Bloomberg — Os investimentos globais para uma transição em direção à energia limpa atingiram volumes recordes à medida que o mundo busca conter o avanço de mudanças climáticas, mas ainda não são suficientes para alcançar a neutralidade de carbono.
Os gastos totais aumentaram 17% no ano passado, para US$ 1,8 trilhão, de acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira (30) pela BloombergNEF. Isso inclui investimentos em instalação de energia renovável, compra de veículos elétricos, construção de sistemas de produção de hidrogênio e implementação de outras tecnologias.
Ao adicionar os investimentos na construção de cadeias de abastecimento de energia limpa, bem como US$ 900 bilhões em financiamento, o valor total alcança US$ 2,8 trilhões.
Os gastos globais com veículos elétricos subiram 36%, atingindo US$ 634 bilhões. Isso tornou o setor o que recebeu o maior volume de investimento, ultrapassando a energia renovável, que cresceu 8% e alcançou US$ 623 bilhões.
Os gastos recordes refletem a crescente urgência dos esforços internacionais para combater as mudanças climáticas após o ano mais quente já registrado - e com expectativa de mais calor neste ano.
No entanto o mundo precisa investir mais que o dobro em tecnologias limpas para atingir a neutralidade de carbono até meados do século, segundo estimativa da BloombergNEF.
“A oportunidade é grande e os gastos estão acelerando, mas precisamos fazer muito mais”, disse Albert Cheung, diretor-executivo adjunto da BloombergNEF.
Os investimentos totais na transição energética no ano passado ficaram aquém dos mais de US$ 4,8 trilhões estimados pela empresa de pesquisa sediada em Londres como necessários anualmente de 2024 a 2030 para colocar o mundo em uma trajetória de emissões líquidas zero.
A BloombergNEF alerta que os governos precisam fazer ainda mais nos próximos anos. Cheung estima que os investimentos precisam aumentar em 170% para que o mundo alcance o ritmo necessário para atingir as emissões líquidas zero.
“Estamos na parte íngreme da curva, e veremos um crescimento rápido” nos gastos a cada ano, disse ele. “Mas se conseguiremos atingir as emissões líquidas zero, isso é algo difícil.”
A China continua sendo o maior mercado de longe, com US$ 676 bilhões gastos no ano passado. Isso representa, no entanto, um aumento de apenas 6% em comparação com 2022, no entanto.
Os investimentos nos EUA, no Reino Unido e na Europa cresceram pelo menos 22%, alcançando um total combinado de US$ 718 bilhões.
O Brasil ficou em quinto lugar no ranking, com investimentos de US$ 34,8 bilhões.
Isso foi impulsionado, em parte, pelos incentivos na Lei de Redução da Inflação, a principal lei climática dos EUA, que começa a ter um impacto significativo.
As vendas de veículos elétricos no Reino Unido, bem como a crescente demanda por energias renováveis em toda a Europa, também ajudaram a aumentar o total.
Os investidores despejaram US$ 310 bilhões em redes elétricas, que serão uma ferramenta crucial para fornecer energia limpa gerada a partir de novos parques eólicos e solares que estão entrando em operação, tornando-a o terceiro maior mercado.
Algumas tecnologias incipientes viram um crescimento acelerado. Os investimentos em hidrogênio, por exemplo, triplicaram, atingindo US$ 10,4 bilhões, sinalizando um interesse crescente na tecnologia, embora ainda não tenha sido comprovada em grande escala.
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