrente e fazer com que os dados funcionem nos sistemas do UBS.
As duas perdas consecutivas nos dois últimos trimestres de 2023 também chamaram atenção para a lucratividade.
Um investidor ativista, Cevian Capital AB, adquiriu uma participação substancial no UBS e afirmou que irá buscar metas ambiciosas.
A promessa do banco suíço de alcançar um retorno sobre o capital regulatório conhecido como CET1 de 18% até 2028 não entusiasmou os analistas quando foi divulgada em fevereiro.
-- Com a colaboração de Abhinav Ramnarayan.
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