Opinión - Bloomberg

Quem será o primeiro trilionário do mundo? Talvez nem todos queiram esse status

Atingir um patrimônio de US$ 1 trilhão é uma meta com poucos benefícios, além de algumas desvantagens políticas e de reputação

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Bloomberg Opinion — Quando o mundo terá seu primeiro trilionário? Um relatório recente da Oxfam International prevê um dentro de uma década, observando que os cinco homens mais ricos do mundo são 114% mais ricos hoje do que em 2020.

Essa linha do tempo parece irrealista. O caminho para se tornar um trilionário é muito difícil, tanto por motivos individuais quanto macroeconômicos. A menos que haja uma grande onda de hiperinflação, há obstáculos significativos no caminho de qualquer um que tente alcançar um trilhão de dólares em patrimônio líquido.

Parte disso tem a ver com a natureza humana. Muitos bilionários parecem menos interessados em ganhar mais dinheiro do que em se divertir.

Por exemplo, Jeff Bezos – o segundo hom mais rico do mundo, com US$ 177 bilhões de patrimônio líquido – não está mais administrando a Amazon e parece passar muito tempo na academia. Sem querer diminuir seu talento, mas ele não tem um caminho óbvio para chegar a um trilhão de dólares, mesmo que sua empresa de foguetes Blue Origin seja um grande sucesso.

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A vida familiar também pode afetar o acúmulo de riqueza. Bezos, Bill Gates e Elon Musk, entre muitos outros, são todos divorciados, o que reduziu sua riqueza. A fortuna do Walmart agora está distribuída entre os vários herdeiros do fundador Sam Walton.

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Doações e projetos de caridade são outro motivo pelo qual a riqueza não se acumula indefinidamente. Gates, de forma admirável, doou grande parte de sua riqueza para a Fundação Gates, e é provável que faça mais doações. Isso limita sua capacidade de alcançar o status de trilionário.

Vale a pena observar que os bilionários não doam dinheiro simplesmente porque são altruístas. Se você tem dezenas de bilhões de dólares, o capital social que você obtém ao doá-lo geralmente vale mais do que o consumo privado do qual você está abrindo mão; na verdade, é difícil gastar tanto dinheiro, muito menos gastá-lo bem, ao longo da vida. Portanto, para os super-ricos, doar parte de seu dinheiro maximiza o bem-estar, mesmo que diminua a riqueza financeira.

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Às vezes, os projetos não são de caridade em si, mas também não são puramente financeiros. Musk, cujos US$ 222 bilhões o tornam a pessoa mais rica do mundo, gastou US$ 44 bilhões para comprar o Twitter, agora X. Ele parece querer ter o Twitter para influenciar o discurso político e cultural. Agora o Twitter vale muito menos do que Musk pagou por ele, tornando muito mais difícil para ele se tornar um trilionário.

Portanto, talvez não haja um benefício pessoal muito óbvio em se tornar um trilionário. Na verdade, isso pode fazer com que a pessoa se torne um alvo político.

O desejo de diversificar é outra força limitadora. Quando se tem uma quantia considerável de dinheiro, faz sentido distribuir amplamente seus ativos. Gates, por exemplo, vendeu uma boa quantidade de ações da Microsoft logo no início, presumivelmente tendo a diversificação como motivo. Na época, essa parecia ser uma ideia obviamente boa. No entanto, hoje Gates seria muito mais rico se tivesse ficado com suas ações da Microsoft. De acordo com uma estimativa, ele seria, de fato, um trilionário, mas até mesmo essa hipótese exigia um aumento recente muito dramático das ações da Microsoft.

De qualquer forma, ninguém chega a ser bilionário diversificando totalmente suas ações. Em vez disso, os bilionários se dedicam de corpo e alma a um pequeno número de empresas muito específicas, que então atingem taxas de retorno muito altas. Porém, ao longo da vida, não faz sentido continuar mantendo tanto risco. É melhor fazer caixa e desfrutar de alguma segurança, limitando, por sua vez, sua chance de se tornar um trilionário.

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Por fim, há os fatores macroeconômicos. A posição fiscal de muitos governos em todo o mundo implica em outros obstáculos. Na maioria dos países mais ricos, tanto a dívida quanto os déficits são muito altos, e as populações em geral estão envelhecendo. Essas pressões fiscais podem muito bem levar a impostos mais altos, e não seria uma surpresa se alguns dos aumentos de impostos recaíssem sobre os muito ricos.

De qualquer forma, não há uma única pessoa identificável que pareça estar no caminho certo para se tornar um trilionário na próxima década. Eventualmente, isso acontecerá – e uma boa parte do crédito deve ir para o Federal Reserve, não necessariamente para a pessoa que ganhou o dinheiro.

—Com a colaboração de Elaine He e Christine Vanden Byllaardt.

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Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Tyler Cowen é colunista da Bloomberg Opinion. É professor de economia na George Mason University e escreve para o blog Marginal Revolution.

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