Opinión - Bloomberg

Como um novo satélite será uma promissora ferramenta contra a crise climática

Metano responde por um terço do aquecimento atmosférico, segundo estimativas: satélite localizará e medirá as emissões globalmente e tornará os dados públicos, o que ajudará na responsabilização

London-based Anglo is curbing some of the most problematic emissions from this mine and two others by capturing methane—a greenhouse gas far more potent than carbon dioxide
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Blomberg Opinion — Elon Musk estava inspirado a revolucionar o setor automotivo para ajudar a salvar o planeta das mudanças climáticas. Nesta semana, sua empresa de foguetes, a Space Exploration Technologies, a SpaceX, pode ter feito mais para combater a mudança climática do que todos os Teslas nas ruas.

Isso não tira o mérito da Tesla (TSLA), uma força poderosa e essencial para o progresso na redução das emissões de carbono. É um reflexo do incrível potencial de um novo satélite que detectará vazamentos globais de metano, parte de um esforço que tive o prazer de apoiar.

Na segunda-feira (4), o Fundo de Defesa Ambiental dos Estados Unidos (EDF) lançou um satélite em um foguete SpaceX que trará um novo nível de detalhe e precisão à medição das emissões globais de metano.

O metano é um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global. Nos primeiros 20 anos após ser liberado, o metano retém cerca de 80 vezes mais calor do que o dióxido de carbono.

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Segundo algumas estimativas, as emissões de metano provenientes de atividades humanas são responsáveis por quase um terço do aquecimento atmosférico que está causando a mudança climática. Reduzir essas emissões é uma das maneiras mais eficazes de desacelerar a mudança climática e é a medida mais urgente que podemos tomar agora.

É também uma das mais simples.

Grande parte das emissões de metano do mundo é proveniente de vazamentos evitáveis em poços e tubulações de petróleo e gás. Em 2023, novos compromissos importantes foram assumidos por governos e empresas de petróleo e gás para combater essas emissões.

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Os EUA adotaram novas regulamentações que penalizam os produtores de gás e petróleo por vazamentos de metano, enquanto a União Europeia impôs novos limites às emissões de metano das importações de gás e petróleo.

Enquanto isso, na COP28 em Dubai, 50 grandes empresas de petróleo e gás se comprometeram a reduzir suas emissões de metano até o final da década.

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O problema é que não podemos gerenciar o que não podemos medir e, até o momento, nossa capacidade de medir com precisão as emissões de metano é limitada.

O metano é invisível e inodoro, os vazamentos geralmente não são detectados e, mesmo quando as empresas de petróleo e gás estão cientes dos vazamentos, é difícil para os governos obrigarem as empresas a agir ou monitorar o progresso quando o fazem.

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O novo satélite, chamado MethaneSAT, ajudará a mudar tudo isso, localizando e medindo as emissões de metano em todo o mundo e disponibilizando os dados ao público.

Esses dados – mais amplos em termos de abrangência geográfica e mais precisos em termos de medição do que os dados existentes – fornecerão às empresas de petróleo e gás mais informações necessárias para identificar vazamentos.

Eles também permitirão que os investidores comparem diferentes empresas e tomem decisões mais informadas, e permitirão que os órgãos reguladores e o público vejam quem é o responsável pelos vazamentos de metano e os responsabilizem por tomar providências.

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Para ajudar a garantir que tudo isso aconteça, o Google, outro parceiro do projeto, empregará suas ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para analisar as grandes quantidades de dados capturados pelo satélite e torná-los o mais útil possível para empresas e formuladores de políticas.

O lançamento do satélite ilustra o papel fundamental que o setor privado pode desempenhar para nos fazer avançar em relação às mudanças climáticas, e não teria sido possível se a SpaceX não tivesse desafiado a Nasa. Isso também se deve à liderança do presidente do EDF, Fred Krupp, que concebeu a ideia e sempre buscou maneiras de envolver o setor na luta contra as mudanças climáticas.

O MethaneSAT é o primeiro de uma série planejada de lançamentos de satélites nos próximos meses que, juntos, melhorarão drasticamente nossa capacidade de medir as emissões de metano e tomar medidas para detê-las.

Ele complementa os esforços que o EDF está liderando, com o apoio da Bloomberg Philanthropies, para ajudar os países a identificar e interromper os vazamentos, inclusive os países em desenvolvimento que, muitas vezes, não têm recursos para se dedicar ao problema.

ata-se de um avanço extremamente promissor no aproveitamento de uma das ferramentas mais poderosas que temos na batalha contra as mudanças climáticas: os dados.

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Quanto mais dados estiverem disponíveis, maior será a influência do público, maior será a percepção dos investidores e maior será a eficácia dos órgãos reguladores e legisladores.

Isso é verdade não apenas para a redução do metano, mas também para muitas outras frentes importantes na batalha climática: desde ajudar as cidades a elaborar políticas para reduzir as emissões até reprimir o desmatamento ilegal e ajudar as empresas a entender melhor os riscos financeiros que enfrentam com as mudanças climáticas.

É claro que os dados só são valiosos se forem bem utilizados. Cabe a todos nós garantir que esse novo esforço produza os resultados poderosos que deveria – seguindo os dados até onde eles levam, exigindo ações e recompensando aqueles que lideram o caminho.

Michael R. Bloomberg é fundador e proprietário majoritário da Bloomberg LP, controladora da Bloomberg News, Enviado Especial da ONU para Ambições e Soluções Climáticas e presidente do Conselho de Inovação em Defesa dos EUA.

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