Bloomberg — A gigante de investimentos suíça Vontobel decidiu reduzir sua posição em ações chinesas para liberar recursos para apostas consideradas mais atraentes como o Brasil.
A gestora com cerca de US$ 310 bilhões em ativos fez um corte profundo em sua ponderação para ações chinesas e está realocando capital para Brasil, México e Índia, disse o estrategista Ramiz Chelat.
Esses mercados emergentes oferecem algo cada vez mais escasso na China: empresas com crescimento de lucros e margens. Suas apostas incluem RaiaDrogasil (RADL3) e Totvs (TOTS3).
A mudança ocorre em um momento em que os analistas de renda variável continuam a cortar suas previsões de lucros para o mercado chinês.
A desaceleração da segunda maior economia do mundo, sua crescente crise imobiliária e tensões geopolíticas com o Ocidente contribuem para minar a confiança dos investidores.
“Estamos pegando parte do capital que costumávamos alocar em China e realocando para Brasil, México e Índia”, disse Chelat. “Estes países oferecem uma seleção de empresas atraentes que recebem revisões para cima. Na China, estamos assistindo o contrário: rebaixamentos.”
A Vontobel reduziu a ponderação para ações da China e de Hong Kong para 19% em seu portfólio de mercados emergentes, de US$ 2,2 bilhões, ante 36% há um ano, disse Chelat.
Isso representa uma posição subponderada (underweight) em 7,45 pontos percentuais em relação ao índice de referência, e reverte uma sobreponderação (overweight) de 3,38 pontos percentuais, disse ele.
A Vontobel está especialmente otimista em relação às ações brasileiras e duplicou sua exposição ao país nos últimos 12 meses.
A casa investiu em Raia Drogasil, apostando que a rede de drogarias terá crescimento suficiente para dobrar sua participação de mercado para 30% nos próximos 10 anos.
“A empresa possui a melhor malha logística do segmento e é uma aposta no setor defensivo, já que o Brasil tem uma população que envelhece. Mas também é uma empresa em crescimento, pois está fazendo a transição com sucesso para um modelo de comércio eletrônico”, disse ele.
O fundo de Chelat também comprou ações da empresa de software Totvs. Seu nível de customização para empresas brasileiras a coloca à frente de concorrentes globais, disse ele.
A flexibilização monetária também poderá criar oportunidades para comprar papéis de bancos, disse ele.
Sua equipe procura “empresas de alta qualidade e posições de mercado muito fortes”, disse Chelat. “Esses países oferecem isso. Mas na China há um excesso de capacidade que realmente me preocupa.”
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