Funcionários da SAP fazem abaixo-assinado contra restrições ao home office

Em carta divulgada internamente e vista pela Bloomberg News, funcionários da empresa de software ameaçam deixar os empregos; empresa passou a exigir trabalho presencial três vezes por semana

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Bloomberg — Uma carta interna criticando a política de retorno ao escritório da SAP atraiu mais de 5.000 assinaturas em menos de duas semanas, e funcionários da empresa de software alemã ameaçam procurar outros empregos em vez de retornar.

“Nos sentimos traídos por uma empresa que até recentemente nos incentivava a trabalhar em casa, apenas para pedir uma mudança radical de direção”, de acordo com a carta, que foi divulgada internamente e vista pela Bloomberg News.

O conselho trabalhista europeu da empresa, um grupo que representa os funcionários da SAP no continente, disse que a exigência de retorno ao escritório era irrazoável depois que os funcionários foram informados de que poderiam continuar trabalhando remotamente.

A SAP, maior empresa de software da Europa, delineou uma nova orientação no início de janeiro que exigirá que os funcionários trabalhem em um escritório ou no local de trabalho de um cliente três dias por semana a partir de abril.

O CEO da SAP, Christian Klein, rejeitou a oposição do conselho trabalhista e disse que trabalhar em casa custará à SAP sua cultura e trabalho em equipe.

“Não acredito muito que, em uma plataforma de videoconferência, você possa entender nossa cultura, aprender e ser capacitado para fazer seu trabalho da melhor forma”, disse Klein na semana passada, após os resultados financeiros da empresa.

A SAP, em comunicado na quarta-feira (31), disse que “encontrar o equilíbrio certo entre trabalho remoto e presencial ajuda a impulsionar a produtividade, inovação e bem-estar dos funcionários”. “Estamos evoluindo nossa política de trabalho flexível para alinhar com as melhores práticas do mercado e nossa própria experiência como pioneiros no trabalho híbrido”, afirmou a empresa

Muitas empresas aumentaram os requisitos de retorno ao escritório no último ano, substituindo incentivos favoráveis aos funcionários, como happy hours e subsídios de transporte, por medidas mais punitivas, incluindo ação disciplinar ou limites para o avanço na carreira se as metas de presença não forem atingidas.

No início deste mês, a International Business Machines (IBM) disse aos executivos que seriam obrigados a se mudar para perto de um escritório e começar a comparecer três vezes por semana, a menos que quisessem deixar a empresa.

As regras de retorno ao escritório frequentemente são vistas como alimentadoras de rotatividade. Os funcionários da SAP escreveram em sua carta que se o novo requisito for destinado a uma estratégia de redução de custos de pessoal “sem custos”, só afastará os talentosos funcionários.

A indústria de tecnologia em particular viu um endurecimento das regras à medida que o mercado de trabalho se deteriorava e o risco de cortes de empregos favorecia os empregadores.

Ainda assim, a presença nos escritórios dos EUA permaneceu bastante estável ao longo de 2023, de acordo com dados da empresa de segurança de escritórios Kastle Systems.

Nas 10 maiores regiões de negócios dos EUA, o número de trabalhadores presentes no escritório girava em torno de 50% do que era antes da pandemia. Regiões com alta concentração de empresas de tecnologia, como a área da Baía de São Francisco, têm percentagens ainda mais baixas.

Menos de um mês após apresentar a política de retorno ao escritório, a SAP anunciou uma reestruturação que afetaria 8.000 funcionários. A SAP disse que identificaria “eficiências impulsionadas por IA” em suas operações e reestruturaria partes do negócio para lidar com as mudanças.

A empresa planeja encerrar 2024 com um número de funcionários semelhante aos níveis atuais. A SAP tinha quase 108.000 funcionários até o final de dezembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“Nós somos aqueles que aprendemos a nos adaptar à ausência de aumentos significativos de salário ao longo dos anos”, disse o conselho trabalhista na carta, que foi vista mais de 100.000 vezes. “Para compensar isso, aproveitamos a possibilidade de trabalhar remotamente e nos mudamos para onde os custos de vida eram mais baixos, longe das metrópoles caras.”

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